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São Paulo - O juiz federal Fausto Martin De Sanctis decretou o sequestro de todo o complexo agropecuário do banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Opportunity – 27 fazendas e 453 mil cabeças de gado. Amparado em investigação da Polícia Federal, na Operação Satiagraha, o juiz suspeita que Dantas teria usado suas propriedades rurais para lavar recursos de origem ilícita. A ordem judicial foi comunicada ontem ao Ministério Público Federal, à PF e à defesa.

Trata-se do segundo golpe espetacular da Justiça no coração financeiro do Opportunity. De Sanctis já havia mandado liquidar o Opportunity Special Fundo, que detém R$ 535 milhões, em valores de setembro de 2008.

Em julho de 2008, o juiz decretou duas vezes a prisão de Dantas, que reconquistou a liberdade por decisão do ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal. Ontem, De Sanctis abriu ação penal contra o banqueiro por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de quadrilha e fraudes financeiras, mas não mandou prender o réu. Escolheu outra arma para enfraquecer o fundador do Opportunity.

Relatório da PF sustenta que "uma das atividades em que atua a organização criminosa, liderada por Daniel Dantas, é na compra e venda de fazendas, gado e outros negócios agropecuários". A principal fazenda do grupo é a Santa Bárbara Xinguara, "a qual controla, através da empresa Agro­­pe­­cuária Santa Bárbara Xinguara, as demais propriedades". Segundo o relatório, foi encontrado no Oppor­­tunity "gráfico demonstrando que o grupo investiu mais de R$ 700 milhões na atividade agropecuária, ficando Dantas diretamente responsável pelo aporte de mais de 20% deste valor".

O magistrado sustenta que a medida tem respaldo em convenções internacionais. De Sanctis nomeou fiel depositário das fazendas o empresário Carlos Bernardo Rodenburg, apontado pela PF como responsável pela gestão dos investimentos no setor.

"É uma medida devastadora que torna inviável a atividade econômica da Agropecuária Santa Bárbara, gerando impacto social terrível porque atinge 1.800 empregos diretos e 12 mil indiretos", reagiu com veemência a advogada Dora Cavalcanti. "Adotar a essa altura uma medida constritiva que tem por escopo preservar o patrimônio, além de inviabilizar a atividade da empresa é contraproducente. Uma decisão dessa envergadura atinge drasticamente quase 40 mil pessoas, consideradas as famílias dos que trabalham nas propriedades", acrescentou.

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