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Presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA); e a relatora Eliziane Gama (PSD-MA).
Presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA); e a relatora Eliziane Gama (PSD-MA).| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Força Nacional de braços cruzados no estacionamento do Ministério da Justiça enquanto a depredação ocorria no Congresso, no Planalto e no STF; facilitação da entrada de manifestantes nos prédios públicos, a exemplo das gritantes imagens que levaram à demissão do ministro do GSI, Gonçalves Dias; viagens às pressas de Lula no avião presidencial para Araraquara em visita a um aliado político poucas horas antes do caos na Praça dos Três Poderes, retirando-o antecipadamente da cena do crime. Estas são apenas três evidências de inúmeras a revelar a grave omissão do governo Lula nas depredações de 8 de janeiro.

A CPMI criada no Congresso Nacional, apesar de dominada pelo próprio governo e sabotada por sua relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), tem revelado por meio de depoimentos e documentos que o comprometimento de Lula e do ministro da Justiça, Flávio Dino, com o ocorrido em Brasília naquele início de governo é muito maior e mais grave do que se imaginava. Já é impossível negar que, se a Força Nacional e os demais órgãos de segurança federais e distritais tivessem funcionado como deveriam, o 8 de janeiro não teria ocorrido e este artigo não estaria sendo escrito. No entanto, se comprovada, a omissão do governo Lula toma cada vez mais ares de contribuição para o caos.

Onde já se viu quem diz querer investigar e punir culpados, negar acesso ou até mesmo permitir a destruição de provas que supostamente levariam à responsabilização?

Faz lembrar o ocorrido em 27 de fevereiro de 1933, em uma Alemanha onde, há apenas quatro semanas, um novo chanceler havia tomado posse: Adolf Hitler. Naquele dia, um incêndio causado por manifestantes comunistas deixou em ruínas o Reichstag, o Parlamento Alemão, em Berlim. Hitler aproveitou o momento para emparedar o então presidente do país, Paul von Hindenburg, a baixar um pesado decreto limitando as liberdades civis e iniciando um período de repressão, com a prisão em  massa de milhares de opositores. Sem oposição relevante, posto que suas principais lideranças estavam presas ou amedrontadas, Hitler viu-se livre para consolidar seu poder e o resto é história.

Em Brasília, oitenta anos depois, desenha-se o mesmo cenário. Uma depredação criminosa, seguida de uma perseguição política implacável, tem amedrontado a oposição ao petismo, que durante os últimos dez anos manifestou-se de forma pacífica e democrática nas ruas e nas urnas. Após o encarceramento em massa de pessoas que sequer estavam presentes no dia 8 de janeiro em Brasília e as injustiças, censuras e perseguições ameaçadas e cometidas contra aqueles que ousam desafiar Lula e o STF – que tem agido como braço político do PT no Judiciário – a pergunta que precisa ser respondida é: foi omissão ou foi missão cumprida?

As imagens apagadas do sistema de monitoramento eletrônico interno e externo do Ministério da Justiça tornam tudo ainda mais suspeito: se o governo tivesse tanta vontade de investigar o suposto “terrorismo" e "golpe de Estado”, teria providenciado imediatamente a preservação de todas as imagens, a fim de identificar os reais culpados. Enquanto o governo embaraça as investigações da CPMI recusando-se a entregar documentos, cidadãos que foram presos nos dias 8 e 9 de janeiro pedem para que as imagens de todas as câmeras venham a público. Onde já se viu quem foi acusado de depredar pedir que as imagens de suas supostas ações criminosas sejam conhecidas? E onde já se viu quem diz querer investigar e punir culpados, negar acesso ou até mesmo permitir a destruição de provas que supostamente levariam à responsabilização?

Quem não deve, não teme.

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