Caminhão com oxigênio da Venezuela cruza a fronteira do Brasil em Roraima, nesta segunda-feira (18).| Foto: Reprodução/Youtube
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Em 23 de janeiro de 2019, recém empossado na Presidência da República, Jair Bolsonaro declarou reconhecer o então presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, como presidente do país vizinho. A decisão veio acompanhada da rejeição da reeleição de Nicolás Maduro, que havia tomado posse oficialmente 13 dias antes. Passados dois anos da ofensiva de Bolsonaro, Maduro responde agora com o chamado “soft power”, ofertando ajuda de oxigênio e médicos para combater a crise de saúde pública em Manaus.

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O que acontece agora é o inverso do ocorrido em fevereiro de 2019, auge da crise econômica pela qual atravessa a Venezuela. Naquela época, o governo Maduro barrou a entrada de ajuda humanitária aos venezuelanos enviada pelos Estados Unidos e pelo Brasil. Os chavistas acusaram Bolsonaro e o presidente dos EUA, Donald Trump, de usar a ajuda para tentar derrubar o governo.

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Assim como ocorreu em 2019 com as cenas do bloqueio da ajuda humanitária nas fronteiras da Colômbia e do Brasil, agora, as imagens de caminhões venezuelanos carregados de oxigênio cortando a ‘grande savana’ venezuelana e entrando em território brasileiro se espalharam pelo mundo nesta segunda-feira (18).

As cenas, tanto de 2019 como de 2021, mostram que a ‘guerra ideológica’ não é positiva para os países. Também revelam que, por questões ideológicas, o Brasil e outros países da região têm perdido oportunidades de negócios e integração com países vizinhos.

O comércio entre Brasil e Venezuela virou pó nos últimos anos em decorrência de disputas ideológicas. Em 2012, as trocas comerciais entre os dois países somaram cerca de US$ 6 bilhões. E quem lucrou foi o Brasil. As exportações brasileiras chegaram a US$ 4,99 bilhões contra US$ 997 milhões de importações, o que resultou em saldo de mais de US$ 4 bilhões. Nos últimos anos, no entanto, entrou em queda. No ano passado, no entanto, as exportações ficaram em apenas US$ 782 milhões e as importações, US$ 76 milhões. Os dados são do Ministério da Fazenda.

Não é somente com oxigênio que Maduro agora responde a Bolsonaro. O líder venezuelano está propondo também o envio de médicos formados na Escola Latino Americana de Medicina para ajudar no tratamento das pessoas infectadas com coronavírus em Manaus. Nesta segunda-feira, cerca de 100 médicos brasileiros e venezuelanos anunciaram que vão oferecer assistência gratuita ao estado na situação de emergência.

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A produção de oxigênio na cidade de Puerto Ordaz compõe o plano de nacional para atender a pandemia do covid-19 na Venezuela. “O oxigênio que produzimos nessa fábrica é suficiente para atender essa região da Venezuela e ainda contribuir para aliviar a emergência do Brasil”, declarou o chanceler venezuelano Jorge Arreaza.

O acordo de cooperação foi negociado entre os governadores do Amazonas, Wilson Lima (PSC-AM), e o governador do estado venezuelano de Bolívar, Justo Nogueira. O governo da Venezuela ofereceu ainda uma escolta militar para a carga, que foi acompanhada até a fronteira a cidade de Santa Helena de Uairén, na fronteira, e depois por militares brasileiros.