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“Esqueci que sou político, agi como tuiteiro [sobre o anúncio antecipado da escolha de Alvaro Dias como vice].” Roberto Jefferson, presidente do PTB | Frederico Haikal/Jornal Hoje em Dia
“Esqueci que sou político, agi como tuiteiro [sobre o anúncio antecipado da escolha de Alvaro Dias como vice].” Roberto Jefferson, presidente do PTB| Foto: Frederico Haikal/Jornal Hoje em Dia

Candidatura frustrada -Alvaro Dias foi "vítima"do microblog

Da Redação - A indicação do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) para concorrer à vice-presidência na chapa do tucano José Serra poderia até ter vingado, caso não tivesse vazado primeiro no Twitter. Os líderes do DEM, principal aliado do PSDB no cenário nacional, não gostaram nada de saber da novidade pelo Twitter de Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB e pivô do escândalo do mensalão no governo Lula.

Jefferson tuitou a novidade no dia 25 de junho, bem na hora em que o Brasil enfrentava Portugal pela Copa do Mundo da Fifa. Diante da reação assustada do DEM – que exigia a indicação da vice –, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra anunciou horas depois que ainda estavam "consultando líderes e presidentes dos partidos aliados para decidir nosso candidato a vice presidente".

Humilhados, os demistas queriam tirar Alvaro do páreo. O argumento ganhou mais força com a confirmação da candidatura de Osmar Dias ao governo do Paraná em uma coligação com o PT de Dilma Rouseff.

O senador paranaense ficou abalado com a substituição de seu nome pelo deputado federal Índio da Costa (DEM). Mas, no seu Twitter (@alvarodias_, 12.554 seguidores), comentou o caso com bom humor. Postou o link para uma charge parodiando a música "Tiro ao Álvaro", do grupo Demônios da Garoa.

Saiba mais - O Twitter (www.twitter.com) é uma rede social assim como o Orkut.

Características

Os "tweets" (palavra em inglês para o pio de um passarinho), que são os textos postados pelos usuários, podem ter no máximo 140 caracteres. Por isso é chamado de microblog. Além do texto, podem-se postar fotos e vídeos.

Seguidores

Os usuários escolhem quem querem seguir, e assim têm acesso e podem comentar todos os tweets das pessoas selecionadas.

Agência Estado - O Twitter assumiu papel de protagonista nestas eleições antes mesmo de a campanha começar. Mas não da forma que os candidatos esperavam. Inicialmente pensado como um palanque para conquistar o eleitor jovem, o microblog transformou-se em espaço para intrigas políticas, comentários pessoais, cutucões virtuais e bate-boca on-line – ou, como preferiu definir o presidente do PT, José Eduardo Dutra, "bate-dedos".

Hoje, são muitos os políticos com perfil no site. Vão de deputados e senadores aos candidatos à Presidência, passando por lideranças partidárias. E o que surgiu como ferramenta de campanha transformou-se em hábito. "Já há algum tempo tento ser mais jovem e faço esforço para participar dessas redes", conta o presidente do PPS, Roberto Freire (@freire_roberto, 3.475 seguidores), um dos mais ativos no Twitter. "Às vezes eu tenho de tomar um certo cuidado para não virar a noite, porque você fica lendo e perde a noção."

Freire já atuou em algumas das polêmicas do Twitter. Durante a semana, chegou a ter uma breve discussão com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (@paulo_bernardo, 5.847 seguidores), sobre o crescimento econômico do país. "Mas o Paulo Bernardo é um petista democrático, é bom discutir com ele", minimiza Freire, acrescentando que já teve de bloquear alguns usuários "com quem não há a menor condição de interagir".

Indiscrição

A escolha do vice de José Serra (PSDB) foi a primeira crise com raízes no Twitter nas eleições deste ano. Seu estopim foi um tweet postado no perfil do presidente do PTB, Roberto Jefferson (@blogdojefferson, 3.804 seguidores). "Falei agora com o Sergio Guerra. O vice será o Alvaro Dias", tuitou, antes que a notícia chegasse aos aliados do DEM. "Esqueci que sou político, agi como tuiteiro", explica Jefferson, que garante: "Eu não cometo excessos."

O anúncio antecipado gerou reações imediatas dentro e fora da rede. Líderes do PSDB e do DEM correram ao microblog para comentar – uns para defender a escolha, outros para criticá-la. Quando os tucanos retrocederam e apontaram o deputado fluminense Índio da Costa (@depindiodacosta, 39.153 seguidores), mais uma vez foi no Twitter que a notícia chegou primeiro.

Jefferson conta que entrou "firme" no Twitter "há uns 30 dias". "Achei uma coisa excelente, você dá uma tuitada e já fica esperando as reações. É como se fosse uma pesquisa de tracking", comenta, empolgado. Ele é um dos políticos mais ativos na rede, com uma média de 14 tweets por dia. "Se você fizer um comentário ruim, se entrar errado, na mesma hora vai ver as reações", diz.

Petistas também já provaram o lado amargo do microblog. Em abril, o tuiteiro Marcelo Branco (@marcelobranco, 6.225 seguidores) – responsável na campanha de Dilma Rousseff (PT) pela mobilização de internautas – causou desconforto ao criticar a Rede Globo em sua página. O próprio José Eduardo Dutra (@zedutra13, 3.334 seguidores) protagonizou uma troca de farpas via Twitter com o jornalista Ricardo Noblat. Horas depois, ao se afastar da discussão, Dutra tuitou: "Caraca, esse negocio vicia mesmo. Estava no circo, sem bateria, e quase em crise de abstinência."

Notívagos

O horário de maior atividade dos políticos tuiteiros é à noite, depois das 21 horas. Já se tornou tradição, às vésperas da divulgação de nova pesquisa eleitoral, políticos passarem madrugadas estimando os resultados. Com a velocidade típica da rede, com frequência notícias falsas ganham destaque. "Aquilo tem uma velocidade muito grande, é uma Babel", opina Freire.

Por vezes, os comentários políticos dão lugar a recomendações musicais, detalhes da rotina ou – em tempos de Copa do Mundo – análises futebolísticas. "Acho que está constatado que existe um certo voyeurismo tuítico", avalia Alfredo Sirkis (@alfredosirkis, 1.561 seguidores), vice-presidente do PV e um dos coordenadores da campanha de Marina Silva. "As pessoas se interessam por aspectos da rotina e pela vida pessoal das figuras públicas. Mas sou da velha escola, não misturo público com privado." No entanto, opina: quem fala da própria vida no microblog ganha seguidores. "Isso, aliás, faz muito sucesso."

Presidenciáveis

Os três principais candidatos à Presidência também têm perfil na rede. José Serra (@joseserra_, 275.712 seguidores) é o mais participativo. Notívago confesso, ele costuma escrever nas madrugadas, quando envia vários tweets em sequência. Serra se mostra familiarizado com a linguagem típica do microblog e usa abreviaturas como "rs" (risos). Nos textos de 140 caracteres, fala de música e futebol, mas principalmente comenta sua agenda de campanha. Ele já prometeu que continuará a escrever no site, se for eleito.

Dilma Rousseff (@dilmabr, 99.479 seguidores) é a candidata que menos escreve e restringe seus tweets aos compromissos de campanha. Marina Silva (@silva_marina, 81.506 seguidores) é a presidenciável que usa o Twitter há mais tempo. Ela evita falar da vida pessoal, mas nos jogos do Brasil na Copa foi uma das torcedoras tuiteiras mais assíduas, comentando os jogos em tempo real.

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