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Uma reunião com o presidiário Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder do crime organizado em São Paulo, pode ter decidido o fim da rebelião nos presídios do estado e a redução dos ataques a ônibus e agências bancárias. Segundo a polícia, ele está preso na penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes.

As principais autoridades do governo do estado passaram o dia reiterando que não houve acordo. Mas, numa entrevista coletiva marcada por uma linha de raciocínio confusa, o comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, Elizeu Eclair Teixeira Borges, admitiu e negou, numa única resposta, que um de seus subordinados esteve reunido com a advogada de Marcola.

Ao ser indagado sobre a participação de um coronel da Polícia Militar num encontro realizado no último domingo entre a advogada e representantes da Secretaria de Administração Penitenciária, o comandante da PM primeiro admitiu a presença do militar:

- Eu tomei conhecimento de que o Marcola (Marcos Camacho, líder da facção) queria uma advogada. Vocês sabem que ele é uma pessoa inteligente, capaz e que conhece a legislação como poucos Eu soube, sim, que haveria essa reunião. E a segurança da parte externa e de parte da interna dos presídios é feita pela PM. Tomei conhecimento que ele foi numa reunião, sim, mas eu faço a seguinte pergunta: Como falar em acordo se no domingo tinha 19 presos e hoje temos 113. Tínhamos 19 membros dessa facção que morreram e hoje temos 71. Que raio de acordo é esse? - disse ele, para em seguida argumentar que o seu subordinado apenas havia conduzido a advogada para o interior da penitenciária de Presidente Prudente, para onde Marcola foi levado na semana passada.

Sobre o que foi conversado nesse encontro, o comandante da PM desconversou:

- Desconheço o que foi acertado, o que teve e o que não teve. Isso não é problema nem competência da PM.

O governador Claudio Lembo (PFL) reiterou, pela segunda vez, que não houve acordo.

- Ontem foi um dia muito difícil. São Paulo não aceita o crime e não houve diálogo com as lideranças para qualquer acordo - afirmou Lembo.

O delegado-geral, Marco Antonio Desgualdo, também falou sobre o assunto:

- Não fazemos acordo com bandidos. Se tivesse acordo, as reivindicações teriam sido atendidas e não foram. Tem de analisar o que é acordo ou se um recado foi mandado. A polícia foi para cima. Eles sabem que, se cutucar, vai sair encrenca, mesmo dentro do princípio da legalidade - afirmou Desgualdo.

Sobre a trégua nos ataques, o delegado afirmou que eles pararam porque houve repressão.

- Os bandidos sabem que estamos atrás deles - disse, acrescentando que a presença da polícia na periferia aumentou, dando mais tranqüilidade à população.

Também numa entrevista, o secretário Nagashi Furukawa disse que não entrou em nenhuma negociação com líderes de facções criminosas nas rebeliões dos últimos dias. Furokawa também admitiu que uma advogada visitou Marcola, mas disse que o fim das rebeliões foi apenas uma coincidência.

A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) explicou ainda que a autorização dada aos presos para a instalação de aparelhos de tevê em áreas comunitárias dos pavilhões foi dada há cerca de um mês. A compra dos aparelhos ficará por conta dos detentos e, por isso, não representará custos para o estado.

No último domingo, em entrevista à Reuters, o advogado Anselmo Neves Maia, que defende integrantes da facção criminosa e se diz amigo de Marcola, havia dito que o governo não iria controlar a situação apenas com uso de força policial.

A onda de horror em São Paulo começou na noite de sexta-feira, quando Marcola e outros integrantes da quadrilha foram levados para a sede do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic). A explicação da polícia é que eles iriam depor sobre uma gravação interceptada pela polícia, na qual falavam sobre uma megarrebelião no estado.

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