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Em entrevista nos EUA, os pilotos americanos Joseph Lepore e Jan Paladino, que comandavam o jato Legacy que colidiu com o Boeing da Gol e deixou 154 mortos, em 29 de setembro, disseram que foram autorizados pelos controladores de vôo do Brasil a voar a uma altitude de 37 mil pés. Durante a entrevista ao programa de TV "Today", da NBC, os dois foram tratados como heróis, por terem conseguido manobrar o jato com segurança e pousar em uma base da Força Aérea Brasileira (FAB) na Amazônia.

Pelo plano de vôo original, o Legacy deveria ir de São José dos Campos a Brasília a 37 mil pés de altitude. Ao passar pela capital, desceria para 36 mil pés, no norte de Mato Grosso subiria para 38 mil pés e seguiria até Manaus nesta altitude. A faixa de 37 mil pés estava reservada ao Boeing da Gol, que saíra de Manaus para o Rio de Janeiro.

As dúvidas sobre a altitude correta do jatinho serão o foco principal da próxima etapa das investigações, cujo pedido de prorrogação está sendo avaliado pela Justiça Federal de Sinop, no norte de Mato Grosso.

Ao longo da entrevista, os pilotos reclamaram ainda do fato de terem perdido sua liberdade, já que foram obrigados a passar 70 dias no Rio, sem passaporte e à disposição da Justiça brasileira. Sem citar nomes, eles disseram, por meio do advogado, que sofreram acusações falsas de autoridades brasileiras.

O delegado da Polícia Federal Ramon da Silva Almeida, responsável pelo inquérito sobre o acidente, justificou a necessidade de se manter Lepore e Paladino no país.

- Foi uma determinação judicial. A permanência deles naquele momento era necessária para o perfeito andamento das investigações – explicou.

O delegado afirmou que, em nenhum momento, o trabalho da Polícia Federal foi influenciado pela nacionalidade americana dos dois.

Na última sexta-feira, após seis horas de interrogatório, no qual não responderam às perguntas dos delegados da Polícia Federal, Joseph Lepore e Jan Paladino foram indiciados com base no artigo 261 do Código Penal, que pune quem expõe a perigo embarcação ou aeronave própria ou alheia. Em seguida, tiveram os passaportes devolvidos e embarcaram de volta aos EUA.

Os dois também disseram que não tiveram culpa pelo maior acidente aéreo da história do Brasil:

- Cumprimos todos os regulamentos, estávamos fazendo exatamente o que devíamos estar fazendo - disse Paladino.

Lepore completou:

- Foi horrível ser envolvido em uma coisa dessas.

Paladino contou que os dois sentiram um "solavanco terrível" quando as asas dos dois aviões se tocaram, disse ele, mas conseguiram estabilizar o jato e pousar numa base aérea no Pará.

- Os controladores de vôo têm a responsabilidade de administrar o tráfego - disse Paladino.

Falando nesta sexta-feira, Ramon Almeida rebateu as afirmações dos pilotos.

- Eles estão cumprindo seu papel de se defender. Mas temos elementos objetivos de que os dois adotaram uma conduta que contribuiu para o acidente – afirmou o delegado.

Segundo o delegado, os pilotos foram negligentes na observância do funcionamento dos instrumentos de vôo.

- Nenhuma conclusão foi tomada com base em uma única palavra ou em elementos frágeis. As evidências surgiram a partir de um intenso cruzamento de informações – explicou.

Num relatório preliminar divulgado esta semana, a polícia afirmou que os pilotos americanos poderiam ter evitado o acidente se tivessem percebido que o transponder de seu avião - um dispositivo anticolisão - estava inoperante.

Os pilotos foram obrigados a permanecer no Brasil por mais de dois meses, enquanto se conduziam as investigações. Eles receberam autorização para voltar aos EUA na semana passada, mas se comprometeram a voltar se as autoridades assim requisitarem.

- Os fatos do caso vão aparecer e comprovar o erro (das acusações) - disse Paladino.

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