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A participação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na Operação Satiagraha foi "ilegal e desnecessária", na avaliação do diretor da Divisão de Inteligência da Polícia Federal, Daniel Lorenz de Azevedo, que participa nesta quarta-feira (15) de audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara dos Deputados. Segundo ele, a presença da Abin não se justifica, pois as atividades da operação receberam todos os recursos necessários da Polícia Federal.

Lorenz reconheceu que, mesmo trabalhando no mesmo prédio em que estava a equipe responsável pela operação, não tinha conhecimento da participação de agentes da Abin nas investigações. "Para mim, era normal, todo dia que entrava na sala, via alguém diferente, mas, dentro de uma relação de confiança com o delegado Protógenes Queiroz, eu julgava que eram colegas que tinham chegado de outros estados", explica.

O diretor disse que a Operação Satiagraha falhou em não preservar a privacidade das pessoas presas. "Existem formas de conduzir as pessoas no carro sem que elas possam ser vistas ou filmadas, e assim você preserva a privacidade dessas pessoas, e isso não foi feito", disse.

Segundo ele, essa conduta fugiu dos parâmetros previstos no Manual de Gestão Operacional da Polícia Federal. "Foi a única operação que realmente não se cumpriu o que estava bem delineado nesse manual, e deu no que deu. Essa é a grande frustração, isso nos deixa profundamente chateados, irritados, porque não é assim que nós trabalhamos", disse.

Ao comentar a utilização de escutas telefônicas, Lorenz afirmou que, apesar de importantes para a investigação policial, as interceptações devem ser utilizadas em complementação a outros tipos de análise. "Para a polícia, muitas vezes a boa análise de um extrato telefônico é mais significativo que um diálogo", disse.

Segundo ele, seria leviandade acreditar que hoje em dia o crime organizado não saiba que os telefones utilizados podem estar grampeado.

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