Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, com direito a veto.| Foto: Reprodução/Facebook
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Com apoio explícito de Rússia e China, a entrada do Brasil para o seleto grupo de países que compõem o Conselho de Segurança da ONU tem os EUA como fiel da balança. Cresce entre os membros das Nações Unidas a pressão por reformas, mas as divergências impedem avanços. Enquanto os norte-americanos defendem o ingresso de Japão e Alemanha, do outro lado, autoridades chinesas e russas querem Brasil e África do Sul, países em desenvolvimento integrantes do Brics. A Índia é um caso à parte, em que tem apoio frágil dos EUA e alguma resistência da China.

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O embate alimenta narrativas diferentes dos dois lados. Para a China, a estratégia dos EUA é reforçar o papel de algumas forças ocidentais aliadas na ONU para manter sua hegemonia. O governo chinês não vê problema no ingresso da Índia como membro permanente do Conselho de Segurança, mas defende um “pacote”, do qual fariam parte Brasil e África do Sul.

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“Com a ascensão contínua do grande número de países em desenvolvimento, eles também esperam desempenhar um papel maior nos assuntos globais. A expansão do Conselho de Segurança não deve incluir apenas países que são benéficas para os Estados Unidos”, criticou o portal chinês portal chinês Guancha, que reflete o posicionamento das autoridades de Pequim.

A Índia, em que pese reconhecer a disposição da China de apoiar um papel mais relevante dos países em desenvolvimento na ONU, diz que o governo chinês tem colocado obstáculos para seu ingresso como membro permanente do Conselho.

Criado há 70 anos, o Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 membros. São 5 permanentes (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China), com poder de veto, e 10 integrantes temporários, eleitos pela Assembleia Geral para mandatos de dois anos.

Eleito em junho de 2021, o Brasil voltou a ocupar um assento rotativo no Conselho de Segurança em janeiro deste ano e tem mandato até dezembro de 2023. É a 11ª passagem do Brasil no órgão. Os outros membros rotativos atuais são Albânia, Gabão, Gana e Emirados Árabes Unidos, Índia, Irlanda, Quênia, México e Noruega.

Uma das tarefas do próximo governo brasileiro será de ampliar a influência e a participação do Brasil nos fóruns internacionais. O ingresso do país como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU é uma reivindicação antiga, mas o sucesso depende de uma mudança na geopolítica, na composição de forças no jogo internacional e da habilidade brasileira.

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Nesse contexto, o próximo governo precisa ser menos ideológico e mais pragmático em busca de seus objetivos. Seria uma grande derrota o Brasil ficar de fora do Conselho de Segurança das Nações Unidas em caso de haver ampliação do número de membros permanentes.

Além de ser um país de extensão continental, estar entre os mais populosos, o Brasil tem inúmeros pontos a favor. Ausência de conflitos fronteiriços, relações internacionais pacíficas, grande papel na economia internacional – especialmente na agricultura – e grande diversidade são alguns dos elementos favoráveis ao Brasil. Falta apenas saber trabalhar essas vantagens.