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O presidente Jair Bolsonaro com o pastor Silas Malafaia e os presidentes do Senado e do STF, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Dias Toffoli. (Foto: Mauro Pimentel / AFP)|
O presidente Jair Bolsonaro com o pastor Silas Malafaia e os presidentes do Senado e do STF, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Dias Toffoli. (Foto: Mauro Pimentel / AFP)|| Foto:

Significativamente a Quinta-Feira Santa foi um dia de milagres. O primeiro deles: a constatação de que o número de homicídios caiu no Brasil em 25% neste ano. Vinte e cinco por cento não é pouco. É muito, ainda mais em um país em que há 60 mil homicídios por ano.

O que foi que aconteceu? Falou-se tanto “Bolsonaro está liberando armas e daí vai aumentar o número de homicídios”. Diminuiu. Porque armas com a bandidagem não precisa de lei para liberar ou não liberar.

O que precisa de lei é para facilitar e tirar a burocracia entre as armas legais, entre as pessoas que têm índole correta, constatada por psicólogos, que não têm passagem pela polícia, que têm uma vida ilibada e que querem defender seu patrimônio ou sua família e sua vida.

Acho que a bandidagem já percebeu que o direito de defesa está finalmente em vigor no Brasil. Percebeu também que tem café no bule ou que tem gente em casa, como se diz na gíria, no popular.

Está lá o Sérgio Moro administrando a segurança pública nesse Ministério da Justiça que ganhou o nome de Justiça e Segurança Pública. Ministério que tem reação, que tem um presidente que dá força para a polícia, que elogia a polícia e governadores que seguem o presidente elogiando bons trabalhos da polícia – como tem acontecido no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Está aí o resultado: 25% a menos de homicídios neste país. Um dos milagres da Quinta-Feira Santa foi a gente tomar conhecimento disso.

O 2º milagre

Outro milagre foi promovido por Dias Toffoli ao mandar investigar possíveis calúnias, ameaças, injúrias e difamações contra o Supremo, porque a revista Crusoé e o site O Antagonista mostraram os autos de um processo em que Marcelo Odebrecht identifica um beneficiário de propina, lá dos tempos da hidrelétrica do Rio Madeira. Isso foi na época em que o Dias Toffoli era advogado-geral da União, no governo Lula.

Dias Toffoli era identificado no código como “amigo do amigo de meu pai”, conforme declaração de Marcelo Odebrecht. Aí a revista Crosoé e o Antagonista foram multados e censurados e, agora, o relator que mandou fazer tudo isso – e chegou a mandar a PF entrar em casas para fazer busca e apreensão – descobre que realmente estava nos autos. Milagre, estava nos autos!

Estava lá, a revista não mentiu, ela encontrou aquilo lá. E agora o Alexandre de Moraes revoga tudo: a multa e até o impedimento da revista divulgar a reportagem.

Coincidentemente, antes disso, os dois ministros mais antigos do Supremo espontaneamente se declaram horrorizados com o que estava acontecendo.

Celso de Mello, que é decano, chegou a usar as seguintes palavras: “É uma censura ilegítima, autocrática e incompatível com as liberdades fundamentais”. Marco Aurélio também disse que é uma censura e um retrocesso. O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, disse também que o que está havendo é censura.

O presidente do Supremo, Dias Toffoli, disse também que o Supremo estava sendo atingido. Não estava. Ele é que estava sendo atingido. Inclusive, eu ouço muitas vezes os deputados que apareceram na Lava Jato dizendo “o Poder Legislativo está sendo atingido”.

O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que agora está preso cumprindo pena, dizia: “Querem atingir o Poder Legislativo”. Não, querem atingir um corrupto que está lá dentro.

Então, não é o caso de generalizar dizendo que o Supremo está sendo atingido. A gente lamenta que o Supremo tenha sido atingido, mas por via desse caso que estava lá: no código e na planilha de beneficiários de favores da Odebrecht.

O 3º milagre

E outro milagre que foi promovido também por Dias Toffoli e Alexandre de Moraes foi fazer Bolsonaro estender a mão para a mídia, para os meios de informação.

Ele fez um discurso simbolicamente não apenas na Quinta-Feira da Paixão, mas na véspera do Dia do Exército. Festejando o aniversário do Exército, ele discursou – num improviso – que o Brasil precisa do jornalismo, a chama da liberdade para manter a democracia e pede para que se esqueça do passado.

É uma legítima anistia. Em outras palavras: “Vamos esquecer o passado em que eu briguei com vocês e vocês brigaram comigo. Vocês fizeram campanha contra mim, eu venci vocês. Então estou aqui estendendo a mão para gente construir um país juntos e preservar a democracia”.

Esse talvez tenha sido o maior milagre desta quinta-feira da Paixão.

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