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Seguindo a tendência mundial, 81% da população brasileira vive nas grandes cidades. Habitação, alimentação e trabalho se tornam os principais problemas.

* Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com a ONU, recém-divulgado, mostra que uma família que cruza a linha da pobreza tem 50% de chances de se recuperar. Se viver um ano na pobreza, o trabalhador tem apenas 20% de chance de se recuperar. A geração de empregos não tira ninguém da miséria a curto prazo. Em miúdos, não basta ter mais postos de trabalho, é preciso políticas que garantam aos pobres, a médio prazo, mobilidade social.

* A renda do trabalhador brasileiro teve nos últimos dois anos o maior avanço desde o início da década de 90. Os pobres foram os mais beneficiados. Os rendimentos aumentaram 7,2% de 2005 para 2006. Cerca de 70% dos empregos formais no Brasil estão na faixa de dois salários mínimos. Em resumo, a desigualdade tende a cair. A questão é como manter esse ritmo, já que há no mundo um movimento contrário ao aumento dos campos de atividade: de acordo com a Organização Internacional do Trabalho, há 185 milhões de desempregados no planeta. Pede-se cada vez mais anos de estudo – no Brasil, de acordo com o IBGE, a população ocupada tem 7,5 anos de estudo em média. Nas favelas curitibanas, cerca de 60% da população não tem o fundamental.

Campo minado

* Depois de 20 anos de baixos investimentos em habitação popular, Curitiba e região metropolitana experimentam o colapso do setor. As políticas habitacionais foram aquecidas de um ano para cá, mas são insuficientes para sanar o déficit de casas e o prejuízo social causado pela favelização. Dados do Mapa do Crime, da Secretaria de Estado de Segurança (Sesp), mostram a relação íntima entre homicídios, disputa por bocas-de-fumo e proximidade das ocupações. A situação de Curitiba não é semelhante a de seus vizinhos mais pobres da região metropolitana. Dados do Observatório das Metrópoles mostram que a capital agrega cerca de 44% dos domicílios irregulares da RMC. Mais da metade dessas casas têm até três cômodos. Cerca de 1,3 mil não têm banheiro. Em regiões como a do Tatuquara, Bolsão Sabará, São Miguel e Vila Verde os índices de moradia são os piores possíveis. Em bairros de classe média, como o Pinheirinho e Santa Cândida, o déficit habitacional pode chegar a 7%.

* Dados do Observatório das Metrópoles indicam que cerca de 200 mil moradores da RMC trabalham na capital. Apenas 27 mil curitibanos batem cartão nas cidades ao lado. A capital responde por 68,7% dos empregos formais da RMC. Não dá para falar de casa, comida e trabalho em Curitiba sem pensar na região metropolitana, para onde a capital expurga seus problemas básicos. Das aproximadas 830 mil famílias da região metropolitana, cerca de 14% têm rendimentos de até meio salário per capita. Municípios como Pinhais, Colombo e Fazenda Rio Grande abrigam 70% das famílias pobres da região.

* Estudo recém-publicado da pesquisadora britânica Carolyn Steel – Cidade com fome (não-traduzido no Brasil) mostra que a evolução das metrópoles e a agricultura industrial alteraram a relação da população com o alimento. Steel chama o momento atual de "era não-geográfica" – as pessoas não sabem de onde vem a comida que consomem e perderam o contato com a cadeia alimentar. Na região metropolitana de Curitiba, segundo dados da Secretaria de Estado da Agricultura, cerca de 60% da área disponível é utilizada para plantar grama.

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