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Igreja da Suécia
Arcebispa Antje Jackelén (à esquerda) consagra Susanne Rappmann para chefiar a diocese de Gotemburgo, em 2018: mulheres são maioria na direção da igreja.| Foto: Divulgação/Magnus Aronson/Igreja da Suécia

Em 2013, o país nórdico de maior população deu um passo histórico em sua longa transformação religiosa nos últimos 60 anos. Pela primeira vez, uma mulher foi eleita arcebispa da Igreja Luterana da Suécia. Os luteranos – o nome tem origem em Martinho Lutero, teólogo alemão que foi monge agostiniano e se tornou uma das figuras centrais da Reforma Protestante – representam cerca de 57% da população sueca, segundo levantamento da própria instituição.

A eleição de Antje Jackelen, com 55,9% dos votos na assembleia da instituição religiosa, é consequência da crescente participação das mulheres na Igreja Luterana da Suécia. Os números mostram essa realidade: desde julho passado, as mulheres tonaram-se maioria (51,1%) do corpo de sacerdotes do país.

Mas nem sempre foi assim. A exemplo da Igreja Católica, que não aceita a nomeação de mulheres padres, a Igreja da Suécia só permitiu a ordenação feminina em 1958. E desde então a participação feminina n

a direção da instituição registrou crescimento gradual e progressivo, ao contrário de igrejas pentecostais e neopentecostais brasileiras, que têm maioria de homens em seu comando.

Igreja da Suécia
Catedral de Uppsala, onde fica a sede da Igreja Luterana da Suécia.| Divulgação/Igreja da Suécia

Antje Jackelen é casada com o pastor luterano Heinz Jackelén, tem dois filhos e dois netos. Nascida na Alemanha, onde iniciou os estudos em Teologia, a primeira arcebispa da história da Suécia foi ordenada sacerdotisa em 1980. Antes de ser eleita para o posto máximo, ela exercia as funções de bispa (para alguns gramáticos, não há o termo feminino e deve-se usar a forma ‘bispo’ também para mulheres) de Lund.

Registros na Igreja da Suécia mostram que a caminhada das mulheres enfrentou muitas barreiras. Não são poucos os casos, no passado, de mulheres religiosas que recebiam tratamento rude nas congregações. Mas isso ficou para trás.

Um dado interessante na histórica da religião na Suécia é que a Igreja Luterana, até não muito tempo, fazia parte do Estado. A separação só veio a ocorrer em 2000.  O primeiro arcebispo eleito pela assembleia da instituição foi Anders Wejryd, antecessor de Antje Jackelen. Antes, quem escolhia o religioso para o posto de arcebispo era o governo.

A presença feminina na direção da principal igreja da Suécia está no contexto de igualdade entre homens e mulheres em todos os setores da sociedade sueca. Um relatório do Fórum Econômico Mundial sobre a Desigualdade de Gênero, de 2020, mostra que Islândia, Noruega, Finlândia e Suécia são os países com a menor desigualdade de gênero no mundo.

Katharine Jefferts Schori foi a primeira mulher a ocupar o cargo máximo de uma Igreja do mundo anglicano.
Katharine Jefferts Schori foi a primeira mulher a ocupar o cargo máximo de uma Igreja do mundo anglicano.| Divulgação/Igreja Episcopal dos EUA

A ordenação de mulheres não é exclusiva das igrejas luteranas de países escandinavos. Um estudo nos Estados Unidos mostra, por exemplo, que nas principais denominações religiosas do país o porcentual de pastoras triplicou desde 1994. O levantamento coordenado por Eileen Campbell-Reed, teóloga que leciona no Seminário Teológico Batista Central do Kansas, foca as Igrejas Batistas Americanas, Discípulos de Cristo, a Igreja Evangélica Luterana na América, a Igreja Episcopal, a Igreja Unida de Cristo e denominações Metodistas Unidas. Os dados revelam que, em 2017, as mulheres já representavam cerca de 32% do clero dessas denominações.

O crescimento é facilmente verificado ao comparar um outro estudo feito na década de 1960 pelo o sociólogo Wilbur Bock. Usando dados do censo norte-americano da época, ele concluiu que as mulheres compreendiam apenas 2,3% do clero nos EUA. Segundo Campbell-Reed, a ordenação de mulheres teve forte expansão na década de 1970 e continuou a crescer nas quatro décadas seguintes.

Assim como a arcebispa Antje Jackelen faz história na Suécia, Katharine Jefferts Schori foi escolhida em 2006 para liderar a Igreja Episcopal dos Estados Unidos. Ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo máximo de uma Igreja do mundo anglicano. Na posse de Katharine Schori estavam presentes – além de bispos episcopais americanos e da comunhão anglicana do mundo inteiro – budistas, muçulmanos, representantes dos católicos americanos e de outras igrejas evangélicas e presbiteriana.

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