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Acusada de promover festas com garotas de programa a parlamentares envolvidos no escândalo do mensalão, a empresária Jeany Mary Corner voltou a negar, em entrevista ao "Diário de S.Paulo", envolvimento com prostituição, afirmando ser apenas uma organizadora de eventos como tantas outras empresárias do ramo. Medindo as palavras em boa parte das respostas, a empresária confirmou que cerca de 20 modelos de São Paulo foram chamadas para uma festa no hotel Gran Bittar, em Brasília, em novembro de 2003, mas negou ter sido a organizadora.

- Essa festa, houve, mas não foi feita por mim. Foi feita por São Paulo - afirmou a empresária cearense, estabelecida em Brasília há 15 anos.

Ao negar a acusação de que organizava encontros de garotas de programa com seus clientes, ela ressaltou:

- Se ela se engraçar com alguém, eu não tenho nada com isso.

Jeany Mary Corner foi citada no depoimento de Ricardo Machado, sócio de Marcos Valério, como organizadora de algumas festas por encomenda das empresas de publicidade de Marcos Valério e da empresa de eventos que eles mantinham em Brasília.

Leia abaixo alguns trechos da entrevista:

DIÁRIO: O que a senhora faz?

JEANY: Sou promotora de eventos

DIÁRIO:Atua no ramo político?

JEANY: Sou contratada por uma empresa. Quem está lá, eu não sei. Não participo (dos eventos).

DIÁRIO: A senhora tem dois filhos. Eles estão sofrendo?

JEANY: Estão sofrendo bastante. Eu estou sofrendo bastante. Meu esposo também. Desde a afirmação feita na CPI pelo senador Demóstenes (Torres, do PFL-MT, que a acusou de ser cafetina), que até hoje não entendi o motivo.

DIÁRIO: Conhece o senador?

JEANY: Não.

DIÁRIO: Nunca viu?

JEANY: Já vi, sim.

DIÁRIO: Viu onde?

JEANY: Em restaurantes.

DIÁRIO: E por que citou seu nome?

JEANY: Essa pergunta só quem pode responder é ele.

DIÁRIO: Tem recebido telefonemas?

JEANY: Só atendi um. Quem atendia era minha secretária e o meu esposo.

DIÁRIO: Eram com ameaças ?

JEANY: Eram.

DIÁRIO: E o conteúdo?

(A entrevistada faz uma pausa e olha para o advogado)

JEANY: Prefiro não responder.

DIÁRIO: E as agendas?

JEANY: Tenho agendas com telefones. Meu material de trabalho. Tem telefone de fornecedores.

DIÁRIO: Assustariam alguém?

JEANY: Não.

DIÁRIO:Essas agendas estão com a senhora ou estão no Canadá?

(A entrevistada faz outra pausa)

JEANY: Não estão comigo.

DIÁRIO:Por que essas agendas são tão valiosas?

JEANY: Quem está dando o maior valor não sou eu, não.

DIÁRIO: A senhora conhece Marcos Valério, José Dirceu?

JEANY: Não, conheço Ricardo Machado (ex-sócio de Valério).

DIÁRIO: Já fez evento para ele?

JEANY: Já.

DIÁRIO: Ele disse na Polícia Federal que a senhora organizou festas com garotas de programa. A senhora fez essas festas?

(Olha para o advogado)

JEANY: Não.

DIÁRIO: Que tipo de evento a senhora organizou para ele?

JEANY: Recepção, um coquetel.

DIÁRIO: Ele disse que a senhora arruma garotas para esses eventos. Para festas que eram para políticos da base do PT.

JEANY: Se ele disse, quem tem que provar é ele. O que ele pedia não era para isso (fazer programas). Era para uma recepção. O que acontecia depois, eu não sei. Eu acho que é inverdade porque as próprias recepcionistas me diziam que eles tratavam com o maior respeito.

DIÁRIO: Quem pagava?

JEANY: Ricardo Machado.

DIÁRIO: Era em nome da empresa?

(Pára, olha o advogado, que faz um gesto)

JEANY: Eu recebia em cash. Em dinheiro vivo.

DIÁRIO: Eram quantias altas?

JEANY: Não.

DIÁRIO: Em torno de quanto?

JEANY: Para cada garota, eu cobrava R$ 150 mais alimentação.

DIÁRIO: Teve evento no Gran Bittar?

JEANY: Houve. Não lembro quando.

DIÁRIO: O que mudou na sua vida?

JEANY: Achava que tinha amigos. Pessoas me deram as costas.

DIÁRIO: Quem deu as costas?

JEANY: Eles vão entender.

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