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O coronel João Santos, que chefia o trabalho do Corpo de Bombeiros na cratera aberta com o desmoronamento da obra do metrô, em Pinheiros, disse que a retirada da van soterrada no acidente pode está sendo dificultada por novos deslizamentos de terra. O militar preferiu não falar sobre as vítimas, mas disse que o tempo acaba sendo um 'inimigo' num momento como esse. A van pertence à cooperativa Transcooper e fazia a linha Pinheiros/Casa Verde. No momento do desabamento, acredita-se que o veículo passava pelo local.

- Realmente o tempo é o nosso inimigo e a chuva também. Mas graças a Deus não chove. A esperança é última que morre e estamos trabalhando com a possibilidade de encontrar alguém com vida - disse o coronel.

Novas dificuldades

Durante a tarde, novas dificuldades apareceram. A escavadeira que está sendo utilizada no local do acidente não consegue mais tirar a terra necessária para chegar à van e, por isso, por algumas horas, o serviço voltará a ser feito por túneis subterrâneos.

- O trabalho prossegue por baixo e, enquanto isso, eles estão por cima tentando construir um calçamento para reposicionar a máquina - explicou o governador José Serra.

Segundo o coronel, os engenheiros estão agora rebaixando um talude, de um metro e meio, para reposicionar a máquina.

Corpo de aposentada é encontrado

O Corpo de Bombeiros encontrou, por volta das 4h50 desta segunda-feira, o corpo de Abigail Rossi de Azevedo, de 75 anos, que estava desaparecida desde a última sexta-feira, dia em que aconteceu o acidente na Estação Pinheiros do metrô. A vítima foi soterrada no desabamento.

Abigail seguia para uma consulta médica no momento do desastre. O marido da aposentada esperava por ela na Estação Pinheiros da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, próxima ao local. A família disse que ela era uma pessoa muito ativa e praticava natação. Ela tinha 4 filhos e 5 netos. Completaria 50 anos de casamento em maio e era muito querida pelos vizinhos e colegas de clube onde nadava. O corpo da aposentada estava afastado do local em que a van que foi sugada pela cratera está enterrada. Isso leva a crer que Abigail não era passageira do veículo. Os bombeiros agora procuram as outras seis vítimas que estariam soterradas no local.

Neste domingo, durante visita à estação, o governador José Serra disse ser pouco provável que os bombeiros ainda encontrem sobreviventes , mas diz que torce para isso.

O desabamento aconteceu na última sexta-feira, às 15h, na altura do número 7.000 da Marginal Pinheiros. Pelo menos 4 pessoas ficaram feridas e 6 ainda estão desaparecidas.

Desaparecidos

Continuam desaparecidos Reinaldo Aparecido Leite, de 43 anos, o motorista da van; Wescley Adriano Silva, de 22, cobrador da lotação; Márcio Rodrigues Alambert, de 31, funcionário público; Francisco Silvino Torres, de 47 anos, motorista de um dos caminhões que trabalhavam na obra; e a advogada Valéria Marmit, que também pode estar dentro da van soterrada. A identidade do outro suposto passageiro da van ainda não é conhecida.

As famílias dos desaparecidos permanecem no local. A apreensão é grande e os parentes reclamam da falta de notícias.

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, em visita na tarde deste domingo ao local do acidente, confirmou que a volta do rodízio de veículos na capital não será antecipada. As pistas da Marginal Pinheiros permanecerão interditadas até às 20h desta segunda-feira, mas podem ser liberadas antes se houver condições.

No final do sábado e começo deste domingo, as casas que correm risco de desabar na região começaram a ser demolidas . Além de uma residência condenada com o acidente, parte de um estacionamento também foi demolido.

Cronograma permanece

Segundo o governador José Serra, o acidente não vai alterar o cronograma de obras do Metrô. A previsão de entrega de parte da linha 4 é no primeiro semestre de 2009. Mas as obras só vão continuar depois de achadas todas as vítimas.

De acordo com o consórcio Via Amarela, que realiza as obras do ramal, as fortes chuvas que caíram na capital paulista entre dezembro e o começo de janeiro podem ter causado o desabamento . O consórcio descartou ainda negligência ou falhas que possam ter causado o acidente. Um engenheiro do consórcio admitiu que o teto da laje cedeu antes do desabamento e havia trincas. O vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman, falou nesta segunda-feira sobre falha de engenheiros. Mas o Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT) vai preparar um laudo.

Causas não esclarecidas

As causas do desabamento ainda não estão esclarecidas. A Prefeitura e o Metrô dizem que só vão se pronunciar após os laudos periciais. Testemunhas afirmaram que um bloco de concreto pode ter caído de um guindaste. Segundo especialistas, no entanto, o tipo de solo arenoso favorece acidentes . Apesar disso, autoridades do governo estadual garantiram que o túnel que já passa sob o Rio Pinheiros não está comprometido. Um reforço de concreto no túnel sob a marginal está sendo feito.

Pelo menos 42 famílias foram retiradas de cerca de 56 casas do local. Cerca de 132 pessoas foram alojadas em hotéis. A Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana reforçaram o policiamento na região para evitar roubos às residências.

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