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Argentina e Uruguai- protestos
Insatisfação com os governos da Argentina (centro-esquerda) e do Uruguai (centro-direita) leva população às ruas.| Foto: Juan Ignacio Roncoroni e Raúl Martínez/EFE

Movimentos sociais argentinos realizaram na quinta-feira (16) manifestação nas ruas das principais cidades do país. Foram os primeiros grandes protestos depois da derrota do governo de Alberto Fernández (de centro-esquerda) nas eleições primárias do domingo passado. Um dia antes, na quarta-feira (15), a central dos trabalhadores uruguaios PIT-CNT iniciou greve geral em todo o país. Uma multidão tomou as ruas de Montevidéu para pressionar o governo de Lacalle Pou (centro-direita).

As mobilizações populares na Argentina e no Uruguai revelam que a crise em países da América Latina atinge tanto a esquerda quanto a direita. As pautas dos manifestantes uruguaios e argentinos têm muitas diferenças, mas também têm muitos pontos em comum. Emprego, alimentação, assistência social de emergência, melhores salários, moradia digna, educação e saúde estão na base dos protestos dos dois lados.

Argentina e Uruguai - protestos
Movimentos sociais protestam por ajuda social e econômica em Buenos Aires. | EFE/Juan Ignacio Roncoroni

No caso argentino, a crise social se agrava com a crise política que eclodiu dentro do governo. Após os governistas terem perdido as primárias de domingo para definir os candidatos legislativos para as eleições de 14 de novembro, vários ministros do setor liderado pela vice-presidente, Cristina Kirchner, deixaram os cargos à disposição do presidente.

Como ocorreu no Brasil, as manifestações sociais aumentaram neste ano na Argentina, em decorrência da crise econômica que o país atravessa, agravada pela pandemia de covid-19 e o clima de disputa eleitoral.

A inflação na Argentina, apesar de ter apresentado uma pequena desaceleração desde abril, os ainda é muito alta, beirando a hiperinflação. Dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censo (Indec) mostram que os preços ao consumidor na Argentina subiram 3% em julho, em comparação com o mês anterior. A taxa de desemprego chega a 10,2% (a do Brasil é de 14%) e a pobreza atinge cerca de 40% dos argentinos.

Multidão tomou o centro de Montevidéu para protestar contra o governo de Lacalle Pou (centro-direita).
Multidão tomou o centro de Montevidéu para protestar contra o governo de Lacalle Pou (centro-direita).| EFE/Raúl Martínez

No Uruguai, a greve deflagrada na quarta-feira (15) é a terceira do ano. Com uma concentração recorde de pessoas, o protesto é um recado ao governo de Lacalle Pou, que desbancou a centro-esquerda do poder nas últimas eleições.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o Índice Salarial Médio no Uruguai subiu 5,83% nos 12 meses encerrados em julho, período em que a inflação acumulou um aumento de 7,3%. Com a perda de poder aquisitivo de 1,47 ponto percentual para os trabalhadores no período, grande parte da população se sente empobrecida.

Além de exigir mais empregos e melhores salários, melhor atendimento à saúde e moradia digna, as manifestações no Uruguai são em defesa das empresas estatais e pela rejeição ao aumento das taxas públicas.

Outro foco dos protestos é um projeto do governo, a Lei de Urgente Consideração (LUC), composta por 502 artigos e que estabelece uma profunda reforma do país. O governo apresentou a proposta em um formato polêmico, reservado em geral para temas emergenciais. Com isso, exige aprovação automática após 90 dias.

A reforma prevê mais poderes às forças de segurança e endurece o Código Penal, especialmente para os menores de idade. No plano econômico, o projeto estabelece uma nova regra fiscal, com limitações aos gastos públicos, mais rigorosa que a atual, além de diminuir o número de funcionários do Estado e alterar o funcionamento das empresas públicas que controlam setores cruciais como a eletricidade, a água, os combustíveis e as telecomunicações.

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