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Indústria: insatisfação com o governo levou empresários a recusarem o cargo de ministro do Desenvolvimento | Rodrigo Paiva/ Folhapress
Indústria: insatisfação com o governo levou empresários a recusarem o cargo de ministro do Desenvolvimento| Foto: Rodrigo Paiva/ Folhapress

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Aécio vai usar sucessos econômicos de FHC como arma de campanha

Enquanto o PT tenta se reaproximar do empresariado, o PSDB busca resgatar as realizações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para mostrar que o senador tucano Aécio Neves conduzirá melhor a economia do que os petistas, caso seja eleito à Presidência. O tucanos agendaram para o próximo dia 25, no Congresso, uma sessão solene para comemorar os 20 anos do Plano Real. A data foi escolhida a dedo. No dia 28 de fevereiro completam-se 20 anos da entrada em vigor da Unidade Real de Valor (URV), a referência monetária que foi o ponto de partida do Plano Real e começou o processo de estabilização da moeda e do fim da hiperinflação. O PSDB quer reunir no evento figuras consideradas fundamentais na implantação da nova moeda. A maior parte delas estará ao lado de Aécio na campanha – como o economista e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que ainda não confirmou presença na solenidade.

Pressionada por representantes da indústria e diante de um cenário econômico adverso em ano eleitoral, a presidente Dilma Rousseff quer reconstruir pontes com o setor produtivo. A estratégia é criar um fórum permanente de diálogo com empresários para reunir sugestões dos mais diversos segmentos econômicos. O objetivo final é tentar neutralizar as críticas dos industriais, amplificadas pela oposição, e pavimentar a campanha de reeleição.

O comando da campanha de Dilma estuda até a possibilidade de editar um documento específico, no segundo semestre, estabelecendo compromissos da presidente para retomar o crescimento industrial. Nos bastidores do PT, o plano é chamado de "versão 2.0" da Carta ao Povo Brasileiro, texto da campanha de Lula ao Planalto em 2002, lançado para acalmar o mercado financeiro.

Sem opções

Na semana que passou, Dilma foi obrigada a preen­­cher a vaga de ministro do Desenvolvimento com um interino, Mauro Borges Lemos, por não encontrar um empresário de renome que quisesse assumir o posto.

A deterioração da relação do Planalto com o setor produtivo preocupa o governo e a campanha. Nos últimos dias, os desafiantes da presidente – o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) – fizeram coro com as queixas dos industriais e atacaram o modelo econômico atual.

Diante desse risco, o ex-pre­­sidente Lula já foi escalado para reconstruir o diálogo com o empresariado e atrair pesos pesados do PIB para a campanha de Dilma. Nos últimos meses, Lula tem recebido uma romaria de industriais a seu escritório para reclamar do "intervencionismo" do governo na economia. O ex-presidente agora vestirá o figurino de "facilitador" da reaproximação.

Na semana passada, começou a colocar o plano em execução, buscando afastar as incertezas em relação à economia brasileira. Em viagem aos Estados Unidos, Lula fez afagos a investidores internacionais: "Ninguém precisa ter medo de investir no Brasil", disse.

O presidente da empresa de alimentos Moinho Pacífico, Lawrence Pih, que liderou um comitê de empresários que apoiou a eleição de Lula em 2002, diz que não adiantam só palavras. "O governo precisa sinalizar que vai intervir menos na economia", diz. Ele elogia o ex-presidente, mas critica Dilma: "Lula é pragmático e tem capacidade de negociar. Ele pode não concordar, mas ouve. A presidente é uma economista keynesiana-socialista".

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