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Cristo como juiz no Juízo Final, em vitral da Catedral de York, na Inglaterra.
Cristo como juiz no Juízo Final, em vitral da Catedral de York, na Inglaterra.| Foto: Wikimedia Commons/Domínio público

Apocalipse 20,1-15 está relacionado com os capítulos anteriores, que tratam do anúncio e da queda da Babilônia (Ap 17,1–19,5), e do juízo de Jesus contra as duas bestas e as forças ímpias do mundo no final da história (Ap 19,6-21). Agora, finalmente, o dragão também será derrubado para sempre. Como resume Simon Kistemaker: “O capítulo [20] apresenta quatro quadros que diferem entre si, porém estão intimamente relacionados. O primeiro [quadro] mostra a prisão de Satanás [20,1-3]. Então, depois de Satanás ser preso, vemos um quadro do que acontece aos santos [20,4-6]. O terceiro retrata a soltura e ruína de Satanás [20,7-10], e o último descreve o Dia do Juízo [20,11-15]. O primeiro e o segundo ocorrem contemporaneamente; o terceiro e o quarto seguem um ao outro sequencialmente”.

“Então vi descer do céu um anjo que tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos. Lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disso, é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo.

Assim como a prisão do diabo é limitada a mil anos, o reinado intermediário dos santos é igualmente limitado.

Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade para julgar. Vi ainda as almas dos que foram decapitados por terem dado testemunho de Jesus e proclamado a palavra de Deus. Estes são os que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam a sua marca na testa e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição. Sobre esses a segunda morte não tem poder; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos.

Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a batalha. O número dessas é como a areia do mar. Marcharam, então, pela superfície da terra e cercaram o acampamento dos santos e a cidade amada. Porém, desceu fogo do céu e os consumiu. O diabo, que os tinha enganado, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde já se encontram a besta e o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, para todo o sempre.

O abismo é uma restrição figurada, pela qual Satanás ficou impossibilitado de pôr em prática sua perversidade que tinha antes de sua restrição.

Vi um grande trono branco e aquele que está sentado nele. A terra e o céu fugiram da presença dele, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, que estavam em pé diante do trono. Então foram abertos livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que estava escrito nos livros. O mar entregou os mortos que nele estavam. A morte e o inferno entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras. Então a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado no lago de fogo.

Estas imagens que João viu em seu exílio em Patmos, que precedem e sucedem a última batalha, parecem ser caleidoscópicas, sobrepostas, tremidas.

A prisão de Satanás

João viu descer do céu um anjo, uma visão cheia de símbolos que ocorre antes da última batalha entre o Messias e seus inimigos na história (Ap 19,11-21). O anjo tem na mão a chave do abismo e uma grande corrente, o que indica capacidade para restringir as atividades do dragão, a antiga serpente (uma alusão ao Éden), Satanás (o “adversário”), o diabo (o “acusador”). O anjo segurou [...] e o prendeu por mil anos. Como escreveN. T. Wright: “A passagem que agora temos diante de nós [...] é a única passagem na Escritura em que um ‘milênio’ é sequer mencionado. Aqueles que buscam interpretações especulativas de profecias, é claro, pegam esses e outros trechos, tiram-nos (geralmente) de seus contextos reais e construíram uma cosmovisão bem diferente, na qual desempenham um papel muito mais importante do que eles têm na própria Escritura”. Se estes acontecimentos ocorrem antes do último combate contra a besta e o falso profeta, então o aprisionamento e os mil anos são a autoridade de Cristo que restringe o diabo de algum modo durante o período após sua morte, ressurreição e ascensão. Esse aprisionamento de Satanás não se refere a uma total cessação das suas atividades. Ele ainda está ativo, mas agora opera sob a restrição da autoridade de Cristo.

O abismo é uma restrição figurada, pela qual Satanás ficou impossibilitado de pôr em prática sua perversidade que tinha antes de sua restrição. Assim, até a hora designada por Deus, Satanás será incapaz de enganar as nações estrangeiras. Portanto, a prisão e a expulsão de Satanás estão relacionadas com a primeira vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em regiões onde foi permitido ao diabo exercer quase que poder ilimitado, durante os tempos do antigo Israel, ele é agora forçado a ver os servos de Jesus pouco a pouco ganhando território. Segundo William Hendriksen: “Num comparativamente breve período, o cristianismo se espalha por todo o sul da Europa. Logo ele conquista o continente. Pelos séculos que se seguem ele é proclamado em todos os lugares [do mundo] de modo que os confins da terra ouvem o evangelho daquele que foi crucificado e muitos dobram os joelhos diante dele. [...] A Bíblia já foi traduzida em [...] [cerca de] 1 mil línguas [e algumas partes foram traduzidas em 3,6 mil idiomas]. [...] Em alguns países, as verdades abençoadas do cristianismo afeta[ra]m a vida humana em todas as suas áreas: política, econômica, social e intelectual”.

Mas no fim da era de mil anos, imediatamente antes da volta de Cristo, Satanás interromperá a pregação do evangelho e lançará uma cortina de ilusão sobre as nações, com o objetivo de preparar o ataque devastador contra o povo de Deus. Portanto, o abismo representa uma esfera espiritual na qual Satanás ainda opera de modo restrito ao longo desta era, e o restringe para que ele não possa fazer o que fez no passado. Ele foi capaz de iludir muitos israelitas no passado, de modo que eles tiveram dificuldade em cumprir sua missão de ser uma luz salvadora para as nações. E a nação permaneceu sitiada pela opressão de nações estrangeiras que tentaram exterminá-la. Essa tentativa de destruir Israel culminou no ataque de Satanás a Jesus. Agora, preso, o diabo não será capaz de deter a pregação do evangelho nem o seu recebimento cada vez maior durante a maior parte da era que precede a volta de Jesus.

Ao fim desta era, o diabo será solto por um pouco de tempo. Portanto, os cristãos precisam ter em mente que a época durante a qual o povo de Deus será capaz de espalhar o evangelho em todos os lugares não durará indefinidamente; nem mesmo até o momento da segunda vinda de Cristo. E não há regiões desta terra, como Sudão, Paquistão, Etiópia, China, Coreia do Norte, Índia, Nicarágua e até mesmo na Europa ocidental e nas costas dos Estados Unidos, que parecem já estar entrando no pouco [...] tempo de Satanás?

O reinado dos santos

De onde vêm os exércitos do céu que seguiam aquele que é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores (Ap 19,14-16)? João viu tronos no céu enquanto ao mesmo tempo Satanás está preso no abismo. E o que acontece no abismo ocorre simultaneamente ao que João viu no céu. E os que estão assentados nos tronos fazem parte do tribunal celestial de Deus, um cumprimento das promessas de que os vencedores exercerão autoridade com Cristo sobre as nações e se assentarão com ele em tronos (Ap 3,21). Esses são os decapitados por terem dado testemunho de Jesus e proclamado a palavra de Deus, que foram martirizados enquanto mantinham sua fé, a despeito de todo o tipo de sofrimentos e perseguições infligidos pelo Estado iníquo. Eles permaneceram fiéis até a morte. E são referidos como almas, para deixar claro que eles ainda aguardam a ressurreição do seu corpo glorificado. O primeiro grupo se refere literalmente a mártires, que são em seguida acompanhados nos tronos pelos restantes dos santos falecidos, os que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam a sua marca na testa e na mão. Esse segundo grupo incluiria todos os cristãos fiéis, quer isso se refira a mártires por causa da fé ou aqueles que sofrem outros tipos de perseguição.

Isso tudo ocorre durante mil anos, que devem ser interpretados simbolicamente, uma referência a um longo tempo. Pois, como N. T. Wright afirma: “João usou todos os tipos de números simbólicos ao longo de seu livro. Seria muito estranho se ele, repetidamente, lançasse um número simbólico e redondo bastante óbvio, mas esperasse de nós que o compreendêssemos literalmente”. Assim, mil significa completude, a duração completa desta era aqui descrita. Aponta para a ideia de uma plenitude de tempo oferecida pela soberania de Deus, ao fim do qual certamente virá a vitória final dos cristãos que têm sofrido. Como Gordon Fee escreve: “João não está nesse momento interessado em um período de tempo como tal, conhecido como ‘o milênio’, embora o termo ‘mil anos’ apareça um total de quatro vezes nessas poucas frases. Em vez disso, os dois parágrafos [de 20,1-6], [e] ambos começam [...] com o verbo ‘eu vi’, são melhor entendidos juntos como um interlúdio entre a derrubada do triunvirato profano [...] delineado na seção anterior (19,11-21), e o julgamento final de todo mal, tanto demoníaco quanto humano, em 20,7-15. [...] Sua intenção geral parece ser uma palavra final de conforto para aqueles que ainda serão martirizados por sua devoção a Cristo, em vez de oferecer lealdade incondicional ao imperador”. E os santos falecidos viveram e reinaram com Cristo durante esse período, ao mesmo tempo em que Satanás está no abismo. A vindicação dos santos consiste na realeza que eles receberam nesse período. Mas apenas os que têm parte na primeira ressurreição vencerão a segunda morte, o juízo de Deus sobre os perdidos, e reinarão com Cristo. Isso significa que os restantes dos mortos, aqueles que não têm parte na primeira ressurreição, são os incrédulos em seu caminho para o juízo eterno.

O Cordeiro reconhece diante de Deus todos que estão inscritos no Livro, e todos identificados com sua justiça, morte e ressurreição, são sua possessão.

O exercício de juízo pelos santos e o fato de reinarem com Cristo ocorrem simultaneamente com a prisão de Satanás. Os santos nos tronos também recebem a felicidade de serem sacerdotes de Deus e de Cristo, de estarem protegidos contra a segunda morte, e de reinarem como reis com ele os mil anos. A primeira ressurreição é a trasladação da alma da terra para os tronos de Deus. É seguida, na segunda vinda de Cristo, pela ressurreição do corpo. Assim como a prisão do diabo é limitada a mil anos, o reinado intermediário dos santos é igualmente limitado, mas é seguido por uma etapa consumada de reinado na eternidade. A primeira ressurreição deve ser entendida como espiritual e a segunda como física. A primeira morte dos santos, que é física, os transfere para a primeira ressurreição no céu, que é espiritual. A segunda ressurreição dos ímpios, que é física, os transfere para a segunda morte, que é espiritual – e eterna. A primeira ressurreição é vivenciada apenas pelos cristãos, enquanto a segunda morte é vivenciada apenas pelos incrédulos. A primeira ressurreição, embora incompleta, inaugura uma ressurreição espiritual que será consumada mais tarde de uma forma física – e que João não chama de “segunda” ressurreição. Assim, é razoável interpretar a ascensão da alma na hora da morte à presença do Senhor como uma forma de ressurreição espiritual, em antecipação à ressurreição física e à consumação da vida eterna, que ocorrerão na volta do Senhor. Como afirma N. T. Wright: “A ressurreição, a eliminação da própria morte, dando ao povo de Deus novos corpos para viver no novo mundo de Deus, é a grande esperança do judaísmo antigo e do cristianismo clássico”.

Mas, segundo N. T. Wright, no que se refere ao período de mil anos, “nesse ponto, acima de tudo [...], não é necessário ser dogmático demais. Devemos guardar as coisas centrais que João deixou bem claras [em Apocalipse]: a vitória do Cordeiro e o chamado para compartilhar sua vitória por meio da fé e da paciência. Deus fará o que Deus quiser fazer. [...] Quem tem a vitória é o Deus criador, que o faz para derrotar e eliminar a própria morte e, assim, abrir caminho para o esplendor da criação renovada. Isso é o que importa”. Pois a confiança dos cristãos é que Deus não esqueceu dos seus! Os santos mártires são homenageados como reis e sacerdotes! Os santos redimidos de Deus experimentarão a primeira ressurreição! Portanto, todo o povo de Deus será feliz e santo e não experimentará a segunda morte!

A derrota final de Satanás

Mas, segundo João, Satanás foi restringido, limitado na sua capacidade de enganar as nações para que juntem forças para atacar e aniquilar o povo de Deus, mas essa restrição é agora removida, e ele liderará um exército procedente de toda a terra, para a batalha. A reunião dessas forças hostis contra o povo de Deus é vista como cumprimento da profecia em Ezequiel 38–39 de que o rei Gogue e [o povo de] Magogue e muitos outros povos se reuniriam para combater Israel. Mas aqui Gogue e Magogue são equiparados a todas as nações em toda a terra. Esses nomes não têm nenhuma relação com qualquer cidade ou país contemporâneo. De acordo com William Hendriksen: “Todo o mundo iníquo perseguirá a Igreja. A perseguição será mundial. [...] O conflito aqui descrito não é entre nações ‘civilizadas’ e ‘incivilizadas’. É, simplesmente, o último ataque das forças do anticristo contra” o povo de Deus. O fato de o número das nações ser, como mencionado, como a areia do mar, ressalta a aparente esmagadora vantagem a seu favor contra os santos. Será que o tempo gasto com especulações de que nações serão Gogue e Magogue não termina por tirar a atenção da centralidade de Deus e de Cristo no Juízo Final e em seu triunfo total sobre todo o mal?

E essas nações marcharam [...] pela superfície [literalmente “largura”] da terra e cercaram o acampamento dos santos, uma alusão ao acampamento dos israelitas no deserto, e a cidade amada[por Deus], expressão usada em referência a Jerusalém. O acampamento dos santos é equiparado à cidade amada, o que enfatiza uma continuidade histórica, e que encontra sua consumação em Apocalipse 21–22. Porém, antes que as nações ataquem os santos, desceu fogo do céu e os consumiu, referência ao episódio do profeta Elias e dos soldados enviados para prendê-lo (2Rs 1,9-17) e, de modo figurado, ao Juízo Final, quando Deus sozinho salvará seu povo ao destruir os seus inimigos. Assim, de acordo com Richard Bauckham: “O objetivo teológico do milênio é unicamente demonstrar o triunfo dos mártires: aqueles que a besta matou são os que de fato viverão – [...] e aqueles que contestaram seu direito de governar e sofreram por isso são os mesmos que, no final de tudo, dominarão tão universalmente quanto ela – e por muito mais tempo: mil anos. Por fim, para provar que a vitória deles no reino de Cristo não pode ser novamente revertida pela impiedade, e que é a última palavra de Deus para o bem contra o mal, o diabo recebe uma última oportunidade de enganar as nações outra vez [...]. Todavia, essa não é uma repetição do governo da besta. A cidade dos santos prova ser inexpugnável”.

O diabo é destacado como aquele que enganou as nações, levando-as a atacar os santos. Portanto, Apocalipse 20,7-10 parece ser uma recapitulação de Apocalipse 19,17-21, o que torna improvável a suposição de que Satanás é lançado no fogo muito tempo depois de seus exércitos. Assim, a besta e o falso profeta foram lançados no lago de fogo e enxofre (Ap 19,20) ao mesmo tempo que o diabo. Os episódios são simultâneos e, assim, os mil anos devem referir-se aos acontecimentos que precedem a batalha final, ou seja, a atual era. Por fim, a trindade satânica sofrerá uma punição eterna, ou seja, serão atormentados de dia e de noite, para todo o sempre.

O dia do Juízo Final

Por fim, João viu um grande trono branco, maior que os demais tronos. O trono branco indica a pureza e santidade do Juiz. O julgamento prestes a vir do trono é da parte de Deus, que julga não apenas para punir pelo pecado, mas também para vindicar o seu povo perseguido, a culminação do governo de Deus no julgamento final no fim da história. O plano de Deus se concretizou e foi completado e todo o mal será derrotado. A terra e o céu fugiram significa que, quando o dia do juízo chegar, a criação divina será afetada de tal maneira que a terra sofrerá uma completa mudança. Eventos catastróficos, de enormes proporções, acontecerão; o céu será enrolado como se faz com um rolo, para dar lugar aos novos céus e à nova terra. O que é descrito aqui não trata de destruição ou aniquilação, mas de renovação da criação. E não se achou lugar para eles se refere à destruição completa de todo o sistema mundial pecaminoso.

O fato de que João viu os mortos, os grandes e os pequenos [...] em pé diante do trono assume que a última e grande ressurreição dos injustos e dos justos ocorreu. A visão de João assegura que o Juízo Final e a redenção última acontecerão. Os registros escritos nos livros, que contêm os julgamentos divinos, referem-se simbolicamente à memória de Deus, que nunca falha. Por outro lado, uma pessoa será julgada e declarada absolvida sobre esta base: se seu nome estiver registrado no Livro da Vida. A pureza desse momento divino final joga luz em meio a tantas visões obscuras e afirma a destruição final do mal. E notem o efeito da presença do Juiz! Como as pessoas ainda fazem piada do dia do juízo? O mar simboliza o domínio do mal. Se é assim, Deus agora força esse domínio maligno, assim como a morte e o inferno [Hades = lugar dos mortos], a liberar os seus cativos para serem julgados. Não me perguntem como isso se dará. Não está em nosso poder saber os detalhes. Somente Deus pode fazer milagres. Nossa preocupação deve ser nos preparar para aquele dia, quando todos estarão de pé para ouvir a palavra do Juiz.

Viver para sempre com o Senhor é a recompensa que ele outorga a seu povo, cujos nomes estão no Livro da Vida.

O fato de que a morte e o inferno [Hades = lugar dos mortos] foram lançados no lago de fogo significa que as forças que imperaram após a primeira morte, a morte física, agora cessam e são substituídas pela punição eterna no lago de fogo (vale de Hinom = Geena). Isso expressa o fato de que os incrédulos, mantidos anteriormente nos grilhões temporários da morte e do lugar dos mortos, serão entregues aos grilhões permanentes do lago de fogo, que é chamado por João de a segunda morte. A realidade do sofrimento da segunda morte é o ser alvo da eterna ira de Deus, ser expulso do acampamento dos santos e da sua cidade amada, enquanto os justos desfrutam das bênçãos de viverem nela. O alerta de William Hendriksen é importante: “Em nenhum lugar em toda a Bíblia lemos que haverá uma ressurreição dos corpos dos crentes antes dos mil anos e outra dos corpos dos não crentes, após os mil anos. Todos ressuscitam ao mesmo tempo. A Morte, a separação de alma e corpo, e o Hades, o estado de separação, agora cessam. Nem no novo céu nem na nova terra nem mesmo no inferno jamais haverá separação entre corpo e alma depois da segunda vinda de Cristo para julgamento. Portanto, [...] a Morte e o Hades [...] são lançados no lago de fogo. E qualquer cujo nome não tenha sido encontrado inscrito no Livro da Vida será também lançado no lago de fogo”.

A nota do Juízo Final soa mais uma vez: se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado no lago de fogo. Apesar da ameaça final, os santos encontram refúgio no Livro da Vida, onde estão escritos os nomes dos eleitos para a fé desde antes da fundação do mundo (Ap 13,8). Os santos são poupados do juízo. Eles não são julgados pelas suas obras más, porque o Cordeiro já sofreu por eles: ele foi morto no lugar dos santos. O Cordeiro reconhece diante de Deus todos que estão inscritos no Livro, e todos identificados com sua justiça, morte e ressurreição, são sua possessão. Viver para sempre com o Senhor é a recompensa que ele outorga a seu povo, cujos nomes estão no Livro da Vida.

Meditemos com seriedade na afirmação de Jonathan Edwards: “Consideremos bem que, se nossa vida não está na jornada rumo ao céu, então está na jornada para o inferno”. Qual relação que você mantém com Deus? Você está em Cristo? Crê em Cristo? Pertence a Cristo? Você tem segurança de que seu nome está escrito no Livro da Vida? Você confia unicamente em Cristo? Sua segurança de ser cristão é confirmada pelas evidências de uma nova vida? Você está pronto a ser martirizado por Cristo? Essas são perguntas importantíssimas! Sua eternidade depende delas – que pode ser uma gloriosa eternidade no céu ou uma eternidade de punição no lago de fogo. Pense com muita atenção. Pense com muita seriedade. Pense agora mesmo sobre essas perguntas. No fim – onde você estará?

“Ó Poderosíssimo Deus e Pai misericordioso, que tens compaixão de todos os homens, e que não desejas a morte do pecador, porém seu arrependimento e salvação. Misericordiosamente perdoa-nos as nossas transgressões; recebe-nos e conforta-nos a nós que estamos entristecidos e mortificados com o peso de nossas culpas. Tua propensão é ter sempre misericórdia; só a ti pertence o perdoar os pecados. Perdoa-nos, portanto, bom Senhor, perdoa ao teu povo, que remiste; não entre em juízo com os teus servos, porém de tal maneira aparta de nós a tua ira, de nós que reconhecemos, humildes, as nossas transgressões e verdadeiramente nos arrependemos de nossas faltas, e assim apressa-te a ajudar-nos neste mundo, a fim de que vivamos para sempre neste mundo contigo no nosso mundo vindouro; mediante Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.”

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