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Curitiba

Jornal “Câmara em Ação” teve preço superfaturado, diz Dr. Rosinha

Deputado federal obteve orçamentos de até um terço do valor que foi pago pelo serviço de impressão do periódico da casa. Ele ainda alega que jornal não foi impresso

O valor da impressão do jornal "Câmara em Ação", periódico destinado a divulgar informações da Câmara Municipal de Curitiba, pode ter sido superfaturado, segundo o deputado federal Dr. Rosinha (PT). Segundo o deputado, desde 2004, a câmara gastou R$ 16,6 milhões com o serviço de impressão do veículo, apesar de Rosinha ainda argumentar que jamais encontrou uma edição em papel do jornal.

O deputado usou as mesmas especificações declaradas pelo órgão ao Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) e disponíveis no site da casa para solicitar orçamento de impressão em diversas gráficas da capital. Em alguns casos, os orçamentos obtidos por Rosinha equivaliam a um terço do valor pago pela Câmara para o mesmo serviço.

Como exemplo, Rosinha cita a edição de dezembro de 2008 do periódico. A câmara pagou R$ 342,3 mil para a empresa Visão Publicidade pela impressão do jornal, que teria 20 páginas coloridas e tiragem de 247 mil exemplares, cerca de R$ 1,39 por edição. Com as mesmas especificações (formato A3 e papel couché brilhante 115 gramas), o deputado recebeu um orçamento de R$ 116 mil, o que corresponde a um custo de R$ 0,47 por exemplar, quase três vezes menos que o valor pago pela câmara.

Informações

A vereadora Professora Josete (PT) protocolou na terça-feira (23) uma nova representação contra o presidente da câmara, o vereador João Claudio Derosso (PSDB), por conta da publicação. Segundo dados do portal de Controle Social, do Tribunal de Contas do Paraná (TC), a Câmara gastou R$ 14 milhões com a impressão de 50 edições do jornal Câmara em Ação. Entretanto, não foram encontradas até hoje cópias impressas do jornal – apenas arquivos em PDF, nos quais não consta a gráfica na qual o informativo teria sido impresso.

A vereadora ainda pediu a convocação de outras duas testemunhas para serem ouvidas pelo Conselho de Ética: a mulher de Derosso e proprietária da empresa Oficina de Notícias, Cláudia Queiroz Guedes, e sua irmã, Renata Queiroz Gonçalves do Santos, que foi nomeada para um cargo comissionado na Câmara por três meses, no início desse ano – o que contraria determinação do Supremo Tribunal Federal.

Esta foi a quarta denúncia oficialmente feita contra Derosso no Conselho de Ética. O presidente da Casa já havia sido denunciado por contratar a empresa da mulher para serviços de publicidade; de empregar por três meses sua cunhada; e de nomear irregularmente funcionários da Assembleia para cargos comissionados na Câmara. Os dois primeiros casos já estão tramitando no Conselho, enquanto o terceiro aguarda encaminhamento do corregedor da Câmara, Roberto Hinça (PDT).

Sessão secreta

Derosso respondeu às questões a participação de sua mulher nas suspeitas de irregularidades nos contratos de publicidade do Legislativo municipal em uma "sessão secreta" do Conselho de Ética da casa na noite de terça-feira (23). Segundo relatos dos vereadores que participaram do depoimento, Derosso confirmou que sabia que Cláudia Queiroz Guedes, sua atual mulher e proprietária da agência Oficina de Notícias, era servidora da Câmara quando venceu uma licitação de publicidade da Casa, em 2006. A Lei de Licitações proíbe que servidores públicos participem de processos licitatórios.

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