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Reportagem publicada na edição da revista "Veja" desta semana denuncia a prática de caixa dois na campanha eleitoral da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), que nega as acusações.

Conforme a publicação, Carlos Crusius, o marido da governadora na época da campanha eleitoral teria recebido, logo após a eleição de Yeda, a quantia de R$ 400 mil de duas empresas fabricantes de cigarro.

O dinheiro teria sido utilizado no pagamento de contas pessoais do casal e na compra de uma casa em bairro nobre de Porto Alegre. A denúncia, segundo a "Veja", aparece em uma gravação feita por Lair Ferst, antigo aliado tucano, parte fundamental na campanha de Yeda ao Piratini e réu em processo sobre fraude milionária do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS).

A revista informa que teve acesso a 90 minutos de um total de dez horas gravadas de conversas de Ferst com Marcelo Cavalcante, ex-representante do Palácio Piratini em Brasília.

Nos diálogos, Cavalcante demonstra intimidade com Ferst, que ajudou a captar recursos para a campanha de Yeda, em 2006. Conforme a reportagem, uma agência de publicidade da capital gaúcha teria financiado passagens aéreas, recepções e outros benefícios aos integrantes da cúpula de campanha. Atualmente, a empresa presta serviço de marketing ao governo estadual.

A viúva de Cavalcante, Magda Koegnikan, afirmou que é verdadeiro o conteúdo das gravações feitas por Ferst e disse que o próprio Marcelo relatou a ela os fatos.

As gravações, que estariam em poder do Ministério Público Federal, teriam sido entregues por Ferst "para provar que os responsáveis pelos desvios no Detran eram integrantes do governo Yeda, e não ele".

Magda contou que, ao saber da intenção de Ferst, Cavalcante entrou em depressão e começou a beber. Em 17 de fevereiro, já exonerado do governo Yeda por suspeita de participação na fraude do Detran e lotado como assessor do gabinete do deputado federal Cláudio Diaz (PSDB-RS), Cavalcante foi encontrado morto, boiando no Lago Paranoá, em Brasília. Inquéritos da Polícia Civil apontam probabilidade maior de suicídio.

Outro lado

A governadora Yeda Crusius se pronunciou na manhã deste sábado no Palácio Piratini. Aparentando calma, ela desqualificou as fontes da revista e disse que se trata de "mais um capítulo da mesma novela, com os mesmos personagens", fazendo referência a Lair Ferst e ao vice-governador Paulo Feijó (DEM).

Yeda negou a existência de irregularidades, atacou a inexistência de provas e criticou as atitudes de Ferst e Magda.

"Como uma pessoa grava um amigo dessa forma? Eu desqualifico as fontes desta entrevista. O Marcelo está morto, ela (Magda) não pode falar por ele", afirmou. As empresas citadas na reportagem também negaram qualquer irregularidade.

Empresas

À revista "Veja", uma das empresas fabricantes de cigarro apontadas como doadoras para a campanha de Yeda, negou ter abastecido o suposto caixa 2 e teria apresentado recibos que comprovariam uma transferência bancária de R$ 200 mil para o diretório estadual do PSDB.

A outra fabricante de cigarros negou ter efetuado doações para a campanha tucana ao governo do Rio Grande do Sul em 2006.

A agência de publicidade que teria financiado despesas de integrantes do comitê de campanha de Yeda negou ter feito o pagamento dessas contas.

CPI

Os partidos de oposição reagiram à reportagem. O PSOL divulgou nota no site da deputada federal Luciana Genro (PSOL-RS). Ela estará ao lado do presidente estadual da sigla, Roberto Robaina, e do vereador de Porto Alegre, Pedro Ruas, para se manifestar sobre o caso em entrevista coletiva de imprensa na segunda-feira.

A deputada estadual Stela Farias (PT) declarou que "os elementos apresentados reforçam a necessidade de instalação de CPI na Assembleia Legislativa para investigar o caso".

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