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Nós somos como nações inimigas
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Nós somos como nações inimigas

Reprodução/Internet
Margaret Atwood.

Como ninguém reclama, continuo com a canadense Margaret Atwood nesta nossa tímida seção de poemas de terças-feiras. Aqui, um poema quase otimista, acho eu. Apesar do tom catastrófico da constatação de que as coisas vão mal, ela basicamente diz que só depende de nós mudar isso. Será?

Eles são nações inimigas

i

Vendo sumir os animais
a proliferação do esgoto e dos medos
o mar sendo atulhado, o ar
mais perto da extinção

devíamos ser gentis, entender
o recado, devíamos perdoar uns aos outros
Ao invés, fazemos o oposto, nós
tocamos como se atacássemos.

os presentes que trazemos
mesmo talvez de boa fé
nas nossas mãos viram
ferramentas, viram manobras

ii

Baixe o alvo de mim que
você tem dentro dos binóculos,
em troca, eu te entrego

essa fotografia aérea
(seus pontos vulneráveis
marcados em vermelho)
que eu achei tão útil

Veja, nós estamos sozinhos
no campo dormente, a neve
que não pode ser comida ou capturada

iii

Aqui não há exércitos
aqui não há dinheiro

Está frio, e ficando mais frio,

Nós precisamos do calor
e da respiração uns dos outros,
a sobrevivência é a única guerra
que nós podemos arcar, continue

andando comigo, quase dá
tempo/ se apenas nós
conseguirmos chegar ao

(possivelmente) ultimo verão.

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