Com um cenário menos favorável, a adaptação de estratégias de crescimento a uma realidade atraente para investidores é  fundamental para as startups que querem captar recursos para seu crescimento.| Foto: Markus Spiske / Unsplash
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Um estudo da KPMG mostra que 6 em cada 10 empresas que conseguiram captar dinheiro neste ano participaram de rodadas iniciais de investimento (pré-seed ou seed), o que mostra uma predisposição maior dos fundos em investimentos em fase de amadurecimento.

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Isso acontece porque o perfil de startups que atraem fundos de investimento mudou consideravelmente. Com menos recursos, prevalecem os aportes em startups que independem de capital externo para manter o seu funcionamento.

Com um cenário menos favorável, a adaptação de estratégias de crescimento a uma realidade atraente para investidores é  fundamental para as startups que querem captar recursos para seu crescimento.

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De acordo com Vitor Moreira, Managing Director da Oxygea - veículo de CVC, CVB e aceleração de startups dedicado a impulsionar a sustentabilidade e transformação digital na indústria, investindo US$150 milhões nos próximos 5 anos - o cenário de reprecificação de startups que aconteceu globalmente nos últimos dois anos trouxe mudanças relevantes no ecossistema: “a busca por valuations mais conservadores é evidente, bem como a adoção de estratégias de crescimento menos agressivas, que levam em consideração a capacidade de lucratividade e geração de caixa das companhias”, avalia o executivo.

Na hora de investir, Moreira destaca que startups que já alcançaram seu MVP e Product Market Fit estão entre as favoritas. “Modelos de negócios escaláveis e previsibilidade de Cash Burn são diferenciais relevantes também, assim como fatores como Runway alongado e previsibilidade de breakeven deixam de ser vantagem competitiva e se tornam a nova norma para startups que buscam investimentos”, destaca.

Para startups em nível early stage que estão buscando investimentos, Richard Zeiger, sócio da MSW Capital, primeira gestora de Venture Capital no Brasil, recomenda que quem deve planejar e operar a estratégia de captação é o CEO ou CFO, sem deixar que terceiros tomem essa decisão. “Nenhum gestor quer que essa função seja delegada para alguém. O empreendedor tem que ir ao mercado ‘dar a cara a tapa’, testando o seu modelo de negócio, conversando com o máximo de investidores que ele puder”, comenta.

O network é algo que se faz presente também no momento de captação de investimentos. “O mercado de Venture Capital no Brasil é relativamente pequeno, então é sempre bom que o empreendedor busque uma abordagem por meio de alguém que conheça o gestor que ele deseja. Normalmente, os gestores sempre priorizam quando é uma recomendação”, finaliza Richard.

Já para Johnny Reitzfeld, CEO da Amicci, empresa de gestão e desenvolvimento de marcas próprias, o segredo para a captação é a consolidação do negócio. "Em 2020 e 2021, tínhamos um cenário em que a métrica de sucesso eram as novas rodadas, mas não necessariamente isso significava a construção de uma empresa sustentável. Dessa forma, os números eram inflados para conquistar novos aportes, o que deixava um cenário instável para os investidores e sem garantia de retornos financeiros", explica.

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Com este pensamento, a Amicci levantou R$ 40 milhões em uma rodada série A liderada pela Astella, com participação da  DGF Investimentos e Scale Up Ventures, da Endeavor, no último ano. “A companhia rodou durante seis anos com sua própria geração de caixa, sem nenhuma rodada institucional. O tempo foi essencial para a consolidação no mercado e junto à base de clientes, o que construiu uma imagem de maior segurança e retorno de capital - o que realmente deveria ser considerado a métrica de sucesso”, comenta.

CEO e cofundador da Inklo, fintech especializada no oferecimento de crédito para a realização de procedimentos na área da saúde, Igor D’Azevedo destaca que “o cenário para captação de recursos pode ser desafiador, mas é extremamente positivo para as empresas que focam em escalonar e consolidar o negócio. É a partir de iniciativas como essas que as startups têm maiores chances de sucesso", comenta.

Foi pensando nisso que a empresa completou nos últimos dias sua rodada pre-seed, com um total de R$3,5 milhões no bolso. A captação foi dividida em dois momentos: em novembro de 2022, a Inklo obteve R$ 1,5 milhão e agora mais R$2 milhões, apoiada por investidores-anjos. "Adaptação estratégica é fundamental em tempos de mudança, pois só assim os negócios poderão atrair investimentos e crescer de forma sólida e consistente.", conclui.