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Mortes por coronavírus
Enterro de vítimas da covid-19 em Manaus, uma das cidades mais atingidas pela pandemia.| Foto: Michael Dantas/AFP

Uma das taxas mais usadas por autoridades de saúde para avaliar a eficácia das medidas de prevenção e combate ao coronavírus é a que mede o número de mortos por habitantes. Alguns institutos e organizações fazem a comparação de óbitos por milhão de habitantes, enquanto outros usam no número de mortes para cada 100 mil. Seja qual for a metodologia, a taxa atribuída ao Brasil mostra que as medidas adotadas no país não obtiveram bons resultados no enfrentamento da doença.

O portal Statista, que publica números sobre a epidemia de coronavírus coletados pela Universidade Johns Hopkins, constata que o Brasil já é o sétimo colocado no número de mortes por milhão de habitantes e avança para ficar entre os três primeiros. Pelos dados do portal, o Brasil registra 585 mortes por covid-19 para cada milhão de habitantes. Essa taxa só é inferior à do Peru, Bélgica, Reino Unido, Espanha, Chile e Itália.

Mortes por coronavírus por milhão de habitantes

O ranking é feito com base no número de mortes por coronavírus em 189 países, excluindo aqueles com populações numericamente muito pequenas, como San Marino, por exemplo, que tem pouco mais de 30 mil habitantes.

A Universidade Johns Hopkins, responsável pela coleta dos dados, faz uma comparação diferente. A instituição calcula o número de mortes por coronavírus para cada 100 mil habitantes. Por essa metodologia, a taxa de mortalidade pela covid-19 no Brasil é de 58,5 óbitos por 100 mil habitantes, o que confirma os dados do portal Statista. Mas nesse ranking o Brasil aparece em nono lugar, considerando que a Johns Hopkins computa países com pequenas populações, como San Marino.

Especialistas observam que essa taxa é importante para avaliar o sucesso ou o fracasso das medidas de enfrentamento à covid-19 por uma série de motivos. Quando se compara o número de mortes por casos confirmados, há possibilidade de distorções decorrentes de falhas na estatística de pacientes infectados. Um país que faz teste em massa poderá ter baixa taxa de mortes por casos confirmados, considerando que, com mais pessoas testadas, há possibilidade de registrar maior número de infectados. Já outro país, com poucos recursos e que não faz grande quantidade de testes, consequentemente terá poucos casos registrados da doença.

“As taxas de teste de covid-19 podem variar por país. Além disso, grandes diferenças aparecem entre os países ao combinar o número de mortes contra os casos confirmados do novo coronavírus”, ressalva a publicação do Statista.

Os números contabilizados pelas organizações e entidades que acompanham a evolução e as consequências da pandemia de covid-19 sinalizam que o Brasil caminha para ficar entre os três primeiros países com mais mortes por habitantes. Hoje, alguns países com taxa mais alta que a do Brasil vêm registrando queda acentuada no número de mortes, ou seja, poucas mortes diárias são computadas. No Reino Unido e na Itália, por exemplo, o registro de fatalidades diárias tem ficado próximo de zero.

O Brasil, pelo contrário, após cinco dias registrando menos de mil novos óbitos diários, iniciou setembro desanimador. Na terça-feira, primeiro dia do mês, foram acrescentadas mais 1.215 fatalidades, chegando ao total de 122.596 mortos pela doença desde o início da manifestação do vírus no país.

Com essa trágica evolução, o Brasil deverá ultrapassar nos próximos dias Itália, Chile, Espanha e Reino Unido em mortes por habitantes. Isso colocaria o país em terceiro lugar no mundo, atrás apenas do Peru e da Bélgica.

Na outra ponta dessa tragédia, vários países com sistemas de registro e estatísticas confiáveis demonstram ter conseguido eficácia nas medidas de enfrentamento da pandemia. A Nova Zelândia, por exemplo, registra apenas 4,5 mortes por milhão de habitantes. O Japão, 10,6 mortes por milhão e a Austrália, 26,2. A Alemanha está distante de alguns de seus vizinhos europeus, com 112 mortes por milhão de habitantes. E aqui na América do Sul, entre os vizinhos do Brasil, a taxa de mortes por coronavírus para cada 100 mil habitantes da Argentina é cerca de um terço da registrada no Brasil.

A comparação pode ser uma resposta para aqueles que afirmam que nada poderia ter sido feito e que metade das pessoas que vieram a óbito morreriam de qualquer jeito.

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