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Foto: Reprodução / Youtube

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O procurador do Ministério Público Federal (MPF) Andrey Borges afirmou nesta quinta-feira (23) que a Operação Custo Brasil, deflagrada pela Polícia Federal de São Paulo, é uma resposta aos investigados que comemoraram a saída das investigações de Curitiba. A Custo Brasil é um desdobramento da 18ª fase da Lava Jato, batizada de Pixuleco II, que foi desmembrada para São Paulo por não envolver conexão com a Petrobras.

“A operação de hoje é uma resposta àqueles que comemoraram com champanhe a declinada do caso de Curitiba”, disse Borges. “Para aqueles que celebram que conseguiram retirar o caso do juiz Sergio Moro, hoje foi uma demonstração de que as investigações vão continuar onde quer que estejam”, completou.

No final do ano passado, porém, a Polícia Federal de Curitiba reclamava da demora para o andamento das investigações em São Paulo. “Há um impasse lá em São Paulo que a gente não sabe como vai ser resolvido porque o Ministério Público Federal de lá ficou com os inquéritos e não os repassou para a Polícia Federal. Não sei como isso vai ser decidido lá”, explicou o delegado Igor Romário de Paula em entrevista à Gazeta do Povo em dezembro do ano passado.

“A impressão que a gente tinha quando foi apreendido tudo é de que aquele caso poderia avançar muito rápido. Não era um volume absurdo de material apreendido, a gente poderia ter analisado rápido, principalmente as mídias, e ter feito novas fases”, disse o delegado de Curitiba. A deflagração da Operação Custo Brasil, porém, demorou quase um ano para acontecer.

Ministério do Planejamento

Durante coletiva de imprensa nessa quinta-feira (23), o procurador do MPF afirmou ainda que “a corrupção não é privilégio da Petrobras”. Segundo a força-tarefa de São Paulo, cerca de R$ 100 milhões foram desviados através do esquema no Ministério do Planejamento. Deste valor, R$ 7 milhões teriam sido repassados ao escritório do advogado Guilherme Gonçalves, de Curitiba, entre 2009 e 2015.

O procurador afirmou que o ex-ministro Paulo Bernardo ficava com 80% do valor, que era usado para pagamentos de despesas do petista, como pagamento de honorários, funcionários, garagem e outros serviços. “Os pagamentos de contas que se apurou, que constava no Fundo Consist, é de R$ 1,2 milhão”, disse o procurador.

Segundo a força-tarefa, Paulo Bernardo continuou recebendo valores do esquema mesmo depois de deixar o cargo de ministro do Planejamento. “Mesmo saindo do Ministério do Planejamento, ele [Paulo Bernardo] continua recebendo, quando estava no Ministério das Comunicações”, diz o delegado da Polícia Federal Rodrigo Campos.

Em agosto do ano passado, a Gazeta do Povo mostrou que parte do dinheiro desviado do esquema pagava até o motorista da senadora Gleisi Hoffmann (PT). Segundo o despacho do juiz Sergio Moro que remeteu as investigações ao STF, parte do dinheiro repassado da Consist ao escritório do advogado Guilherme Gonçalves foi usado para pagar despesas da senadora. Um dos exemplos citados no despacho de Moro é o pagamento do salário de um motorista de Gleisi.

De acordo com a PF, há indícios de que o ministério teria direcionado a contratação da Consist, empresa de prestação de serviços de tecnologia e informática, que ficaria responsável pela gestão do crédito consignado na folha de pagamento de funcionários públicos federais com bancos privados interessados nessa modalidade de concessão de crédito. A PF já apurou que 70% dos valores recebidos por essa empresa eram repassados a pessoas ligadas a funcionários ou agentes públicos com influência da pasta por meio de outros contratos, fictícios ou simulados. Segundo a força-tarefa, funcionários do primeiro, segundo e terceiro escalão do ministério estão envolvidos no esquema.

Segundo o superintendente adjunto da Receita Federal de São Paulo Fabio Ejchel, a Consist cobrava R$ 1 por empréstimo. “Ela cobrava um valor muito maior do que deveria ser cobradopor aquele serviço”, afirma Ejchel. “Os valores aumentaram o custo Brasil porque um controle que deveria custar 30 centavos no máximo chegou a custar mais de um real por mês”, explica.

A operação deflagrada nessa quinta-feira (23) teve como ponto de partida a delação do empresário Alexandre Romano, preso na Operação Pixuleco II, em agosto do ano passado.

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