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batalha do centro cívico

Para aliviar desgaste com a ação da PM, Richa discute troca de secretários

Titulares da Segurança, da Casa Civil e da Educação estariam ameaçados. Comandante da Polícia Militar também pode cair

Protesto desta terça-feira tinge de vermelho-sangue o espelho d’água do Palácio Iguaçu:  mudanças de secretários e de discurso para reverter imagem negativa. | Antônio More/Gazeta do Povo
Protesto desta terça-feira tinge de vermelho-sangue o espelho d’água do Palácio Iguaçu: mudanças de secretários e de discurso para reverter imagem negativa. (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

Depois de ver a desaprovação popular maciça da atuação policial na “batalha” do Centro Cívico, que completa uma semana nesta quarta-feira (6), o governo estadual discute internamente uma série de substituições no alto escalão para atenuar o desgaste com o episódio. Dentre os secretários com o cargo ameaçado estão Fernando Francischini, da Secretaria de Segurança, e Eduardo Sciarra, da Casa Civil.

Outras trocas apuradas pela Gazeta do Povo devem ser na Secretaria da Educação, no comando da Polícia Militar (PM) e na representação do Paraná em Brasília. Apenas esta última foi confirmada oficialmente pelo governo até a noite desta terça-feira (5).

A vice-governadora Cida Borghetti (Pros) foi nomeada para o Escritório de Representação Política no Distrito Federal, substituindo Amauri Escudero, que estava no cargo desde o início do governo Beto Richa (PSDB). Esposa do deputado federal Ricardo Barros (PP), vice-líder do governo Dilma Rousseff (PT) na Câmara, Cida Borghetti é vista como peça-chave para articular assuntos do estado em Brasília.

Essa substituição não tem relação com os incidentes do Centro Cívico. As demais, porém, guardam relação com a forma como foi conduzida a crise com os professores.

Tido como intransigente e com pouca capacidade de diálogo, Fernando Xavier Ferreira deve sair do comando da Educação. Quem tende a entrar é João Carlos Gomes, atual secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Na PM, é esperada a saída do comandante-geral César Kogut, que assumiu a culpa pelos excessos no dia 29. Francischini também afirmou, à imprensa, que as decisões do episódio teriam sido tomadas diretamente pela PM, se isentando de culpa.

A terça-feira foi tomada por várias reuniões da alta cúpula para tratar das substituições, incluindo conversas com Francischini e Kogut. À noite, tanto a Secretaria de Segurança quanto a PM informaram, que, por ora, não havia alterações formais em seus quadros.

Tampouco havia definição sobre a possível saída de Sciarra na Casa Civil – apontado pela oposição como quem ordenou à PM “meter bomba” nos manifestantes. O secretário nega a acusação.

As possíveis trocas seriam uma resposta do governo Richa para se recuperar do desgaste do conflito em frente da Assembleia Legislativa, que teve como saldo mais de 200 pessoas feridas.

Desde o dia 29, o estado viu várias manifestações populares de indignação contra o episódio. Milhares de pessoas foram às ruas protestar na quinta (30), sexta (1.º) e nesta terça (5). Houve grito generalizado de “fora, Beto Richa” no estádio Couto Pereira – que uniu as torcidas do Coritiba e Operário na final do Campeonato Paranaense – e na plateia do Teatro Guaíra, durante o show do rapper Criolo.

Prevendo novas levas de greves e manifestações, o governador teria decidido mudar a forma com que estava lidando com a situação – o que inclui as mudanças no secretariado e o reconhecimento de que houve excessos na ação da Polícia Militar na semana passada.

MP ouve 80 testemunhas

Cerca de 80 pessoas prestaram depoimentos e 150 e-mails, com imagens e vídeos, foram recebidos pelo Ministério Público do Paraná (MP) nas investigações sobre os excessos na repressão da manifestação dos professores no último dia 29. O MP apura se houve crime e violação de direitos humanos no incidente. Quem desejar colaborar com as investigações pode enviar imagens e fotos pelo e-mail denuncias29deabril@mppr.mp.br, criado pelo órgão exclusivamente para receber denúncias.

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