Não sei se o leitor recorda, mas lá pelos idos de 80 aconteceu um acidente com um avião da extinta Transbrasil. O voo saiu de SP e o seu término seria em Manaus; eu estava na lista de passageiros, mas uns dois dias antes da viagem até Belém, o meu destino, o meu orientador do mestrado, lá em Campinas, ponderou exatamente assim: “Olha, Doralice, que tal apurar mais esses dados antes de passar essa temporada em Belém; deixa pra viajar depois, na outra semana.”. Acolhi a sugestão. Diante de uma ponderação confiável eu fiquei em Campinas e escapei da lista das vítimas fatais; ontem recordei desse fato, prezado leitor, quando soube do recente acidente com o avião da Air France.
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Uma grande viagem à nossa disposição– A vida é, indiscutilvelmente uma viagem maravilhosa e precisamos saber aproveitá-la com intensidade e muito sentido. Devo a minha vida, a partir do fato acima descrito, a um querido professor e também a essa roda que compõe a existência humana; ainda não tinha certamente completado a minha girada total- e continuo girando, girando e girando com a disposição de aprender sempre.
Fatos alegres, meu prezado leitor, têm a capacidade de não nos fazer refletir calmamente sobre as consequências da sua existência, mas as tragédias e as desgraças físicas, materiais e morais causam comoção imediata, embora momentânea, porque se tivessem um pouco mais de duração, talvez não se repetissem.
É possível evitar uma tragédia?
Às vezes dispomos de todos os indícios do que denominamos de tragédia anunciada, mas não costumamos ligar, dar bola para os sintomas – e eis que de repente algo nos assombra, comove, indigna e nos faz agir apressadamente, sem atentar que os indícios já estavam ali, mas fizemos vista grossa a tudo e a todos os alertas.
Tragédias educacionais, por exemplo. Quando a família e o estado não atendem aos sintomas, às doenças mais simples como a evasão, a reprovação e o pouco caso dos alunos ao que lhes é ensinado nas escolas e universidades é provável que logo um pequeno, um médio ou grande colapso venha a acontecer, mas quem liga para os sintomas?
Tragédias no transporte público, colapsos no sistema de saúde pública, na preservação do meio ambiente, no cuidado com os nossos velhos, com a história e a memória de um bairro, uma cidade, um estado, região ou país são comuns, mas por que não são evitadas? Já pensou nisso?
Acidentes acontecem; eles fazem parte da vida, mas geralmente podem ser evitados; é preciso ter olhos abertos e as emoções ligadonas nos sintomas, nas queixas, nas evidências – e manter uma espécie de ouvidoria ilimitada aos reclamos, às observações de quem pode olhar de outro ângulo as situações.
Ontem fui dormir apreensiva; lembrava do acidente aéreo e dos que sofrem com o frio medonho que estamos vivendo aqui no sul e sudeste, mas penso que ainda temos tempo de prevenir acidentes na engenharia social, porque se eles podem ser evitados, as tragédias desencadeadas pela imprudência, falta de cuidado, zelo e prevenção certamente não acontecerão. Sintomas expõem o problema, mas é preciso olhos e mentes abertas para percebê-los e providências para evitar males significativos; veja aqui a reportagem Escola está prestes a ruir em Mangueirinha, de Mauri König(GP, 14 de maio)e tire as suas conclusões.
Quer pensar mais e treinar a escrita?
Proposta 1 – Há algum acidente ou fato coletivo que você recorda ter sido evitado pela precaução e prevenção? Examine a advertência feita pela coluna Entrelinhas( GP, 2 de junho) para fundamentar o seu comentário.
“Brincar nas festas juninas é tudo de bom, mas convém não esquecer dos riscos que representam as fogueiras e os fogos de artifício. A ONG Criança Segura faz um alerta especial sobre a importância de se prevenir a queimadura, quarta causa de morte e de hospitalização por acidentes com crianças de até 14 anos. A ONG lembra que, em 2006, 366 crianças morreram e mais de 16 mil foram hospitalizadas no país, vítimas de queimaduras. As consequências causadas pelas queimaduras podem ser muito graves, principalmente no caso das crianças, resultando em sequelas físicas, emocionais, financeiras e sociais permanentes.”
Proposta 2 – Acidentes ambientais têm comprometido a vida das populações vitimadas; você recorda de um que tenha sido diretamente causador de problemas aqui no Paraná, região ou nos demais estados do Brasi? Comente.
Proposta 3 – No vale-tudo e na relativização dos fatos muitas situações entristecedoras podem ser evitadas; é o caso da ingestão de bebidas alcoólicas entre os jovens, a adoção do fumo e desregramentos inconcebíveis de conduta social. Exemplos: crianças e jovens ignoram atitudes de respeito e consideração aos mais velhos; fumar em lugares fechados; beber e dirigir, entre outras. Você concorda com o vale-tudo de hoje? Argumente.
Até a próxima!
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