Há quatro anos, Beto Richa (PSDB) bateu Gleisi Hoffmann (PT) na disputa pela prefeitura de Curitiba em uma eleição marcada por uma vitória esmagadora (77% dos votos válidos contra 18%), mas também pelo fair play entre os candidatos. Gleisi pode ter sentido a derrota, mas não desceu do salto, não partiu para a pancadaria. Assim pavimentou a campanha para o Senado.
Em 2010, Beto e Gleisi amealharam uma sacolada de votos e foram as estrelas das eleições no Paraná. No ano passado, o já governador prestigiou a posse dela como ministra da Casa Civil. Tudo na maior urbanidade.
Até que veio a eleição de 2012. Nos últimos meses, Beto já criticou pelo menos três vezes o governo federal. Pela desvalorização do Paraná no PAC das concessões, pela redução na tarifa de energia (que vai gerar uma perda de mais de R$ 400 milhões na arrecadação de ICMS no estado) e, por último, pela investigação de supostas irregularidades na Sanepar promovida pela Polícia Federal.
O último caso foi definitivamente o mais tenso. Beto viu motivação política na ação da PF. Gleisi rebateu dizendo que o governo estadual precisa apresentar resultados e “descer do palanque”.
Não cabe tomar partido, mas cabe esclarecer que o azedume na relação entre os palácios do Planalto e Iguaçu é ruim para o Paraná. Quando governador, Roberto Requião (PMDB) sempre viveu uma relação de amor e ódio com o governo federal (lembrem que ele era “aliado” de Lula) e, ao perder lugar na fila dos investimentos da União, ficou difícil recuperar.
Está certo que o calor da eleição potencializa qualquer conflito. Mas, se a discussão continuar nessa toada, uma guerra de nervos desenfreada, há chance de não haver mais volta.
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