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Em seu testemunho, Carvalho disse que a negociação de Pasadena foi realizada “na bacia das almas”, já que a refinaria dos EUA tinha uma série de problemas operacionais. | Laycer Tomaz/Câmara dos Deputados
Em seu testemunho, Carvalho disse que a negociação de Pasadena foi realizada “na bacia das almas”, já que a refinaria dos EUA tinha uma série de problemas operacionais.| Foto: Laycer Tomaz/Câmara dos Deputados

Em depoimento de delação premiada na Lava Jato, o lobista ligado ao PMDB Fernando Soares, conhecido como Baiano, disse que dois ex-diretores da Petrobras afirmaram a ele que o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli sabia sobre “acertos políticos” relacionados a propinas em contratos da refinaria de Pasadena, localizada nos Estados Unidos.

O delator apontou também que ex-dirigentes da estatal disseram a ele que tais acertos levariam ao pagamento de “um valor considerável de propina” ao PT (Partido dos Trabalhadores) e ao PP (Partido Progressista).

O testemunho de Soares confirma o depoimento feito aos investigadores da Lava Jato pelo engenheiro Agosthilde Mônaco de Carvalho, ex-funcionário da Petrobras. Segundo Carvalho, a compra de Pasadena, aprovada pela Petrobras em 2006, foi feita para “honrar compromissos políticos” de Gabrielli, à época presidente da estatal.

No depoimento prestado à força tarefa da Lava Jato em setembro passado, Soares disse que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e o ex-diretor da área internacional da estatal Nestor Cerveró comentaram que Gabrielli “tinha conhecimento” sobre os “acertos políticos” ligados aos contratos de Pasadena.

Quando ao repasse de propina ao PT e ao PP, Soares disse que essa informação foi transmitida a ele por Cerveró e pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Soares afirmou que ouviu dizer que o suborno seria pago pelas empreiteiras Odebrecht e UTC, executoras de obras em Pasadena.

O trecho da delação de Soares quanto a Pasadena e o depoimento de Agosthilde Mônaco de Carvalho foram usados para a deflagração da 20ª fase da Lava Jato, intitulada “Operação Corrosão”, na manhã desta segunda-feira (16).

Em seu testemunho, Carvalho disse que a negociação de Pasadena foi realizada “na bacia das almas”, já que a refinaria dos EUA tinha uma série de problemas operacionais.

Mônaco era assistente do então diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, preso desde janeiro e réu em dois processos da Lava Jato. Em seu depoimento, ele afirmou que Cerveró foi afastado da diretoria da Petrobras porque foi pressionado a pagar R$ 400 mil mensais à bancada do PMDB de Minas Gerais. Como não pagou, acabou saindo do cargo.

Foi ele quem contou que Pasadena foi apelidada, internamente, de “ruivinha”, por causa da quantidade de equipamentos enferrujados -daí o nome da 20ª fase da Lava Jato, Operação Corrosão.

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