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Fabio Camargo: tudo leva a crer que Beto sabia

O deputado estadual Fabio Camargo (PTB) afirmou na terça-feira que prefere não acreditar na possibilidade de envolvimento do prefeito Beto Richa (PSDB) no desmonte de sua candidatura a prefeito, na coligação com o PRTB, na última eleição municipal. Mas ele deu a entender que as evidências sinalizam o contrário. Camargo foi candidato a prefeito no ano passado em coligação com o PRTB e acabou sendo um dos maiores prejudicados pela dissidência do PRTB que apoiou a campanha tucana. "Se ele (Beto) já sabia, ajudou a orquestrar ou fingiu que não viu, a decepção vai ser enorme. E, infelizmente, tudo está levando a isso", declarou Camargo.

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O ex-servidor municipal Rodrigo Oriente, que é apontado como o autor do vídeo que mostra 23 ex-candidatos do PRTB recebendo dinheiro supostamente para apoiar a reeleição do prefeito Beto Richa, prestou depoimento na noite de terça-feira (23) à Procuradoria Regional Eleitoral do Ministério Público Federal (MPF), em Curitiba. O órgão investiga, desde a semana passada, se houve emprego de recursos não contabilizados na campanha de Richa.

A suspeita de irregularidades foi apontada no último domingo pela Gazeta do Povo, que teve acesso ao vídeo que mostra os ex-candidatos do PRTB recebendo pagamentos das mãos de Alexandre Gardolinski – coordenador do Comitê Lealdade, fundado pelos dissidentes da legenda em apoio a Richa. Oriente trabalhou para o comitê e é apontado pela coordenação de campanha do PSDB como o autor do vídeo.

Na noite de terça, além de prestar depoimento, ele entregou documentos ao procurador federal Néviton Guedes. A assessoria de imprensa do MPF informou nesta quarta-feira (24), que o procurador não se pronunciaria sobre o caso. Até esta manhã não havia sido feita nenhuma outra convocação de envolvidos para dar esclarecimentos ao órgão, segundo a assessoria.

Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, divulgada na terça-feira, Oriente afirmou que não procurou funcionários da prefeitura para falar sobre a gravação, conforme informado pela administração municipal, e sim foi procurado por eles. "Sustento que houve uma situação irregular relacionada com a campanha e que isso quem vai apurar é a Justiça Eleitoral", disse.

Os funcionários a quem Oriente se refere são Fernando Ghignone, que foi o coordenador do comitê financeiro da campanha de 2008, e Ivan Bonilha, que foi o coordenador jurídico. A reunião que ambos tiveram com Oriente foi gravada e divulgada por Ghignone e Bonilha em entrevista coletiva na segunda-feira (22). Nas imagens, Oriente aparece dizendo que os computadores que tinham as filmagens que mostravam o dinheiro sendo repassado no comitê do PRTB foram apreendidos pela polícia e ele estaria sendo pressionado por pessoas que teriam interesse na divulgação das imagens.

À Gazeta do Povo, Oriente afirmou que, na mesma conversa, ainda fez denúncias contra a prefeitura que não foram apresentadas pelos coordenadores da campanha do PSDB.

Ministério Público Estadual

Na terça-feira, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) informou que também abriu uma investigação para apurar as supostas irregularidades. A promotoria da 1ª Zona Eleitoral de Curitiba deu início ao processo na segunda-feira (22) a partir de informações veiculadas na imprensa. De acordo com o MP-PR, o objetivo é apurar se houve emprego de recursos não contabilizados, ou seja, "caixa 2" durante a campanha, além de outros crimes eleitorais.

A suspeita é de que o apoio político tenha custado dinheiro não declarado à Justiça Eleitoral e cargos na prefeitura. O caso será investigado pela promotora Jaqueline Batisti, da Promotoria da 1ª Zona Eleitoral de Curitiba. "O procedimento investigatório foi instaurado a partir de informações veiculadas na imprensa e buscará verificar se houve emprego de recursos não contabilizados (caixa 2) e eventuais crimes eleitorais", disse o MP-PR em nota.

Escândalo

Durante a campanha municipal de 2008, em julho passado, 28 candidatos a vereador do PRTB, que se coligou com o PTB do então candidato a prefeito Fabio Camargo, abriram mão de suas candidaturas. A maioria deles se uniu para fundar um comitê de apoio a Beto Richa – o "Comitê Lealdade".

Gravações mostram que dos 28 dissidentes, 23 aparecem nas imagens recebendo dinheiro em espécie das mãos de Alexandre Gardolinski. O pagamento a quase todos que abriram mão de concorrer pelo PRTB corresponderia a duas parcelas de R$ 800 para cada um, repassados mediante assinatura de um recibo.

O caso foi denunciado na edição de domingo (21) do jornal Gazeta do Povo e teve repercussão nacional, com o vídeo sendo exibido no programa Fantástico.

O vídeo rendeu a demissão de três funcionários da prefeitura, na última semana: do secretário de Assuntos Metropolitanos, Manassés Oliveira, que aparece na gravação recebendo dinheiro; de Alexandre Gardolinski, que ocupava até a última quinta-feira (18) cargo em comissão na Secretaria do Emprego e Trabalho; e de Raul D'Araújo Santos, que ocupava cargo na Secretaria de Assuntos Metropolitanos e também acabou exonerado por Richa na quinta-feira.

Assessores negam caixa 2

Ghignone confirmou que repassou algum dinheiro para o "Comitê Lealdade" do PRTB, como forma de reembolso de combustível e outros gastos. Ghignone, no entanto, não soube dizer quanto dinheiro foi repassado nem como isso foi feito. Frisou, no entanto que o comitê era independente. "Nós tivemos dezenas de comitês de apoios, que foram estimulados sim pela coordenação central da campanha, especialmente reembolso de gasolina e pequenas despesas", afirmou Ghignone.

Embora independente, a casa ocupada pelo grupo durante o período eleitoral do ano passado estava alugada em nome do PSDB. No recibo eleitoral referente ao contrato de aluguel, ao qual a Gazeta do Povo teve acesso, Richa aparece como o responsável pela locação do imóvel. Na prestação de contas do prefeito, consta que o aluguel do imóvel custou R$ 1,5 mil.

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