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Deputados a favor da redução: votação foi questionada no STF. | Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Deputados a favor da redução: votação foi questionada no STF.| Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello negou pedido de um grupo de 102 deputados federais para suspender a tramitação na Câmara e impedir a votação, em segundo turno, de uma proposta de mudança na Constituição para reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos em determinados tipos de crime.

Na decisão, publicada neste sábado (11), o ministro afirma que não identificou os elementos jurídicos necessários que justificassem a concessão de uma liminar para travar o andamento da matéria.

Negativa de cunha

O presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB) negou ao Supremo que tenha ocorrido irregularidades na votação. “É absolutamente impróprio tachar de inconstitucional esse expediente [manobra] amplamente reconhecido pela prática legislativa e pelo direito parlamentar. Tal alegação serve apenas para satisfazer interesses políticos conjunturais (derrotados pela maioria do plenário) colocando em suspeição um procedimento que tem se mostrado crucial na produção legislativa das últimas duas décadas e meia”, disse.

Isso porque a nova votação da proposta pelo plenário da Câmara está prevista para ocorrer apenas em agosto, portanto, não haveria urgência nem a possibilidade de lesão irreparável ao direito dos parlamentares que motivasse o bloqueio da votação.

O ministro afirmou ainda que não há impedimentos para que uma nova liminar seja solicitada pelos congressistas contrários à redução da maioridade penal “quando restar configurada, efetiva e realmente, situação caracterizadora de difícil reparação”.

Na quinta-feira (9), deputados de 14 partidos recorreram ao STF para segurar a tramitação da proposta. Aprovada em primeiro turno, o texto terá que passar por nova análise na Câmara e ainda ser discutida pelo Senado, onde enfrenta resistência.

A outra demanda do grupo de parlamentares para anular a sessão da primeira votação só deve ser discutida pelo plenário do STF. O julgamento não tem data prevista.

A proposta prevê baixar a idade penal em casos de crimes hediondos (como estupro e sequestro), homicídio doloso (com intenção de matar) e lesão corporal seguida de morte.

Manobra

A votação questionada no STF ocorreu após uma manobra do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para reverter a derrota no dia anterior de uma de proposta similar e que acabou rejeitada porque incluía tráfico e roubo qualificado. Deputados contrários à redução da maioridade dizem, entre outros argumentos, que a saída regimental de Cunha fere a lei, pois a Constituição estabelece que, rejeitada ou declarada prejudicada certa matéria, a reapresentação só pode ocorrer no ano seguinte.

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