No meio de denúncias que surgem diariamente envolvendo petistas, a ala mais a esquerda do partido já avalia que pode haver uma saída de boa parte dos militantes, dependendo do resultado das eleições internas. Se o Campo Majoritário, corrente interna que hoje comanda o partido, conseguir a presi-dência e a maioria do diretório nacional, as correntes de esquerda defendem uma resistência interna para tentar reverter a situação no futuro. Mas acreditam que boa parte dos filiados pode sair se a relação com a corrente majoritária ficar mais tensa.

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Grupos como a Democracia Socialista, que apóia Raul Pont para a presidência nacional do PT, ou o que defende a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio, atacam diretamente a política econômica adotada pelo governo federal e as alianças feitas pelo partido nos últimos anos. Eles lançam hoje, em São Paulo, o grupo "PT Livre", bloco de deputados federais que quer descolar o partido das atitudes do governo federal. O deputado paranaense Florisvaldo Fier, o Dr. Rosinha, é um dos integrantes. "Queremos um partido livre da corrupção, livre de fraudes, livre de alianças espúrias", diz Dr. Rosinha.

Ele acredita que terminada as eleições diretas do PT, (inicialmente marcadas para 18 de setembro), começam as reflexões. Se a ala esquerda ganhar, o PT deve retomar projetos originais, como a construção do socialismo no Brasil. Se o Campo Majoritário continuar com a hegemonia, Rosinha diz que alguma decisão precisará ser tomada. "Ou o Campo Majoritário aceita ser mais democrático e partiremos juntos ou continuará autoritário e ficaremos, novamente, isolados. Por quanto tempo? Essa é a questão que não sabemos. Vão haver saídas", avalia o deputado federal.

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Para Rosinha, as saídas serão de maneira isolada, não um levante de grupos organizados. "Alguns devem ir para o PSOL, outros continuarão resistindo. Não acredito em uma saída organizada", diz.

Tadeu Veneri, que assim como Rosinha, é candidato de oposição ao Campo Majoritário no Paraná, também avalia que parte da militância deve sair após as eleições internas. "Não dá para saber quantas, mas um número razoável", acredita. Ele diz que tudo depende de como será o processo eleitoral. Se for muito tenso, pode haver pedidos de desfiliação no Brasil inteiro. "Não serão atitudes pessoais, mas sim correntes internas organizadas que optarão por sair", diz Veneri.

A nova legenda definida por esses militantes deve depender de cada estado, de como estão compostos os demais partidos. "Precisamos buscar primeiro permanecer no partido", diz Veneri.

A vereadora curitibana Josete Dumbiaski também defende que se crie uma resistência interna e que o partido retome suas bandeiras históricas. Mas se a correlação de forças internas permanecer como está, ela acredita que uma avaliação deve ser feita. "É uma questão a ser aprofundada com calma. Mas nesse rumo que está, é difícil continuar no partido", diz.