É preciso pensar em soluções de proteção veicular mais acessíveis e personalizáveis, ampliando o acesso a esse setor, especialmente por parte das classes C e D/E, não raramente relegadas a segundo plano pelas seguradoras.| Foto: Jcomp / Freepik
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O Brasil conta, atualmente, com uma frota de, aproximadamente, 60,5 milhões de automóveis legalizados, de acordo com informações da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao mesmo tempo, dados da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNseg) apontam que apenas 30% dos carros que circulam no país têm seguro. Outras pesquisas indicam um percentual até menor.

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Isso se deve ao fato de o mercado de seguros ainda ser, infelizmente, burocrático, engessado – com poucas possibilidades de personalização das soluções, por exemplo – e caro, limitando o acesso a ele. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado para observar tendências de inflação e seu impacto no consumidor final, mostra que o seguro automotivo ficou, em média, 32% mais custoso no Brasil em 2022.

Assim, muitas vezes, por mais que o carro possa ser o bem mais valioso da família, motoristas precisam deixar seus carros desprotegidos. Não por opção, mas simplesmente por não conseguirem arcar com o serviço. O prognóstico, porém, é preocupante.

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Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, quase mil carros foram furtados ou roubados diariamente em 2022, o que dá 41 veículos por hora, aumento de cerca de 12% na comparação com o ano imediatamente anterior. O número de acidentes de trânsito também é bastante alto no país, vitimando fatalmente mais de 33 mil pessoas todos os anos.

Já passou da hora, portanto, de o mercado pensar em soluções de proteção veicular mais acessíveis e personalizáveis, ampliando o acesso a esse setor, especialmente por parte das classes C e D/E, não raramente relegadas a segundo plano pelas seguradoras. Ocorre que elas correspondem à maioria esmagadora do Brasil: 33,3% dos brasileiros estão na classe C, enquanto 50,7% pertencem às classes D/E (pesquisa Classes de Renda e Consumo no Brasil).

E se engana quem pensa que essa parcela da população não está disposta a consumir. O relatório Consumer Insights, da Kantar, pontuou que a aquisição de bens de consumo massivos no Brasil cresceu 2,7% em 2022. A alta foi puxada, principalmente, pelas classes D/E, com crescimento de 5,2% em número de unidades. Nas classes A/B, o crescimento foi de 3,1%.

Está claro que o mercado de seguros auto precisa superar sua imagem de elitista e considerar esse público para o desenvolvimento de novos produtos. Toda inovação aqui é bem-vinda; ninguém escolhe deixar seu carro desprotegido. Aqueles que o fazem, fazem-no porque não têm outra alternativa. Precisamos mudar esse cenário.

*Quézide Cunha é empreendedor e CEO da Loovi.

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