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Atualizado em 16/05/06, às 16h50

Quando o clima parecia estar mais calmo no sistema prisional do Paraná mais uma rebelião eclodiu. Nesta terça-feira (16), um grupo de 31 presos do Centro de Detenção Provisória (CDP) de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, manteve durante cinco horas o agente penitenciário Rafael Leal como refém.

O movimento começou por volta das 11 horas da manhã, quando a polícia conseguiu conter o movimento em apenas duas das três alas rebeladas. O centro, que possui 24 blocos, só voltou ao controle dos policiais por volta das 16h. Na ação, foram usadas balas de borracha e bombas de efeito moral. Alguns dos detentos ficaram levemente feridos.

Os rebelados arrancaram barras de ferro das celas para usar como armas. Pelo menos cem policiais militares e civis permaneceram na área externa monitorando o motim. As negociações começaram ainda pela manhã. O juiz corregedor da Vara de Execuções Penais (VEP), Marcio Tokar, acompanhou as conversas. O coronel da Polícia Militar Amauri Lubrian informou, em entrevista coletiva, que os presos reivindicaram melhoras na comida, mais horário para tomar Sol e melhores banheiros.

Em entrevista à rádio CBN, o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, reconheceu que a rebelião teria ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa paulista, que seria o mentor da onda de violência que atinge São Paulo e Mato Grosso do Sul. A ordem para o início do motim teria partido do advogado criminalista André Lanzoni Pereira, que estaria ligado ao PCC e foi preso na noite de segunda-feira (15) na casa de detenção quando conversava com alguns presos. Segundo o secretário, o grupo rebelado seria exatamente o que teve contato com o advogado. O advogado de defesa Dálio Zipipin afirmou, também à rádio, que Pereira teria sido ameaçado de morte caso se recusasse a enviar a mensagem do PCC ao CDP.

De acordo com o coronel, três presos ficaram levemente feridos. O agente feito refém não sofreu nenhum tipo de ferimento. Há atualmente 744 detentos no centro, que tem capacidade para 900.

Violência em cadeia

Além de São José dos Pinhais, outras seis cidades do Paraná foram alvos de protestos e rebeliões em suas cadeias. O caso mais grave aconteceu na Cadeia Pública Laudemir Neves, em Foz do Iguaçu, na região Oeste do Paraná. Mais da metade dos presos fizeram seis reféns, entre eles um carcereiro. A tensão durou cerca de 24 horas até a polícia chegar em um acordo na manhã de segunda-feira (15). Cinco pessoas ficaram feridas, entre elas um detento que se jogou do telhado da cadeia com medo de ser morto por seus companheiros.

Também foi violenta a rebelião de Campo Mourão, na região Noroeste, ocorrida nesta segunda-feira. Das cinco pessoas que foram feitas reféns em Campo Mourão, duas ficaram feridas. No domingo (14), pelo menos outras três rebeliões foram registradas na região Oeste do estado. Em Cascavel, os motins iniciaram na madrugada. Os 495 presos arrebentaram, por volta das 6 h, todas as grades das duas alas do prédio da 15ª Subdvisão Policial (SDP). A situação foi controlada ainda no domingo.

Outras duas cidades onde houve registro de rebeliões foram Toledo e Assis Chateaubriand. Na primeira, o motim aconteceu na 20ª SDP e durou três horas. A delegacia, que deveria conter apenas 40 presos, estava com 140. Na outra cidade, os 40 detentos atearam fogo nos colchões da Cadeia Pública de Assis Chateaubriand.

Na cidade de Umuarama, no Noroeste paranaense, a manifestação começou por volta de 23h e a polícia conseguiu controlar o motim rapidamente. Não há registros de feridos e mortos em Umuarama.

PCC no Paraná

Mesmo com os presos empunhando bandeiras e se declarando integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), o governador Roberto Requião e o secretário da Segurança Pública negaram na segunda-feira que as rebeliões registradas no interior do Paraná tivessem ligação com a organização criminosa paulista.

Durante a reunião semanal da Operação Mãos Limpas, Requião explicou a situação de violência ocorrida nas últimas horas como "protestos". Em nota na Agência Estadual de Notícias (AEN), o governador afirmou: "No Paraná, não tivemos manifestações no Sistema Penitenciário. O que tivemos foram protestos em algumas cadeias públicas, que foram motivados por problemas de superlotação."

O secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, também minimizou as ações ao afirmar que as mesmas não teriam ligação com facções criminosas de São Paulo. "Aqui tivemos diversas reivindicações para melhorar as condições de permanência dos presos nas cadeias", explicou à agência estadual.

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