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Marcel não comemorou o gol contra o Toledo. Também não explicou por quê. Disse que o faria na coletiva, para a qual não foi escalado. Considerando o que ele tem jogado e as vaias que a equipe vinha recebendo, deduz-se que a reação blasée foi uma resposta as críticas – da arquibancada, dos microfones e de trás da tela do computador.

Ninguém gostaria de ser vaiado e xingado no seu local de trabalho, mas, convenhamos, está embutido no combo “jogador de futebol profissional”. Ainda mais para quem tem a nobre missão de fazer gol. Se não faz, é vaiado. E aí o torcedor não leva em consideração um dado relevante na avaliação de Marcel, o fato de ele ter passado o segundo semestre inteiro do ano passado sem jogar.

A falta de ritmo é cruel para quem exerce uma função que muitas vezes exige a precisão de fazer a bola passar em espaços minúsculos. Sem ritmo os erros se acumulam e erros em sequência são fatais para mandar a confiança do jogador para o saco. Marcel só atingirá o ritmo ideal se estiver jogando com frequência – e ainda assim há o risco de não atingir, afinal, estamos falando de um jogador que desde 2008 não faz uma boa temporada.

Mesmo que por necessidade, Marcelo Oliveira apostou em Marcel no intervalo. Mesmo vaiado e ainda longe dos seus bons momentos, Marcel fez o gol que transformou um empate vexatório em vitória importantíssima. O final perfeito seria fazer as pazes com a torcida, algo de que Marcel abriu mão ao não comemorar. Perdeu uma ótima chance de fazer barulho e trazer o torcedor para o seu lado.

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Marcelo Oliveira foi chamado de burro. A torcida não gostou da saída de Everton Ribeiro nem das entradas de Gil e Marcel.

Cobrar o técnico sempre é mais fácil, mas muitas vezes acaba refletindo uma avaliação superficial. Marcelo perdeu jogadores importantes que não tiveram reposição à altura. Começou 2012 em um estágio muito mais atrasado que o imaginado e está pagando por isso. Seja por não conseguir imprimir ao time o mesmo ritmo do ano passado, seja por ter de suportar as cobranças por erros que são também da diretoria na reposição do elenco.

E aí chego à coletiva do treinador, mais especificamente ao momento em que ele disse “não tenho de dar resposta a torcedor”. A declaração é uma tragédia, mesmo que ela faça algum sentido. Marcelo deve respostas, como por que o time repete os mesmos problemas jogo a jogo – erros de passe em excesso, dificuldade em furar retrancas, desempenho inconstante dos homens-gol. Mas não é ele quem tem de justificar por que o elenco que começou 2012 é pior que aquele que terminou 2011.

Marcelo poderia ter passado exatamente o mesmo recado, mas sem a arrogância de se colocar como alguém que não deve se explicar para torcedor. Assim, só deu munição para aumentar a rejeição ao seu trabalho.

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