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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou neste sábado a divulgação de dossiês contra candidatos no período eleitoral, dizendo que isso é um desserviço para a democracia. Lula afirmou que nunca concordou com a divulgação de dossiês contra adversários e que os aliados não contem com ele nesse tipo de bandidagem.

Seu principal adversário nas eleições, o tucano Geraldo Alckmin, também condenou o uso de dossiês na campanha e insinuou que o PT está por trás da operação.

- Quando se vai ao submundo do crime, se encontra alguém do PT.

Ao deixar a capital de Sergipe, onde fez comício na noite de sexta-feira, o presidente disse ainda que denúncias infundadas contra adversários para angariar dividendos eleitorais são abomináveis e levam a sociedade a ter nojo da política.

- Eu fico imaginando que, se todas essas denúncias forem mentiras, quem é que vai dizer que é mentira, quem vai reparar o erro que aconteceu, depois das eleições. A história do Brasil tem exemplos de pessoas que foram acusadas de matar pessoas, perderam a eleição e depois ficou por isso mesmo. Então, quem quiser fazer bandidagem, por favor, não queira o Lula como parceiro, porque não aceito esse tipo de coisa - afirmou o presidente, acrescentando que o país vive um momento de afirmação não só no campo econômico, mas também no comportamento político das pessoas.

Lula ironiza

Em recente entrevista à TV, Lula ironizou a postura do ex-presidente FH e afirmou que 81% dos casos do escândalo dos sanguessugas começaram no governo do seu antecessor. Em Aracaju, na sexta-feira, Lula voltou a atacar FH, dizendo que o ex-presidente fica nervoso com as comparações entre os dois governos.

O presidente disse desconhecer detalhes da prisão do petista Valdebran Padilha da Silva, pela Polícia Federal, sob a acusação de estar comprando um dossiê contra o tucano José Serra, candidato a governador de São Paulo. Lula lembrou que em períodos eleitorais é comum a oferta de dossiês contra os adversários. Segundo Lula, quando disputou a presidência em 1989, 1994 e 1998, apareceram dossiês contra seus adversários, mas ele se recusou a usar na campanha eleitoral. O presidente disse preferir vencer as eleições discutindo programa de governo.

- Eu acho abominável as pessoas tentarem comprar notícias. Tem pessoa que ainda acha que pode ser melhor que o outro se tiver uma denúncia maior do que a que ele foi vítima. Eu acho isso uma coisa absurda na política brasileira, isso não ajuda o eleitorado a decidir no dia 1° de outubro. Pelo contrário, vai deixando a sociedade com nojo da política, vai deixando a sociedade afastada das pessoas - afirmou Lula, acrescentando que quem negociou dossiê vai "pagar o preço" por seu ato.

Cautela

O presidente pediu cautela na avaliação da operação da Polícia Federal, que prendeu também o empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia das ambulâncias:

- Eu não conheço o teor do depoimento das pessoas. Essa coisa, quando se trata de investigação da Polícia Federal, eu acho que um pouco de cautela e caldo de galinha não faz mal a ninguém. Esperar o resultado para ver o que acontece. Lamentavelmente na política brasileira toda época de eleição aparece isso.

O presidente disse ainda que não faria julgamento sobre denúncia de que a máfia dos sanguessugas teria atuado principalmente no período em que o tucano esteve à frente do Ministério da Justiça. Para Lula, por se tratar de período eleitoral, há muito sensacionalismo e as denúncias aparecem como se fossem vendavais.

- Eu acho que, se saiu alguma coisa, o Serra tem experiência política, história política para explicar o que aconteceu. O que a gente não pode permitir é que isso seja razão de uma campanha política - afirmou Lula, acrescentando:

- Acho que essas denúncias, faltando dias para as eleições, não ajudam. Você levanta a coisa e depois não acontece nada; no outro dia levanta outra, não acontece nada; levanta outra, não acontece nada, você vai dizer para o povo que política é isso. Eu acho que isso presta um desserviço aos amantes da democracia no Brasil. Lamentavelmente é assim a nossa política.

Ao deixar o hotel em Aracaju, Lula foi abordado por uma vendedora de artesanato, mas se recusou a comprar um peça:

- Candidato não pode comprar, meu amor. Sabe por quê? Porque se não vão dizer que estou comprando voto.

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