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Apesar do susto de perder o emprego de uma hora para outra, o piloto da BRA, que trabalhava há um ano e meio na companhia e pediu anonimato, disse que está aliviado com a suspensão dos vôos.

- As condições de manutenção eram as piores possíveis. E a Anac não tomava providência porque tem um bando de ex-militares na BRA que deviam comprar quem estava na Anac - afirmou.

- Quando havia panes que a gente chama de "no-go", elas não eram sequer reportadas no livro de bordo por proibição da empresa. Foi melhor fechar porque senão iríamos entrar para a estatísticas de acidentes - acrescentou.

Péssimas condições das aeronaves e jornada de 22 horas

Segundo o piloto, as condições de trabalho também eram ruins. O profissional disse que para descansar entre os vôos internacionais, os pilotos esticavam um colchonete no chão da cabine do avião. Ele afirma ainda ter fotografado buracos em aeronaves com 200 pessoas a bordo, que eram tapados com silvertape.

E apesar do salário sempre ter saído em dia, até esse mês, de acordo com o funcionário, a empresa atrasava as diárias em até dois meses e quando pagava usava a cotação do dólar que desejava.

- A tripulação cumpria 22 horas de jornada e o DAC não pode dizer que não sabia disso - afirmou.

Funcionários não receberam o aviso prévio por escrito

O piloto da BRA disse que até esta quarta-feira não havia recebido nenhum comunicado por escrito ou por e-mail do aviso prévio anunciado pela empresa à mídia. O Sindicato Nacional dos Aeronautas também não recebeu qualquer comunicação da BRA. O mesmo disse a Federação Nacional dos Aeroviários.

O profissional, que tem 25 anos de experiência, afirmou também que procurou hoje o departamento pessoal para saber sobre o pagamento do salário de setembro, previsto para ontem, e não recebeu nenhuma informação.

- O pagamento deveria cair ontem, chegou a aparecer como lançamento futuro no meu extrato, mas desapareceu hoje. Alguns funcionários receberam, outros não - declarou o piloto.

Direitos dos trabalhadores do setor já foram desrespeitados outras vezes

O piloto da BRA está preocupado agora com a garantia dos seus direitos de trabalhador e questiona o apoio do governo à recente compra de aeronaves pela empresa.

- E agora, cadê o Lula que foi lá na Embraer assinar um contrato milionário para a BRA? E não adianta arrestar as aeronaves, que são leasing. Porque a Federação não pede o bloqueio dos hotéis do Humberto Folegatti (presidente da BRA)?- sugere.

O profissional é pessimista em relação às chances de receber o pagamento pelos seus serviços e cita como exemplo o que aconteceu com os funcionários de outras empresas do setor.

- Todo mundo viu isso na Vasp, na Varig, na Transbrasil. No Brasil, ninguém se preocupa com o direito de quem trabalha - lamentou.

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