O Capitólio, sede do Congresso americano: midterms devem dar aos republicanos maioria em ao menos uma das casas do Legislativo federal.| Foto: EFE/EPA/Shawn Thew
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Em meio à maior inflação das últimas décadas, a uma provável recessão já no próximo trimestre e a um dos piores índices de aprovação entre todos os presidentes da história americana, Joe Biden decidiu que seria uma boa hora para investir na criação de leis que dificultem ainda mais a obtenção de combustíveis fósseis e na codificação legal do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

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Como sempre tem acontecido com o Partido Democrata, a ideia do presidente e de seus dois leões-de-chácara no Legislativo – Nancy Pelosi e Chuck Schumer – era passar uma lei cheia de provisões diversas, abrangendo desde regulações para mitigar a “crise climática” até o aumento de taxação das grandes corporações e a extensão de subsídios para o Obamacare.

Mas no meio do caminho havia um senador. O nome dele é Manchin. Joe Manchin. Novamente, o solitário senador quase-não-mais-democrata disse que não apoiará nenhuma iniciativa que mexa com impostos ou com a agenda de mudanças climáticas antes das eleições de novembro. Imediatamente, um dos repórteres mais lacradores do Washington Post, Jeff Stein, disse que a inação de Manchin causará danos fatais, permanentes e globais ao clima, mostrando o nível de histeria a que a grande imprensa chegou.

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Se esse governo não conseguiu aprovar nada de importante tendo maioria nas duas casas do Congresso, que dirá quando perder uma ou ambas

Biden e os democratas estão em modo de desespero total. Em algumas pesquisas, a aprovação do presidente caiu para menos de 30%, um número catastrófico para qualquer um que tenha pretensões políticas, e as perspectivas do partido para a próxima legislatura variam entre ruim e péssimo. Por isso, o esforço para aprovar projetos de lei nesses últimos meses antes do pleito tem sido grande, com múltiplas conversas entre Schumer e Manchin.

As previsões mais favoráveis aos democratas são de maioria republicana na Câmara com margem de sete assentos na legislatura que começará em 2023. As previsões mais conservadoras dão uma maioria de 25 assentos aos republicanos, e as mais otimistas chegam a lhes dar quase 50 cadeiras de vantagem. E, ainda que a virada do Senado não seja um cenário tido como certo, um horizonte de paralisação se aproxima, com os dois últimos anos do governo de Biden marcados muito provavelmente por pura e simples inação. Se esse governo não conseguiu aprovar nada de importante tendo maioria nas duas casas, que dirá quando perder uma ou ambas.

Voltando ao Senado, a performance de alguns candidatos republicanos nas pesquisas mais recentes tem causado incerteza sobre a possibilidade de os democratas perderem sua maioria no Senado. Pode-se dizer que a disputa pela casa se concentrará em quatro cadeiras onde ambos os partidos têm chances reais de eleger um senador: Nevada, Arizona, Geórgia e Pensilvânia.

Na Geórgia, o republicano Herschel Walker não tem se mostrado competitivo contra o atual dono da cadeira, Raphael Warnock. Recentemente, a notícia de que Walker tem três filhos sobre os quais jamais falou em público balançou ainda mais a sua campanha. O que parecia uma vitória relativamente tranquila agora se mostra uma total incerteza. O mais interessante é que o candidato republicano à reeleição para o governo do estado, Brian Kemp, segue firme na liderança em todas as pesquisas.

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Em Nevada, o republicano Adam Laxalt tenta tomar a vaga de Catherine Cortez Masto, numa disputa que também parece bastante indefinida. As pesquisas mais recentes dão pouco mais de 3 pontos de vantagem para a democrata, mas, com uma margem de erro de 2 pontos e um total de 9% de indecisos, fica difícil prever para que lado ficará a vitória. Mas é fato que a campanha de Laxalt não tem empolgado muita gente.

No estado da Pensilvânia, os republicanos vão de Dr. Oz como candidato. O médico-estrela de tevê está longe de ser um republicano de carteirinha, e diversas de suas posições ideológicas alinham-se mais à esquerda que à direita. A força de Oz está na indicação de Trump, mas isso não impedirá os eleitores mais conservadores de simplesmente deixarem de votar porque discordam de Oz em muita coisa. O medo de muita gente é de que ele venha a ser apenas mais um “Rino” – Republican In Name Only, ou “Republicano Apenas De Nome” – no Senado. Como o atual senador não concorrerá à reeleição, o oponente de Oz será o democrata John Fettermann.

Os republicanos precisam de apenas duas de quatro cadeiras – desde que vençam as disputas em que são favoritos, é claro – para conquistar a maioria do Senado

No Arizona, o candidato republicano que disputará com o senador atual, Mark Kelly, ainda não foi escolhido. Kelly foi eleito quando da morte de John McCain, que deteve a vaga por mais de 30 anos consecutivos. Os cinco que lutam pela possibilidade de representar o Arizona juntamente com a odiada (pelos democratas) Kyrsten Sinema são Mark Brnovich, procurador-geral do estado; Jim Lamon, empresário e estreante na política; Blake Masters, presidente da Fundação Thiel e candidato indicado por Trump; Michael McGuire, da Guarda Nacional; e Justin Olson, ex-deputado estadual. Esta disputa permanece a mais aberta de todas, dado que nem sequer se sabe quem será o republicano na disputa. Mas essa situação tem data para ser resolvida: as primárias acontecem no dia 2 de agosto.

Os republicanos precisam de apenas duas dessas quatro cadeiras – desde que vençam as disputas em que são favoritos, é claro – para conquistar a maioria do Senado. Continuaremos acompanhando as disputas e as pesquisas que antecedem essas tão aguardadas eleições.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]