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Guilherme Fiuza: “Estamos vendo as instituições se desmanchando ao vivo”
| Foto: Reprodução Instagram

Em seu novo livro, “Passaporte 2030 – O sequestro silencioso da liberdade”, o jornalista e escritor Guilherme Fiuza examina o processo de erradicação das liberdades que estamos vivendo a céu aberto. O título faz referência à Agenda 2030, o projeto global da ONU para vivermos em um mundo melhor, no qual não teremos nada, não usaremos combustíveis fósseis e comeremos menos carne, mas seremos felizes – nas palavras do autor, apenas mais “um truque da picaretagem contemporânea”.

Faz também referência, é claro, aos passaportes de vacinação impostos á população durante a pandemia de Covid-19 – que pode ser interpretada como pretexto e pano de fundo para um experimento social inédito de controle da sociedade, com o consentimento da própria. Nesta entrevista, Fiuza aprofunda alguns dos argumentos apresentados em seu livro, especialmente em relação à vacina, mas também em relação à cultura do cancelamento e à crescente – e preocupante – partidarização das instituições em ano eleitoral.

- Como você resumiria, para o leitor desavisado, a Agenda 2030, que uniu bilionários e a esquerda progressista?

GUILHERME FIUZA: Agenda 2030 não é nada. É um truque da picaretagem contemporânea. Mas esconde a maior guinada reacionária que qualquer um de nós jamais terá visto, se não for desmascarada a tempo. O pretexto é um conjunto de falsas éticas e falso humanismo, que até um tempo atrás poderia ser só a butique politicamente correta, mas hoje são ganchos para o controle. Já fizeram o teste vencedor na pandemia, com as pessoas sendo tratadas como ratos, com toques de recolher, bordoadas e passaportes infames regidos por qualquer prefeitinho medíocre em nome de falsas diretrizes de segurança sanitária. Quem está no comando é uma congregação de multibilionários, sem escrúpulos e sem doutrina – podemos chamar de Clube de Davos – que perceberam que seria mais fácil do que se imaginava aliciar governos e instituições e mandar em tudo.

- Você já teve sua conta cancelada em redes sociais de forma arbitrária. De que forma se pode limitar o poder das Big Techs de censurar as pessoas, sem que isso represente uma intervenção descabida do Estado nessas empresas? Você defende algum tipo de regulação?

FIUZA: Pois é, não cheguei a ter conta cancelada. Tive um embargo no Twitter e cumpri o rito de perguntar à plataforma qual tinha sido o motivo da desclassificação de determinada postagem. Não responderam nada, só disseram que desbloqueariam se eu apagasse o post. Acabei fazendo isso, reiterando que o critério da plataforma não foi exposto – e o que não é critério, nesse campo de embargos e supressões, é violência. Não vejo regulação estatal que resolva isso. Até porque atualmente a sanha da maioria é regular para calar, como no projeto de criminalização de fake news, que é uma piada de mau gosto. Sem boa-fé, nenhuma legislação é suficiente. É o que acho que está faltando. Sem um ressurgimento da boa-fé como organizadora da sociedade ficaremos de picaretagem em picaretagem em nome das diretrizes da comunidade.

- De forma similar às Big Techs, a grande mídia é hoje dominada por um pensamento único. O que pode ser feito para resgatar a diversidade de pensamento nas redações?

FIUZA: Não vejo como um pensamento. Vejo como uma malandragem mercadológica. O mercado está comprando – por preço bom – afetação de virtude. Todo carreirista e empreendedor oportunista entendeu que se posar de caçador de preconceitos terá lugar ao sol e facilidades nos esquemas. Infelizmente aquela imprensa que era o oxigênio da liberdade acabou. Só nascendo outra.

Todo carreirista e empreendedor oportunista entendeu que se posar de caçador de preconceitos terá lugar ao sol e facilidades nos esquemas

- Ao longo do livro, você faz ataques reiterados ao caráter experimental das vacinas e ao uso da pandemia como pretexto para cercear as liberdades. Sobre as vacinas, como você responderia aos seguintes argumentos:

1) Sim, as vacinas não passaram por todos os protocolos, mas isso foi necessário porque a situação era dramática e urgente, e a alternativa – não vacinar - seria muito pior, com ainda mais mortes e o colapso total do sistema de saúde; e

2) Os casos que você enumera de pessoas que morreram ou tiveram sequelas graves por causa da vacina são impressionantes, mas estatisticamente residuais; pessoas também morrem depois de tomar uma vacina de sarampo, por exemplo.

FIUZA: Não faço ataque nenhum no livro. A nada e a ninguém. Só não me recusei a enxergar o óbvio. É uma afronta à ciência e à medicina realizar uma vacinação em massa sem que se tenha o real balanço de riscos entre a vacina e a doença. É uma completa irresponsabilidade.

Basta dizer que as agências de saúde aprovaram para crianças vacinas de Covid que requerem ainda cinco anos de estudos para se conhecer o impacto cardiovascular no vacinado – conforme admitem os próprios fabricantes. Crianças, que são o grupo etário menos vulnerável à Covid e que têm a vida toda pela frente...

Sendo que doenças como miocardite e pericardite, eventualmente fatais, já estão estabelecidas na literatura médica como consequência das vacinas de mRNA. Quantas crianças, adolescentes e jovens poderão desenvolver essas doenças cardíacas nos próximos anos? Ninguém no planeta Terra tem essa resposta. Portanto não existe o balanço real de riscos entre a vacina e a doença, e isso é um escândalo.

Os dados de segurança dessas vacinas – probabilidade de cada efeito adverso – são uma fantasia. Eu mesmo acompanho um grupo de voluntários para ajuda a vítimas das vacinas de Covid. Só nesse grupo, de quase uma centena de casos – grande parte óbitos - devidamente registrados no sistema VigiMed, quantos foram investigados pela autoridade sanitária, com a devida publicação do resultado de causalidade? Nenhum. Repetindo: nenhum.

Dezenas de pessoas saudáveis e jovens, só nesse grupo, que nunca tiveram problemas médicos e morreram de causas como infarto e AVC após receberem a vacina de Covid – sendo que essas vacinas comprovadamente podem causar ou precipitar infarto ou AVC.

Como medir o alcance de efeitos gravíssimos ou letais sem investigação honesta e abrangente desse universo? Na Inglaterra, o ex-jogador de futebol e ídolo nacional Matt Le Tissier fez apelos públicos para a devida investigação das centenas de casos de atletas que num espaço de menos de um ano, após o início da vacinação de Covid, sofreram mal súbito ou morreram – muitas vezes em campo, diante das câmeras. Quem tem notícia dessa investigação? Ninguém.

Para piorar o quadro, a notificação de efeitos adversos é historicamente uma fração da população realmente atingida, porque a imensa maioria não registra – ainda mais com uma propaganda enganosa chegando por todas as mídias para dizer que são vacinas seguras e que sempre vale a pena tomá-las. Isso é mentira. Uma mentira grave.

Médicos já tiveram contas banidas nas redes sociais por discutir possíveis efeitos adversos da vacina. Isso é um salto no obscurantismo, uma vergonha

Já há ações judiciais contra os fabricantes por não terem dado a devida e ampla publicidade – obrigatória – aos riscos graves conhecidos por eles, como miocardite, trombocitopenia e outros. Por algum mistério talvez não tão difícil de se decifrar, as autoridades de saúde e parte da própria classe médica e da imprensa desistiram de cobrar a ampla publicidade sobre os riscos dessas vacinas, cujas dimensões e alcance não são e não podem ser conhecidos ainda, já que as vacinas estão sendo desenvolvidas diretamente na população mundial, com todo o problema da subnotificação e da censura nas plataformas digitais e mídia em geral.

Médicos respeitáveis e laureados já tiveram contas banidas nas redes sociais apenas por discutir possíveis efeitos adversos. Isso é um salto no obscurantismo, uma vergonha. Quantas pessoas comuns sabem que vacinas de Covid podem matar? Quantas pessoas comuns sabem que vacinas de Covid podem matar pessoas jovens e saudáveis? O que é isso? Uma roleta russa com anestesia mental?

Um dos raros casos em que a mãe da vítima conseguiu ir às últimas consequências para provar que a vacina matou seu filho jovem e saudável, Bruno Graf, já seria suficiente, em qualquer circunstância, para a suspensão de uma vacina que nem impede o vacinado de contrair a doença – a primeira da história. Minha dúvida é se uma vacina que não imuniza pode ser chamada de vacina. O que aconteceu com essa mãe? Foi perseguida, agredida em grandes veículos de comunicação e totalmente censurada nas redes sociais. Quem não suspeita de um contexto assim não está prestando a devida atenção ao problema.

- Sobre a cultura do cancelamento, parece que a lacração virou a razão de viver de toda uma geração, que se dedica 24 horas por dia a ostentar virtude, apontar o dedo, intimidar, perseguir, linchar e esfolar, nas redes sociais e fora delas...

FIUZA: Concordo totalmente. Acho que as consequências já são visíveis, com essa apoteose do narcisismo primário, que quer crescer diminuindo o outro, que quer fingir grandeza dedurando. Esse estado de espírito está na base dos regimes mais desumanos. E tudo se baseia num falso desbunde, numa recauchutagem brega e falsificada da contracultura.

Vejo como o mesmo festival de hipocrisia da questão anterior. Acho difícil acabar bem, porque já foi longe demais. Os autênticos, ou menos suscetíveis às tentações hipócritas, vão precisar se expor mais.

- Você escreve que “a ideia de um país dividido entre direita e esquerda é primária”. Por quê?

FIUZA: Porque esses conceitos são vagos e não representam uma identidade política, nem ideológica. Cada vez que um “direitista” chama o Mark Zuckerberg de “esquerdista” ele ganha 1 milhão de dólares no bom e velho capitalismo, que não é de esquerda. Ele vende esse verniz “progressista”, e a burguesia que compra para se sentir mais sensível e consciente não tem nada a ver com o que seria a utopia esquerdista da revolução igualitária.

Ou seja: direita e esquerda são termos que servem muito mais aos que querem dizer “eu sou o bem e você é o mal”, para um lado e para o outro. Uma penca de “direitistas liberais”, que encheram o saco durante anos pendurados nesses conceitos, fizeram cara de nojo para as reformas liberais do atual governo porque preferiram surfar no antibolsonarismo. São todos viúvas do Muro de Berlim, devotos de uma realidade binária.

Os próprios árbitros da eleição estão fazendo política em desfavor de um candidato, e não pode haver sinal mais perigoso em uma democracia

- Sobre as eleições:

1) Ainda que se possa questionar as pesquisas, Lula tem chances reais de voltar ao poder pelo voto. Como você explica isso, depois de tudo que o Brasil sofreu em um passado recente? A memória dos brasileiros é mesmo curta?

2) Seja qual for o vencedor, como você avalia que ficará a governabilidade em um país ainda mais radicalizado e dividido, no qual metade dos brasileiros odeia a outra metade? Quem perder vai se conformar? Você acredita no crescimento de uma terceira via até as eleições?

FIUZA: Lula é uma miragem. Evidentemente a sociedade não se esqueceu do que ele fez. É inesquecível. O espaço para a reabilitação mágica dele surgiu porque a oposição no Brasil simplesmente desapareceu. Todos preferiram apostar nesse antibolsonarismo pueril, e claro que isso não dá voto. João Dória é o emblema disso. Seria muito importante para o país um candidato real de oposição, capaz de reconhecer os avanços do atual governo e de criticar de forma consistente os erros, mas infelizmente esse candidato não apareceu, nem vai aparecer nesta eleição. Não consigo projetar o pós-eleição porque os próprios árbitros dela estão fazendo política em desfavor de um candidato, e não pode haver sinal mais perigoso numa democracia.

- Você está pessimista ou esperançoso? Como você imagina que o Brasil estará em 2030?

FIUZA: Estou preocupado. Estamos vendo as instituições se desmanchando ao vivo. A Corte Suprema virou um agente político – que nem é sutil, é caricato. Vimos o que aconteceu com as instituições que eram referência de saúde. Na pandemia, a OMS virou uma propagadora de slogans e diretrizes cenográficas. Eu não esperava uma degeneração tão súbita. CEO de farmacêutica ganhando as manchetes para avisar que é recomendado tomar mais uma dose do produto que ele vende. Contando ninguém acredita.

Pessoas que eu respeitava entrando na onda covarde das cartilhas de “desinformação” para atentar contra a liberdade fingindo defendê-la. Juro que não sei onde estava escondida toda essa escrotidão. Ao mesmo tempo esses vilões são fracos, todos eles. Mesmo com toda grana que circula para encorajá-los. Acho que a sociedade sem padrinhos e esquemas está começando a notar isso. Espero que bem antes de 2030 ela entenda que é a imensa maioria e que pode derrubar essa vilania de fanfarra com um peteleco.

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