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Bodebrown One Millésime 2017, o vinho Gran Reserva que está sendo lançado pela Cervejaria Bodebrown.
Bodebrown One Millésime 2017, o vinho Gran Reserva que está sendo lançado pela Cervejaria Bodebrown.| Foto: Divulgação

Quem sabe fazer vinho nem sempre sabe fazer cerveja. E quem é perito em cerveja não precisa, obrigatoriamente, entender da criação de um vinho.

Mas, de uns tempos para cá, alguns cervejeiros estão indo além dos seus limites e arriscando criar, combinar, fermentar e produzir vinhos. Quais seriam as razões disso?

O mais recente a entrar nesse novo viés é Samuel Cavalcanti, cervejeiro e CEO da Bodebrown, que está lançando um vinho com o objetivo de atrair os apreciadores também para a cerveja.

O argumento dele é interessante: “Quem só bebe vinho e não conhece nossos produtos, ao provar este tinto certamente vai ficar curioso e se indagar: ‘se este pessoal faz um vinho tão bom, e nem é a especialidade deles, imagina como são as cervejas! ’”

Pois é, a Bodebrown, que está há mais de dez anos no mercado e consolidou posição como referência na fabricação de cervejas especiais, está lançando um vinho. E não é de agora, pois vinho não se faz em cima da hora e este começou a ser produzido em 2017, para ser engarrafado e distribuído agora, depois de três anos de fermentação em garrafa.. Só que era segredo guardado a 14 chaves.

O vinho se chama Bodebrown One Millésime 2017. Elaborado no Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, é um Gran Reserva criado com um blend consagrado e complexo: 85% de uvas Tannat, 10% de Cabernet Franc e 5% de Petit Verdot. Possui 14% de graduação alcoólica. A fermentação, contudo, trouxe outra surpresa: recebeu adição de leveduras cervejeiras, além das tradicionalmente usadas em vinhos.

Algumas experiências

E aí me veio uma pista que já tinha sido apresentada e ninguém havia percebido. Eu não, pelo menos. Primeiro vieram as cervejas tipo “sparkling”, ou espumantes. Foi em 2018 e eram três, cada uma melhor que a outra (registrei aqui).

Daí, no ano passado, surgiu uma cerveja de uva, a Brut Sour Blanc. Quer dizer, utilizando o mosto da uva. O uso de uvas típicas dos vinhos brancos confere um sabor diferenciado à cerveja, que é apresentada em garrafas de 750 ml (confira o que escrevi).

A simbiose entre a produção de vinhos e a elaboração cervejeira já havia resultado também numa cerveja igualmente revolucionária, a Bodebrown Grapes Stout, também lançada em 2020. Elaborada com parte do mosto de uvas fermentado com levedura cervejeira e vinífera utilizado no vinho.

Daí, partir para um vinho só poderia ser o próximo passo. Mas não passo em falso, mas firme, com base nas experiências que vinham se desenvolvendo nesses anos todos e que resultaram nos produtos já citados.

Voltemos ao vinho: no olfato é complexo, remetendo a frutas vermelhas, como amoras e cerejas, e ainda figo, ameixa e algumas especiarias, como noz-moscada, pimenta negra e um toque de baunilha. No paladar, é levemente encorpado, untuoso, macio, equilibrado e persistente, com taninos redondos. Possui uma cor rubi marcante.

O Bodebrown One Millésime 2017 custa R$ 249 e já pode ser adquirido no site https://loja.bodebrown.com.br/vinho-bodebrown-2017.

O espumante da Morada

Como eu disse, a Bodebrown não foi a primeira cervejaria a se arriscar na produção de vinho. Outra tradicional, a Morada Cia Etílica, não só produziu, como já foi premiada em concurso nacional de vinhos.

Foi no fim do ano passado e o Bom Gourmet registrou (confira aqui). O Eu Borbulho Branco recebeu o prêmio de melhor exemplar nacional na categoria Espumante Orgânicos/Naturais/Biodinâmicos. Foi na 9ª Grande Prova de Vinhos do Brasil (GPVB).

Provei e gostei. Trata-se de um espumante muito refrescante e agradável, perfeito para os dias de calor como os que estamos ora vivendo.

Enfim, dois exemplos a provar que também sabe fazer vinho quem é especializado na produção de cerveja.

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