Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
artigo

Ruiu uma torre da oposição no Senado

Demóstenes Torres era um dos mais notáveis representantes de certo estilo da oposição. Uma trajetória profissional aparentemente ilibada e os cargos que havia obtido o qualificavam como um dos símbolos do discurso moralista contra as denúncias de corrupção no governo.

Demóstenes é advogado, membro concursado do Ministério Público de Goiás, foi secretário de Segurança Pública e Justiça de Goiás, ocupou o importante cargo de procurador-geral de Justiça. Trata-se de um senador eleito pelo PFL, em 2002 e releito pela sigla dos Democratas em 2010, sempre com bastante destaque na mídia e na opinião pública pautada pela sua atuação parlamentar.

Os graves indícios de crime nas relações pessoais e financeiras de Demóstenes com o empresário Carlos Cachoeira, preso pela Polícia Federal acusado de explorar jogos ilegais, surpreenderam a nação. Demóstenes não é mais Demóstenes. O pedido de desfiliação do DEM procura eximir o partido de oposição de direita, sempre preocupado com a rejeição, que inclusive procurou mudar de nome e sigla para se atualizar na última legislatura.

A crise de Demóstenes é a crise do DEM, a crise da oposição e de certo pensamento político de direita no Brasil. Muitas vezes os mais moralistas são os mais hipócritas, diriam alguns. As sérias denúncias contra Demóstenes atingem novamente a oposição, revistas de oposição e até mesmo a imagem de um representante do Ministério Público no parlamento.

A crise do senador Demóstenes Torres é mais profunda: mais uma vez é a crise do financiamento partidário e político no Brasil. Os esquemas de favores, as redes de cumplicidade, a promiscuidade entre o Poder Legislativo e o mundo dos fornecedores informais são problemas constantes e permanentes no sistema político nacional. Uma importante torre da oposição ruiu de maneira surpreendente e brusca. Não há mais o que se explicar, resta lamentar.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.