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Cristina Graeml

Cristina Graeml

"A meta de uma discussão ou debate não deveria ser a vitória, mas o progresso". Joseph Joubert.

Falando Abertamente

Novo Código Eleitoral pode criar crime de fake news, entre outras “pegadinhas”

Ainda antes do recesso parlamentar de julho os senadores devem votar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) várias mudanças nas regras eleitorais, que já foram aprovadas na Câmara dos Deputados e podem valer para as eleições de 2026. Trata-se do projeto do novo Código Eleitoral, que traz várias pegadinhas, como criminalizar fake news e punir até com prisão quem ousar criticar as urnas eletrônicas.

A principal apreensão recai sobre a definição ambígua de fake news e discurso de ódio - e quem terá o poder de julgá-los e criminalizá-los. É inegável o perigo de que as novas regras legalizem e aprofundem a censura já vista nas eleições de 2022, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concedia direitos de resposta a um candidato enquanto censurava perfis de internet que divulgavam informações sobre outro.

Exemplos como a proibição de mencionar que "Lula é amigo de ditadores" ou "pró-aborto", informações que o próprio candidato teria dito durante a campanha, são precedentes preocupantes que agora podem ser institucionalizados. A iniciativa de censura, antes vinda do tribunal, agora emana do parlamento.

Além da censura, o novo Código Eleitoral apresenta outras medidas polêmicas. Há propostas que impõem uma "quarentena" de até 4 anos para policiais, militares, promotores e juízes que desejarem concorrer a eleições, exigindo que se desincompatibilizem do serviço público. Outro ponto crítico é a proibição da realização de plebiscitos, o que poderia calar a vontade popular em questões importantes, como o desarmamento, que foi decidido em plebiscito em 2005 e desrespeitado pelo governo da época.

O projeto também é criticado por beneficiar candidatos que já possuem mandato através do fundo partidário, desequilibrando a competição eleitoral. E tem ainda a inclusão de punições com penas de cadeia para quem questionar o sistema eleitoral ou as urnas eletrônicas.

A votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, inicialmente adiada, foi remarcada para 9 de julho, coincidindo com o recesso parlamentar, o que pode facilitar uma aprovação a toque de caixa e sem maior discussão no plenário.

Assista ao comentário de Cristina Graeml sobre os detalhes do projeto e os motivos que levam a CCJ do Senado a correr com a aprovação do novo código.

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