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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Senado e Câmara

Alcolumbre e Motta: o legislativo sob nova administração

Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB) eleitos, respectivamente, como presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados. (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil; Mario Agra/Câmara dos Deputados)

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Nos discursos vitoriosos, os novos presidentes do Senado e da Câmara revelaram princípios. Alcolumbre disse que vai continuar a defender “a condição de um parlamentar poder viabilizar recursos para levar aos seus municípios”. Deixou claro que continuará sendo um paladino de emendas orçamentárias.

Hugo Motta ergueu a Constituição, imitando o Doutor Ulysses, e falou em “Câmara forte com garantia de nossas prerrogativas e defesa da imunidade parlamentar”. Isso significa a volta do artigo 53 da Constituição: Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Para deixar qualquer um entusiasmado, se não tivesse votado pela prisão do Deputado Daniel Silveira.

A eleição dos dois deixou muita gente ainda mais pessimista com o futuro do Legislativo, que vem se encolhendo há algum tempo. Era mais aguerrido antes do AI-5. Paulistas não entendem como o Astronauta teve quase 11 milhões de votos diretos e agora só quatro. Não se conformam que, com todo seu poder econômico e eleitoral, os presidentes do Legislativo federal sejam do Amapá e da Paraíba. 

Para entender, teriam que separar a eleição, digamos, primária, das secundárias, em que votam seus representantes, na Câmara e no Senado. Nessas, prepondera a articulação pessoal e partidária, por cargos nas mesas diretoras e nas comissões. Os dois são jovens: Alcolumbre 47 anos e Motta 36. 

Alcolumbre é senador reeleito e chegou à Câmara Federal em 2003. Já foi o senador mais jovem, assim como Motta foi o deputado mais jovem, com 21 anos. Motta está no seu 15º ano na Câmara; equivale a um doutorado.

Outro estranhamento foi o apoio de Bolsonaro a ambos. Quando a oposição concentrou forças em Rogério Marinho para presidente do Senado e ele perdeu para Rodrigo Pacheco, a oposição ficou sem poder na Casa. Só com o microfone. Agora o ex-líder do governo Bolsonaro é o substituto do Presidente do Senado - o vice-presidente Eduardo Gomes, do PL.

Damares ficou com a Comissão de Direitos Humanos, Flávio Bolsonaro com a de Segurança Pública, Marcos Rogério, que brilhou na CPI do Circo, com Infraestrutura - todos do PL. A importante Comissão de Constituição e Justiça, por onde tudo tem que passar, ficou com o senador Otto Alencar, do PSD de Kassab, que é secretário do Governador Tarcísio. 

O PL ficou com os vices das duas casas. Na Câmara, com Altineu Cortes, do RJ. Para o PT, sobraram a 2ª Vice no Senado (Humberto Costa) e a 1ª Secretaria na Câmara (Carlos Veras), ambos de Pernambuco. Lula não deve ter gostado desse resultado.

O poder no Congresso está ainda mais distante do Palácio do Planalto. Talvez nem adiante trocar ministros para agradar partidos

Como disse o presidente do PSD, Gilberto Kassab, o PT perde protagonismo, vale dizer, Lula perde ainda mais seu minguado poder, ainda que distribua cargos e libere emendas. 

É um círculo vicioso onde entram inflação, juros, preços altos, déficit e falas que teimam em não se atualizar com a realidade. E ainda tem Trump e Musk. E esta nova administração na Câmara e no Senado é a dos anos que preparam a sucessão presidencial, mais eleição dos governadores, da Câmara e de dois terços do Senado. Serão "anos de colheita”, diz o governo. Mas o que semeou?

Conteúdo editado por: Aline Menezes

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