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Correr é preciso
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Elton Damasio/ Gazeta do Povo
Neimar de Oliveira é um dos dois únicos especialistas a fazer a medição de distância e percurso de corridas de rua no Paraná

Uma corrida de rua começa muito antes da largada: a medição da quilometragem do percurso é um processo imprescindível e detalhado. Um teste de paciência, com ajus­­tes e cálculos. Tudo conduzido por um especialista certificado pela Federação Interna­cional de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês), sobre uma bicicleta estilo Caloi 10.

No Paraná, apenas dois profissionais têm a permissão para a importante missão pré-largada. Um deles é Neimar de Oliveira, responsável pelo departamento de corrida de rua da Federação Para­­na­­en­­se de Atletismo (FPA) – o outro, o professor de educação física Fernando Ho­­landa.

A missão “invisível” tem um ritual. Inicialmente, o responsável ela­­bora um ma­­pa preliminar do trajeto, que mostra áreas de concentração, largada e chegada, pontos de retorno, balizamentos e bloqueios.

O segundo passo é o trabalho de pis­­ta. Com a ajuda de um odômetro – aparelho destinado a medir a metragem percorrida de carro –, faz-se a aferição da distância. Se­­gundo os especialistas, de acordo com in­­for­mações da Con­­federação Bra­sileira de Atle­­tismo (CBAt), essa medição pode gerar uma margem de erro de aproximadamente 10%. Mesmo assim, serve como informação preliminar.

“Fazemos as marcações com trena de aço e depois usamos a medição mecânica feita por um aparelho chamado Jones Coun­­ter”, explica Oliveira, lembrando que o primeiro trabalho é a escolha de um local de aproximadamente 300 metros, medido para a calibragem dos aparelhos.

Invenção do norte-americano Alan Jones, na década de 1970, o Jones Counter é a parafernália oficial de medição da IAAF e da CBAt. Fi­­xado na roda dianteira da bicicleta, ele calcula determinada distância percorrida. “O sistema leva a vantagem de ser mais exa­­to que os GPS”, afirma Oli­­vei­ra, que usa o navegador apenas como re­­fe­rência.

Para se obter o resultado esperado, é preciso pe­­da­lar sem pressa (no máximo, 16 km/h), tangenciando as curvas, ou seja, com trajetórias em linha reta entre as curvas. “Medimos mais de uma vez, pois até a velocidade do vento pode trazer qualquer alteração e a temperatura do asfalto também interfere nos valores”, segue o especialista.

Só após o confronto e ajuste dos valores as marcações são feitas no asfalto. É recomendado que este trabalho seja realizado no início da manhã, quando há iluminação e pouco movimento de carros.

A sinalização do trajeto detalha cada quilômetro de prova. “Nele é elaborado um resumo, com in­­forma­­ções do tipo do piso, altimetria, se existem buracos ou obstáculos no asfalto. Tudo isso ajuda a definir o grau de dificuldade da prova”, completa Oliveira.

Todos esses itens são colocados no mapa da corrida, que é entregue aos corredores no ato da inscrição das provas organizadas sob a tutela da CBAt.

Elton Damasio/ Gazeta do Povo

Passo a passo

A medição inclui os se­­­­guintes procedi­­men­­tos, oficializados pela Con­­fe­­deração Brasileira de Atle­­tismo (CBAt), de acor­­do com as normas da Federação Interna­­cio­­nal de Atletismo (IAAF) e da Associação Internacional de Mara­­tonas (Aims):

1 – Vistoria e avaliação preliminar do percurso estabelecido pela organização da prova.

2 – Escolha de um terreno de aproximadamente 300 m, medido com trena de aço, para calibragem dos aparelhos, em local pouco movimentado.

3 – Efetivação da medição e cál­­culos posteriores, com marca­ção dos quilômetros com tinta acrí­­lica de piso e da lar­­ga­da e chegada com pinos de aço.

4 – Elabo­­ra­­ção de um ma­­pa esquemático que contenha a identificação de todos os pontos relevantes do percurso, como os pontos de re­­torno, listagem e descrição dos quilômetros, detalhes da lar­­gada, chegada, entre outras informações importantes.

5 – Confecção de um relatório que descreva o percurso de acordo com a classificação da IAAF/Aims, como sendo de loop, ponto a ponto, ida e volta; cálculo do desní­­vel e se­­paração entre largada e chegada.

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