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Biden - vacinação
Biden em campanha pelo uso de máscara nos EUA.| Foto: Divulgação/WH.GOV

O presidente democrata Joe Biden promete colocar vacinas à disposição de todos os americanos adultos até o final do mês de maio. O plano antecipa em dois meses a vacinação em massa dos maiores de 18 anos, considerando que antes a previsão era para julho.

Em seu esforço para livrar o país da pior crise de saúde pública em um século, Biden conseguiu o que poucos acreditavam: unir duas rivais gigantes do setor de produção de medicamentos, a Johnson & Johnson e a Merck.

Biden - Vacina da Janssen
A Janssen, braço de imunizantes da Johnson & Johnson, passará a produzir vacina 24 horas por dia, sete dias por semana.| Divulgação/Johnson & Johnson

As autoridades de saúde dos EUA descreveram a parceria entre os dois concorrentes como histórica. O acordo reforça a visão de Biden de um esforço de guerra para combater o coronavírus. Algumas lideranças norte-americanos chegaram a comparar a campanha do democrata às iniciativas do ex-presidente Franklin D. Roosevelt no enfrentamento da Grande Depressão, crise econômica que arrasou os Estados Unidos no início dos anos de 1930.

Desde que assumiu a Presidência, em 20 de janeiro, Biden e auxiliares vêm enfrentando problemas com a escassez de vacina. Além da demora na aprovação do imunizante da Janssen, braço de vacinas da Johnson & Johnson, a tentativa da Merck para criar um imunizante contra Covid-19 não foi bem-sucedida.

Em 25 de janeiro, a Merck anunciou que estava interrompendo o trabalho em duas vacinas experimentais para o coronavírus. Os candidatos a vacina, segundo a empresa, não estimularam anticorpos suficientes em testes clínicos de Fase 1 em humanos para justificar a continuação do trabalho.

A Merck é o segundo maior fabricante de vacinas do mundo. As negociações com o governo Biden começaram no final de janeiro em busca de uma solução para que a empresa pudesse contribuir com a “guerra” ao coronavírus. Auxiliares de Biden procuraram convencer a Johnson & Johnson para aceitar que precisava de ajuda, enquanto negociavam com a Merck para ser parte da solução.

Em comunicado na terça-feira (02), a Merck informou que o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) fornecerá à empresa financiamento de até US$ 268,8 milhões para adaptar e disponibilizar várias instalações de fabricação existentes para a produção de vacinas e medicamentos contra o Sars-CoV-2. “A Merck também firmou contratos com a Janssen Pharmaceuticals, Inc., uma das companhias farmacêuticas da Johnson & Johnson, para apoiar a fabricação e o fornecimento da vacina Sars-CoV-2/Covid-19 da Johnson & Johnson. A Merck usará suas instalações nos Estados Unidos para produzir a substância medicamentosa, formular e encher frascos da vacina da Johnson & Johnson”, publicou a empresa.

A parceria foi uma vitória das iniciativas de Biden, mas o desafio é enorme. Os EUA planejam levar vacinas aos 260 milhões de adultos do país. Até agora, pouco mais de 50 milhões receberam pelo menos uma dose. O democrata tem feito visitas pessoais aos fabricantes de vacina, como essa (vídeo abaixo) a uma fábrica da Pfizer, no estado do Michigan.

Biden reforçou na terça-feira (02) que continuará a usar a Lei de Produção de Defesa para agilizar materiais essenciais na produção de vacinas, como equipamentos, máquinas e suprimentos.

"Mas não basta ter o estoque da vacina. Precisamos de vacinadores - pessoas para colocar as vacinas nos braços das pessoas, milhões de braços de americanos", disse o presidente.

A Moderna e a Pfizer BioNTech, que foram as primeiras a terem vacina aprovadas no país, se comprometeram a entregar o suficiente para cobrir 200 milhões de americanos. O restante viria da Johnson & Johnson, conforme contrato negociado ainda no governo de Donald Trump. Mas a Johnson & Johnson atrasou a produção.

Agora, com o novo acordo e o apoio do governo Biden, a Johnson & Johnson poderá produzir vacinas 24 horas por dia, sete dias por semana. A previsão é que a empresa entregue 100 milhões de doses de vacinas em um mês.

A vantagem do início da imunização com a vacina da Johnson & Johnson é que basta uma dose. O imunizante foi aprovado pela agência reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), no sábado (27).

No início de janeiro, a J&J divulgou que os dados dos testes clínicos indicam que sua vacina contra Covid-19 é 66% eficaz na imunização contra a doença; 72% em exames realizados nos Estados Unidos; 66% na América Latina e 64% na África do Sul, onde uma variante mais resistente se espalhou. Os estudos demonstraram que a vacina previne 86% dos casos graves nos Estados Unidos e 82% na América Latina.

Biden tem sinalizado uma primavera de esperança para os americanos e um verão praticamente livre da pandemia. Mas, publicamente, coloca um pé atrás e reforça pedidos de cautela. “Depende de as pessoas continuarem a ser inteligentes e entender que ainda podemos ter perdas significativas”, disse ele ao anunciar a parceria entre a Merck e a Johnson & Johnson.

Além de livrar os EUA do vírus, a estratégia de Biden vai além. A partir do segundo semestre, se as metas forem atingidas, os EUA terão sobra de vacina. Com isso, o país poderá recuperar terreno internacional perdido para China e Rússia, que avançaram ao fornecer vacinas a países do mundo em desenvolvimento.

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