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Já tivemos também nossos bons tempos, com os balcões de restaurantes ilustres, como Kan e Nakaba, por exemplo, encantando os clientes pela inspiração momentânea dos sushimen. De repente aquele braço esticado à sua frente oferecia um Chu-torô (o atum gordo), um Sushi de Shirauo (filhotes de enguia), um Niguiri de kani-kama japonês com abacate, Hokkigai (um marisco dos mares do Norte), Unagui (a enguia de água doce), vieiras da Coréia, ouriços e tantas outras iguarias raras que só nos faziam estimular o prazer do paladar.

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Mas essa época e essas ofertas infelizmente minguaram. Por algumas razões que vão desde o tsunami do Japão (que inundou a usina nuclear de Fukushima, contaminando as águas daqueles mares e impedindo a exportação) até a acomodação natural que os rodízios e as esteiras proporcionaram aos restaurantes japoneses. A opção pela quantidade, que é o que mais atende ao desejo do consumidor em geral. E o resultado de casas cheias não sensibilizou mais qualquer mudança nos critérios. À la carte, no máximo combinados, uns temakis e alguns pratos quentes mais populares, como o yakisoba, o tempurá e mais alguns poucos.

Mas se o consumidor comum estava satisfeito, aqueles mais exigentes sentiram o vazio. Que somente era preenchido com viagens a São Paulo (para não nominar destinos mais longínquos no exterior) e a frustração de não poder mais encontrar a mesma disponibilidade próxima de casa.

E foi justamente para preencher esse vácuo que surgiu o Aizu Restaurante. Já a partir do desejo de seu proprietário, o renomado médico Edison Azuma, também por princípio um grande gourmet. E que também agora pode deixar de ir buscar o melhor da comida japonesa fora daqui, pois o que está oferecendo é justamente isso, uma linha contemporânea, que permite viajar sem fronteiras.

Portanto, que não se espere do Aizu um restaurante de rodízios e esteiras. Nem de sashimis de todas as espécies em quantidades astronômicas, que é o que mais se tem por aí. Há alguns, bem poucos e específicos, como o Sashimi de atum selado (R$ 36 o par) e o Sashimi de salmão selado com trufas (R$ 47 o par). Alguns cortes mais finos ganham a terminologia italiana: Carpaccio de salmão (R$ 30), de peixe branco (R$ 30), de salmão trufado (R$ 37) e de polvo (R$ 36). E quando o corte é mais fino ainda, quase papel, quase transparente, é o Ussuzukuri (R$ 56).

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São algumas das entradas, pois ainda há shimeji, shiitake, tartar especial e uma cumbuca com Edamame (R$ 24) na fava.

E voltam os sashimis para o que poderia ser o início do, digamos, prato principal. São cinco fatias de cada pescado – salmão, atum, peixe branco, peixe da estação, vieiras e polvo -, com os preços variando de R$ 34 a R$ 49, conforme a escolha. E há ainda o Sashimi Aizu, com 15 fatias, a R$ 98.

Os sushis vêm em duplas. De atum, salmão, peixe branco, peixe da estação, polvo, lula, vieira, ouriço, enguia, ovas e Dyo de salmão, com valores entre R$ 22 e R$ 35 a dupla. Ainda há os makis (enrolados), os temakis e o que marca como assinatura da casa, o Aizu Stile, duplas de sushi personalizadas que realmente fazem a diferença. No maçarico há o de salmão (R$ 24) e o de atum (R$ 27), levemente chamuscados por fora e crus por dentro. E ainda o de Salmão barriga (R$ 29) e de Salmão trufado (R$ 29), na discreta combinação de ingredientes, que valem também para o de Polvo trufado (R$ 34) e o de Lula trufado (R$ 34). O Dyo com ovas de salmão (R$ 37) e o Dyo de ovo de codorna trufado (R$ 30) são muito especiais, mas o que marca mesmo dentre esses sushis personalizados é o de Atum com foie gras (R$ 37) numa integração de textura e sabor como havia muito não se sentia.

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Para tudo isso que vai chegando à mesa ou ao balcão, nada de embeber no shoyu. Aliás, boa parte disso tudo nem combina com o preparado de soja. E, quando usado, com muita parcimônia. Tanto que a chaleirinha (não encontrei outra denominação) de servir tem um biquinho na ponta, justamente para permitir pinga algumas gotas somente, para não roubar o sabor principal. Também não tem wasabi nem o choga-gari (gengibre em conserva), a não ser que se peça.

As robatas, em forma de espetinhos, trazem variações de shimeji com bacon, salmão com vieiras, aspargos com bacon e queijo coalho com mel trufado, entre outras, com valores de R$ 12 a R$ 32. Os pratos quentes oferecem o Peixe branco ao molho de missô (R$ 69), o Beef Shogayaki (R$ 66) e a dupla de Tempurá de camarão (R$ 44) – de bom tamanho. De acompanhamento, o Gohan (arroz) e o Missoshiro.

As sobremesas são mais simples, com poucas opções. De frutas da estação a Brigadeiro de colher ou Pannacota de banana com calda de goiaba, mas o que dá o toque personal é o Cheesecake de tofu com calda de frutas vermelhas. Imperdível para fechar a refeição.

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Para se deixar surpreender

O cardápio é bem interessante, como se pode observar. Mas o que mais pega em um restaurante desse gabarito é a capacidade de criação do sushiman atrás do balcão. Aquela expectativa à qual me referi acima, deixando o destino por conta de quem vai criar cada capítulo de sua jornada gastronômica. É aí que surgem as ousadias, as surpresas, os sabores inusitados, entre frios, basicamente, mas também entre os quentes que o chef apronta lá dentro, como um tempurá de nori ou de polvo ou uma vieira grelhada.

E para a concepção e execução dos pratos o Aizu apostou no melhor. O comando da cozinha foi entregue ao chef Régis Shiguematsu (que foi chef e sócio do restaurante Nakka, de São Paulo). O sushiman é Billy Tatsushi (ex-Kinoshita e Nagayama, também de São Paulo), que tem sushi até no nome. E quem completa o trio principal é Marcos Furtado, que fez parte da boa equipe do curitibano Kan.

A proposta do restaurante é marcar pelos ingredientes de primeira qualidade. Por isso, além do que costumeiramente é servido nas casas do segmento, há opções de atum gordo (torô), barriga de salmão, pargo, carapau, olhete, lula fresca, uni, vieira canadense, polvo espanhol e merluza negra.

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A carta de vinhos é pequena, mas com boas opções de champagnes, espumantes, vinhos brancos e tintos. Mas o que impressiona mesmo é a carta de saquês, que vai desde o Hakushika tradicional (R$ 43) a algumas preciosidades, até chegar no Oze No Yukidoke Daijinjo (R$ 470).

O resultado final dessa alquimia toda é intrigante, surpreendente e recompensador. Põe de volta Curitiba no eixo da boa gastronomia japonesa, sem dever qualquer favor ao que se oferece lá fora.

Não é barato, como se pode notar – tal qual lá também não é. Mas vale o preço, pela qualidade dos artigos utilizados e pela seleção de todo ingrediente importado a compor cada item do cardápio. É que o curitibano tem o costume de achar tudo caro por aqui e quando sai (para São Paulo, por exemplo) não se importa em pagar bem mais, o preço justo que se cobra por lá. E que hoje, com o Aizu, é quase o mesmo, justamente pelo investimento nos melhores profissionais e no que de ainda melhor eles possam apresentar. Com a diferença de não se pagar viagem e hospedagem. É só voltar pra casa e sonhar com os prazeres da noite.

Ah, sim, de segunda a sexta-feira, no almoço, além do menu à la carte, há também o prato executivo – cortes de sashimi, sushis, prato quente, missoshiru e sobremesa -, a R$ 74,90.

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Rua Senador Xavier da Silva, 19 – São Francisco

Fones: (41) 3043-0420 e 3043-0421

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