O programa Entrelinhas destaca hoje (13) a prisão do tenente-coronel Mauro Cid que foi determinada e revogada pelo ministro Alexandre de Moraes (STF), no exato momento em que a Polícia Federal se preparava para cumprir o mandado em sua casa, em Brasília. A operação, conduzida de forma discreta e com uso de viatura descaracterizada, visava evitar repercussão midiática. Apesar da revogação, Cid será levado para prestar um novo depoimento à Polícia Federal ainda nesta sexta-feira. A ação está ligada à prisão do ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, que é investigado por tentar obter um passaporte português para Mauro Cid, supostamente para ajudá-lo a deixar o Brasil. A Procuradoria-Geral da República pediu abertura de inquérito contra Machado, acusando-o de obstrução de investigação e favorecimento pessoal, mesmo sem sucesso na emissão do passaporte, pois Cid ainda poderia recorrer a outras vias diplomáticas.
Ex-ministro de Bolsonaro é preso por determinação de Moraes
A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (13), em Recife, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL), suspeito de ter intermediado a emissão de um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Segundo a Procuradoria-Geral da República, Machado teria atuado para facilitar a saída de Cid do Brasil por meio do consulado de Portugal, o que poderia configurar tentativa de obstrução de Justiça. A ação não foi bem-sucedida, mas levou à sua prisão preventiva. Mauro Cid, que já havia firmado um acordo de delação premiada com a PF, também foi preso novamente por descumprimento das condições do acordo e por suspeita de tentar manipular investigações, inclusive revelando informações sigilosas. A defesa de Machado nega irregularidades e alega que ele apenas buscava renovar o passaporte do pai.
Mensagens de Mauro Cid podem anular delação
Mensagens obtidas pela VEJA mostram que o tenente-coronel Mauro Cid mentiu ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante audiência sobre o uso de redes sociais falsas. Cid negou repetidamente ter usado perfis não oficiais para tratar de sua delação, mas foi confrontado com o perfil @gabrielar702, utilizado por ele para trocar mensagens com pessoas próximas a Jair Bolsonaro. Nos diálogos, enviados entre janeiro e março de 2024 — quando já estava proibido de se comunicar com investigados ou comentar sua colaboração premiada —, Cid revela detalhes sigilosos da investigação, critica a atuação dos investigadores e acusa o ministro Alexandre de Moraes de já ter uma sentença pronta. A quebra do acordo pode levar à anulação da delação e dos benefícios concedidos.
A Polícia Federal (PF) teria cumprido, a pedido do ministro Alexandre de Moraes, um mandado de busca e apreensão na residência do ex-ministro do Turismo Gilson Machado. A ação estaria relacionada à investigação sobre a emissão de passaportes portugueses para Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e outros envolvidos em supostas fraudes administrativas. Segundo delações, Machado teria participado de uma "ala radical" que pressionava Bolsonaro por ações antidemocráticas, incluindo a busca por um golpe de Estado. Além disso, o ex-ministro teria sido citado em investigações sobre a falsificação de cartões de vacinação, com indícios de que tais documentos foram emitidos para facilitar viagens internacionais de aliados do ex-presidente.
A operação também visaria coletar provas para apurar a responsabilidade de Machado na emissão irregular de passaportes, conforme apontado por Cid em sua colaboração premiada. A PF não confirmou oficialmente o cumprimento do mandado, mas a ação reforça o cerco a aliados de Bolsonaro envolvidos em esquemas ilícitos. A defesa de Machado nega as acusações e afirma que ele não cometeu qualquer irregularidade.
Zambelli pode ser presa a qualquer momento, diz embaixador
O embaixador brasileiro na Itália, Renato Mosca, afirmou que a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL‑SP) pode ser presa “a qualquer momento” em solo italiano. Zambelli foi condenada pelo STF a 10 anos e 8 meses de prisão por invasão aos sistemas do CNJ e teve seu mandato cassado. Ela deixou o Brasil em início de junho, inicialmente foi para os EUA e depois à Itália, usando sua dupla cidadania, antes de a PF solicitar à Interpol sua inclusão na “difusão vermelha”. O mandado de prisão provisório europeu foi aceito pelas autoridades italianas, mas há limitações legais: a polícia só poderá prendê-la em locais públicos, já que residências ou hotéis são invioláveis sob a legislação local. Apesar disso, o embaixador reconhece que sua detenção pode ocorrer até sábado (14) caso as autoridades a localizem.
Confira os principais assuntos que movimentaram o cenário político nesta sexta-feira. O programa Entrelinhas vai ao ar às 15h, no canal da Gazeta do Povo no YouTube. Não perca!