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Liam Neeson (de chapéu, ao centro), no papel de Oskar Schindler em “A Lista de Schindler”.
Liam Neeson (de chapéu, ao centro), no papel de Oskar Schindler em “A Lista de Schindler”.| Foto: Divulgação

Publicado anualmente pela Universidade de Tel Aviv, em Israel, o Relatório Mundial sobre Antissemitismo de 2021 destaca o crescimento dramático de ataques contra os judeus. Divulgado na quarta-feira, 27 de abril, quando Israel comemorava o Yom HaShoá, o Dia Nacional em Memória às Vítimas do Holocausto, o estudo indica que houve aumento de casos de antissemitismo em praticamente todos os países que têm grandes populações judaicas.

O aumento do antissemitismo

As principais razões, segundo o relatório, são ações de grupos políticos radicais, além da disseminação de ódio, informações falsas e teorias conspiratórias relacionadas aos judeus e ao Estado de Israel nas redes sociais. Sobre a pandemia de Covid-19, o relatório destaca as acusações falsas de que Israel e os judeus criaram e espalharam o coronavírus. Outra informação falsa que tem insuflado o antissemitismo é a de que Israel planeja a qualquer momento destruir o Domo da Rocha ou a Mesquita de Al-Aqsa para construir o terceiro templo judaico – como se sabe, é exatamente nesse local que ficava o Templo de Salomão, construído por volta do século 10.º a.C. e, depois, o Tempo de Herodes, cuja construção foi iniciada por volta do século 6.º a.C., e foi destruído pelos invasores romanos, em 70 d.C. Após a destruição, os romanos construíram na área o Templo de Júpiter Capitolino e, depois da invasão islâmica da região, foi erguido lá o Domo da Rocha, no fim do século 7.º d.C. Aliás, enquanto Israel rememorava o Yom HaShoá este ano, os árabes palestinos se reuniram no Domo da Rocha para cantar slogans de “morte aos judeus”. Também encheram a mesquita de pedras e coquetéis molotov, usados para atacar os judeus que comemoravam a Páscoa, que esse ano coincidiu com o Ramadã.

O levantamento reuniu dados de 22 países. Em alguns deles, como na Itália e na Argentina, os casos de agressão, assédio e vandalismo contra judeus diminuíram. Mas em outros, como nos Estados Unidos, no Reino Unido, na França, na Alemanha, no Canadá e na Austrália, houve crescimento acentuado do antissemitismo. Além disso, os esforços do Irã para difundir informações antissemitas e antissionistas, por meio das mídias sociais e meios de comunicação, e que encontram forte ressonância entre os árabes palestinos, também foram cruciais para o aumento do ódio contra os judeus, segundo o relatório.

Lembrar é preciso

Em pesquisa realizada em 2018, na Alemanha, o temor de que algo parecido com o Holocausto venha a se repetir na atualidade estava presente entre quase metade dos entrevistados, que afirmavam ter essa preocupação de forma moderada para forte (25,6%) ou mesmo forte (21,6%). E em 2019 uma pesquisa da CNN revelava que cerca de um em cada 20 europeus nunca tinha ouvido falar do Holocausto judeu – embora tenham se passado menos de 80 anos desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Mais de um quarto dos europeus entrevistados acreditava que os judeus têm muita influência nos negócios e nas finanças. Quase um em cada quatro disse que os judeus têm muita influência em conflitos e guerras no mundo. Um em cada cinco disse que os judeus têm muita influência na mídia e o mesmo número acredita que eles têm muita influência na política. Isso a despeito de que somente cerca de 0,2% da população mundial é judaica, de acordo com o estudo Global Religious Landscape do Pew Research Center. Assim, os estereótipos antissemitas estão vivos no Ocidente, enquanto a memória do Holocausto está começando a desvanecer.

Estudo recente da Universidade de Tel Aviv indica que houve aumento de casos de antissemitismo em praticamente todos os países que têm grandes populações judaicas

Portanto, é um dever relembrar o Holocausto, que redundou em 6 milhões de judeus mortos na Europa, na louca tentativa engendrada pelos nacional-socialistas alemães de eliminar sistematicamente e em massa o povo judeu, por meio da instrumentalização da ciência e tecnologia. Este foi o momento culminante de séculos de ódio e discriminação contra os judeus, inclusive insuflado por parte das igrejas cristãs. Só que, na atualidade, é inadmissível a negação ou distorção dos fatos do Holocausto, ou a indiferença da sociedade diante do aumento do antissemitismo no Ocidente.

Uma forma de rememorar respeitosamente o Holocausto e combater o antissemitismo é, além de visitar o Museu Judaico ou o Memorial da Imigração Judaica e do Holocausto, em São Paulo, ou o Museu do Holocausto, em Curitiba, promover boas obras que podem ampliar o conhecimento de muitos sobre tão terrível fato. Para tanto, ofereço uma lista de filmes e documentários que podem ajudar na necessária rejeição ao antissemitismo e em honrar a memória dos 6 milhões de judeus assassinados e dos muitos heróis que se destacaram no resgate dos judeus – vários deles homenageados no Yad Vashem, o imponente e comovente Centro de Recordação do Holocausto, em Jerusalém.

Filmes e documentários relevantes

O oficial e o espião (2019) é uma reconstrução histórica do famoso Caso Dreyfus, de 1894. O coronel Georges Picquart, depois de ser nomeado chefe da seção de inteligência do exército francês, descobre que evidências falsas foram usadas para condenar o capitão Alfred Dreyfus, um dos poucos membros judeus do estado-maior do exército francês, por supostamente passar segredos militares para o império alemão.

Holocausto (1978) é uma ficção histórica em quatro episódios que retrata o Holocausto a partir das perspectivas de uma família de judeus alemães e de uma família cristã conectada com as SS. Cobrindo o período de 1935 a 1945, retrata a Noite dos Cristais, os programas de eutanásia Action T4, a criação dos guetos judeus, o massacre de Baby Yar e o uso das câmaras de gás nos campos de concentração. Muito premiada e muito influente nos Estados Unidos e na Europa, a série conscientizou milhões de pessoas sobre o horror do Holocausto.

Akte Grüninger (2013) é uma reconstrução histórica que mostra como Paul Grüninger, comandante da polícia do cantão suíço de St. Gallen, salvou a vida de 3,6 mil refugiados judeus da Alemanha e da Áustria datando antecipadamente seus vistos, permitindo-lhes migrar para a Suíça, no fim do verão de 1938. Demitido, caluniado e esquecido em seu país, Grüninger foi homenageado pelo Yad Vashem em 1971 como um dos Justos entre as Nações.

O documentário Into the Arms of Strangers: Stories of the Kindertransport (2000) descreve a operação de resgate britânica conhecida como Kindertransport, que salvou a vida de mais de 10 mil crianças judias da Alemanha, Áustria e Tchecoslováquia, transportando-as por trem, barco e avião para a Grã-Bretanha. Essas crianças foram levadas para lares adotivos no Reino Unido, esperando serem reunidas com seus pais, mas a maioria nunca mais viu suas famílias. Produzido em cooperação com o Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, e utilizando imagens, fotografias e artefatos raros, foi narrado pelas crianças sobreviventes, pais biológicos e pais adotivos e salvadores, como o pentecostal Nicholas Winton. Ganhou o Oscar de Melhor Documentário em 2000.

A viagem dos condenados (1976) é uma reconstrução histórica que retrata a viagem do transatlântico alemão MS St. Louis, que partiu de Hamburgo em 1939, carregando 937 judeus da Alemanha com destino a Havana (Cuba). Os passageiros aos poucos vão se dando conta de que a viagem foi planejada como um exercício de propaganda e que nunca se pretendeu que desembarcassem em Cuba ou nos Estados Unidos. O capitão do navio, Gustav Schröder, foi honrado como Justo entre as Nações em 1993.

A biografia histórica Persona non grata (2015) retrata a vida do espião e diplomata japonês Chiune Sugihara, vice-cônsul e mais tarde cônsul na Lituânia entre 1939 e 1940, e que salvou a vida de cerca de 6 mil refugiados judeus emitindo vistos de trânsito para o império japonês. Era membro da Igreja Ortodoxa Russa e foi homenageado no Yad Vashem em 1985, como Justo entre as Nações.

Vencedor de três Oscars (incluindo Melhor Diretor e Melhor Ator) e indicado a outros quatro, incluindo Melhor Filme, O pianista (2002) é a adaptação do livro do músico judeu-polonês Władysław Szpilman, testemunha ocular do drama da Polônia, sua conquista pelos alemães em 1939, a revolta judaica do Gueto de Varsóvia em 1943, o levante da resistência polonesa em Varsóvia em 1944 e a conquista soviética em 1945, entremeada pela música de Frédéric Chopin, como a Balada em Sol menor e a Grand Polonaise brillante.

Os estereótipos antissemitas estão vivos no Ocidente, enquanto a memória do Holocausto está começando a desvanecer

Den største forbrytelsen (2020) é uma reconstrução histórica que acompanha as experiências da família Braude entre 1939 e 1942, quando, junto com outros judeus noruegueses, são presos e enviados para o campo de concentração em Berg, ou deportados e embarcados no navio SS Donau, para serem levados até Auschwitz. Um total de 773 judeus foram deportados da Noruega para campos de concentração. Somente 38 sobreviveram.

O documentário em quatro episódios Einsatzgruppen: The Nazi Death Squads (2009), baseado em depoimentos de testemunhas, sobreviventes e militares nazistas, retrata a criação dos comandos móveis das SS, os Einsatzkommando, que seguiam o avanço dos exércitos alemães na União Soviética e tinham a missão, auxiliados por voluntários estonianos, letões, lituanos e ucranianos, de eliminar todos os judeus nos territórios conquistados. Entre junho de 1941 e o fim de 1943, assassinaram cerca de 2 milhões de judeus – homens, mulheres e crianças – dos países bálticos ao Mar Negro.

Maximiliano Kolbe: mártir da caridade (1991) conta a vida do padre católico franciscano Maximiliano Kolbe, preso pela Gestapo e enviado ao campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, onde foi martirizado ao se oferecer como voluntário para morrer de fome no lugar de um prisioneiro judeu, como castigo pela fuga de um outro cativo, em julho de 1941.

Auschwitz: The Nazis and the Final Solution (2005) é um documentário que conta a história de Auschwitz, por meio de entrevistas com vítimas, guardas e reconstituições de momentos históricos. Da concepção à realização, assassinato em massa, experimentação e, finalmente, libertação e vingança, a série de seis episódios cobre todos os aspectos do infame campo de concentração nazista, onde cerca de 1,5 milhão de judeus foram assassinados.

Conspiração (2001) retrata em detalhes assustadores a Conferência de Wannsee, ocorrida em 20 de janeiro de 1942, quando oficiais das SS, sob o comando do SS-Obergruppenführer (general) Reinhard Heydrich, diretor do Escritório de Segurança do Reich (RSHA), que incluía a Gestapo, a Kripo e o SD, se reuniram para discutir e decidir a chamada “Solução Final” para os judeus.

Anthropoid (2016) é uma reconstrução histórica da Operação Antropoide, quando os soldados tchecos Jozef Gabčík e Jan Kubiš, treinados no Reino Unido, conseguiram executar Reinhard Heydrich, um dos principais planejadores do Holocausto, em Praga, em 27 de maio de 1942.

O coração corajoso de Irena Sendler (2009) é uma biografia histórica de Irena Sendler, assistente social polonesa católica que foi presa pela Gestapo por ajudar cerca de 2,5 mil crianças judias a fugir do Gueto de Varsóvia, entre 1941 e 1943. Em 1965, o Yad Vashem outorgou-lhe o título de Justa entre as Nações e Israel nomeou-a cidadã honorária.

Um ato de liberdade (2008) adapta a obra de Nechama Tec sobre os guerrilheiros Bielski, um grupo de partisans liderado por quatro irmãos judeus bielorrussos, os Bielski, que salvaram cerca de mil judeus e combateram os alemães na Bielorrússia, entre 1941 e 1944. Como Tuvia Bielski afirmou aos seus homens, “salvar um judeu é mais importante do que matar um alemão”.

Fuga de Sobibor (1987) é a reconstrução histórica da fuga do campo de concentração alemão em Sobibor, na Polônia, onde foram assassinados 250 mil judeus. Foi a fuga de prisioneiros de maior sucesso de um campo na Segunda Guerra Mundial, ocorrida em 14 de outubro de 1943. O SS-Oberscharführer (segundo sargento) Gustav Franz Wagner, a “Besta de Sobibor”, fugiu para o Brasil, onde foi encontrado morto, esfaqueado, em sua casa em Atibaia (SP), em outubro de 1980.

O refúgio secreto (1975) é uma adaptação literária ambientada na Holanda, entre 1940 e 1945, e conta a história das irmãs Betsie e Corrie ten Boom, que, por causa de sua fé cristã, decidiram abrigar refugiados judeus e membros da resistência holandesa em um pequeno esconderijo em sua casa, na cidade de Haarlem. Corrie, Betsie e o pai, Casper, que eram membros da Igreja Reformada dos Países Baixos, são honrados como Justos entre as Nações.

É um dever relembrar o Holocausto, que redundou em 6 milhões de judeus mortos na Europa, na louca tentativa engendrada pelos nacional-socialistas alemães de eliminar sistematicamente e em massa o povo judeu

Os falsários (2007) é baseado em uma obra de Adolf Burger e retrata a maior operação de falsificação de dinheiro da história, a Operação Bernhard, realizada pela Alemanha, usando prisioneiros judeus no campo de concentração de Sachsenhausen, na Alemanha, entre 1942 e 1945. Ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2007.

In Darkness (2012) é a reconstrução histórica da vida de um inspetor de esgotos polonês, o católico Leopold Socha, que ajudou judeus durante a ocupação alemã do gueto de Lwów (atualmente Lviv, na Ucrânia), entre 1943 e 1944. Em 1978, Leopold e sua esposa, Magdalena, foram reconhecidos pelo Yad Vashem como Justos entre as Nações.

Vencedor de sete Oscars, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado, A lista de Schindler (1993) é considerado um dos melhores filmes já realizados. Baseia-se no livro de Thomas Keneally, é ambientado entre 1939 e 1945, e conta como o industrial alemão católico Oskar Schindler salvou cerca de mil judeus poloneses do gueto de Cracóvia de serem enviados para os campos de concentração de Płaszów e Auschwitz, levando-os para trabalhar em suas fábricas na Polônia e na Morávia. Schindler foi reconhecido como Justo entre as Nações pelo Yad Vashem em 1963.

Insurreição (2001) é a reconstrução histórica da revolta judaica do Gueto de Varsóvia em abril de 1943, quando, mesmo sabendo que estavam condenados e sua sobrevivência era improvável, 650 membros armados da Organização de Combate Judaica da Polônia (ŻOB) lutaram contra uma força alemã de 3 mil soldados. Foi a maior revolta dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Marek Edelman, o único comandante sobrevivente do ŻOB, disse que sua inspiração para lutar era “não permitir que os alemães escolhessem sozinhos a hora e o local de nossas mortes”. De acordo com o Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, a revolta foi “uma das ocorrências mais significativas na história do povo judeu”.

O diário de Anne Frank (1959) é uma adaptação literária baseada no diário da adolescente judia Anne Frank, escrito quando ela e sua família estavam escondidas da perseguição nazista aos judeus em Amsterdã, na Holanda, entre julho de 1942 e agosto de 1944. Ganhador de três Oscars em 1960, é considerado um dos filmes mais inspiradores produzidos pelo cinema dos Estados Unidos.

É inadmissível a negação ou distorção dos fatos do Holocausto, ou a indiferença da sociedade diante do aumento do antissemitismo no Ocidente

A espiã (2006) é uma ficção histórica baseada em vários eventos e personagens reais, retratando uma jovem judia na Holanda que se torna uma espiã da Resistência, em setembro de 1944, após uma tragédia que a atinge em um encontro com soldados das SS.

O documentário Bombing Auschwitz (2020) acompanha os prisioneiros judeus Rudolf Vrba e Alfréd Wetzler, que, em abril de 1944, escaparam do campo de concentração de Auschwitz e chegaram a Žilina, na Eslováquia, quando ofereceram à resistência judaica um testemunho que revelou todo o horror do Holocausto. À medida que o relato chegou às autoridades dos Estados Unidos e do Reino Unido, a ideia de bombardear o campo foi discutida, levantando uma das mais importantes questões morais do século 20: os Aliados deveriam bombardear Auschwitz e arriscar matar prisioneiros judeus no campo para impedir futuras atrocidades das SS alemãs?

God on Trial (2008) é a adaptação literária de uma obra de Elie Wiesel, que se passa no campo de concentração de Auschwitz, em 1944, quando prisioneiros judeus à espera da morte colocam o Deus da aliança em julgamento. A questão suscitada é se o Senhor Todo-Poderoso quebrou sua aliança com o povo judeu ao permitir que os nacional-socialistas alemães cometessem genocídio contra eles.

Cinzas da guerra (2001) adapta a obra do médico judeu húngaro Miklós Nyiszli, que trabalhou com o SS-Hauptsturmführer (capitão) Josef Mengele, o “anjo da morte”, que morreu em Bertioga (SP), em outubro de 1980; retrata a única revolta conhecida no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, realizada por judeus do Sonderkommando XII, em outubro de 1944.

Nackt unter Wölfen (2015), adaptação literária de uma obra de Bruno Apitz, se passa em março e abril de 1945 e retrata como prisioneiros comunistas, que eram kapos do campo de concentração de Buchenwald, arriscaram suas vidas para esconder um menino judeu polonês órfão, de 4 anos, oriundo de Auschwitz. O filme é baseado na história real de Stefan Jerzy Zweig (não confundir com o escritor austríaco radicado no Brasil).

Filhos da Guerra (1990) é uma biografia histórica do jovem judeu alemão Solomon Perel, entre 1938 e 1945. Tendo a casa atacada por nazistas na Alemanha, ele foge para a Polônia, sendo internado num orfanato dirigido por comunistas soviéticos; quando as forças alemãs invadem a Polônia, ele se junta aos alemães como tradutor, fazendo-se passar por um alemão étnico. Com o tempo, torna-se membro da Juventude Hitlerista, o que o coloca em situações de grande risco pessoal.

Walking with the Enemy (2014) é uma reconstrução histórica baseada na vida de Pinchas Tibor Rosenbaum. Situado em Budapeste, o filme retrata a ocupação alemã da Hungria, em 1944, e a história de um jovem judeu húngaro que se passa por um oficial das SS para resgatar outros judeus do Holocausto, em cooperação com o diplomata suíço metodista Carl Lutz – que salvou 62 mil judeus, na maior operação de resgate de judeus da guerra, e por isso foi reconhecido como Justo entre as Nações pelo Yad Vashem.

Wallenberg: o herói solitário (1985) é a biografia histórica do luterano Raoul Wallenberg, um diplomata sueco que foi fundamental para salvar entre 4,5 mil e 7 mil judeus húngaros do Holocausto, entre julho e dezembro de 1944, e é considerado um dos Justos entre as Nações pelo Yad Vashem. Em janeiro de 1945, durante o cerco de Budapeste pelo Exército Vermelho, Wallenberg foi detido pela Smersh, o serviço de contra-espionagem soviético, e desapareceu. Mais tarde, foi relatado que ele foi morto em 1947, enquanto estava na prisão da KGB, na Lubyanka, em Moscou, na União Soviética. Ganhou quatro prêmios Emmy.

Plan A (2021) é uma reconstrução histórica ambientada em 1945, no pós-guerra, quando um grupo de judeus germano-poloneses, chamados de Nakam (“vingança”), e que eram sobreviventes do Holocausto, planejaram manipular o abastecimento de água potável em Nuremberg, na Alemanha ocupada pelos Aliados, para envenenar a água como vingança pelo Holocausto.

Diante do aumento do antissemitismo por todo o Ocidente, é necessário lembrar do terrível Holocausto judeu, para que ele nunca mais se repita

O documentário The Long Way Home (1997) retrata as condições lamentáveis dos refugiados judeus na Europa ao fim da Segunda Guerra Mundial. Mostra como a emigração para o Mandato Britânico da Palestina se tornou um objetivo para muitos, mas que, com as severas regras de imigração britânicas, frequentemente terminavam detidos em campos de detenção no Chipre, para aguardar relocação. Também apresenta a formação do Estado de Israel, com destaque para os debates na Casa Branca, o papel do presidente dos Estados Unidos, Harry S. Truman, e das Nações Unidas. Ganhou o Oscar de Melhor Documentário em 1998.

Julgamento em Nuremberg (1961) se passa em 1948, quando os processos de crimes de guerra contra as autoridades nacional-socialistas continuavam a ocorrer em Nuremberg. Um juiz aposentado é designado para a tarefa de presidir o julgamento de quatro juízes alemães, acusados de terem usado seus altos cargos para permitirem e legalizarem as atrocidades cometidas pelos nacional-socialistas alemães contra o povo judeu durante a guerra, levantando a perturbadora questão de como os juízes alemães condenaram injustamente tantas pessoas, e como o povo alemão poderia ter ignorado o que estava acontecendo ao seu redor.

O dossiê Odessa (1974) adapta uma obra de Frederick Forsyth. Um jornalista, de posse do diário de um idoso judeu que cometeu suicídio, investiga a reaparição do SS-Obersturmführer (tenente) Eduard Roschmann, que comandou o gueto de Riga, na Letônia, em 1943 e 1944. O jornalista acaba por se defrontar com uma organização de ex-membros das SS, a Odessa, sendo ajudado pelo caçador de nazistas Simon Wiesenthal e pela Mossad. Roschmann acabou identificado e denunciado por um homem que tinha acabado de assistir a este filme no cinema, e acabou fugindo para o Paraguai, onde morreu, em 1977.

O perigo do esquecimento

Diante do aumento do antissemitismo por todo o Ocidente, é necessário lembrar do terrível Holocausto judeu, para que ele nunca mais se repita. Pois, como escreveu Primo Levi, quem nega o Holocausto judeu “é precisamente quem estaria disposto a fazê-lo novamente”.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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