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Quem me conhece sabe da paixão que tenho pelas terrinas. De todas as espécies – doces ou salgadas, leves ou encorpadas, tanto faz. Volta e meia me deparo com a receita de alguma nova, com ingredientes ainda não utilizados, e dou um jeito de reproduzi-la o mais cedo possível. E o resultado é sempre muito saboroso.

Bem, antes de mais tudo, vamos definir do que estamos tratando. Quais as diferenças entre terrinas e patês, por exemplo? Patê no sentido original e não na forma como costumamos descrever no dia-a-dia, aquela pasta salgada (algumas excelentes) que costumamos passar no pão ou em torradas.

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O patê vem do francês pâté e, em sua origem, significava uma mistura com base de carne recoberta com massa. Como se fosse o nosso empadão. Com as variações, alguns deles começaram a ser assados sem a cobertura da massa e também deram bom efeito. Como invariavelmente eram levados ao forno em vasilhas compridas e fundas, com tampa, refratárias e geralmente de cerâmicas, chamadas por lá de terrines, incorporaram o nome e espalharam as saborosas receitas pelo mundo.

Há quem veja diferença entre terrina e patê. Dizem ser o patê consistente e de massa uniforme, enquanto a terrina alternaria essa mistura com pedaços da carne principal a denominar o prato. O patê é pastoso, mais homogêneo. A terrina é assada e é fatiada. Dá pra se dizer que terrina não é uma evolução do patê e sim uma forma de preparar. Terrine é o recipiente em que o patê é assado. Pode-se preparar terrina de quaisquer ingredientes, não resultando necessariamente em um patê. Pode-se, por exemplo, preparar uma terrina de legumes e não será um patê.

Bem, seja como for, o que importa mesmo é o sabor dessa iguaria que é um marco da gastronomia francesa. Delicado e profundo, graças ao teor significativo de gordura que contêm e pelo cozimento lento, em banho-maria. Quem não dispuser de uma terrine (as melhores são muito caras) pode utilizar formas de pão ou bolo inglês.

Hoje em dia, a terrina serve de desafio aos chefs desejosos de experimentar novos sabores e combinações. Na sua forma mais rústica e elementar, a preparação da terrina comporta qualquer tipo de carne e diferentes tipos de fígados. Um dos segredos mais importantes é a gordura. Adicionada à preparação, tanto pode ser usada a banha de porco, como o toicinho, o bacon ou o creme de leite com teor significativo de gordura. O tempero é peça chave e pede sabores pronunciados, como a noz de moscada, ervas finas, pimenta caiena, cravo em pó etc. Além disso, a mistura deve ser úmida, para evitar o ressecamento. O suco de limão, o conhaque, os vinhos branco ou tinto, caldos ou cremes e até o molho branco podem ser utilizados.

Salgada e doce

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Minhas ações mais recentes registraram duas terrinas nos eventos de fim de ano. A primeira delas, a Terrina de cogumelos com compota de uva moscatel, encontrei fuçando uma revista Gula dos anos 90, no auge da mais importante confraria gastronômica do Brasil, a Sociedade de Amigos de Babette, baseada em São Paulo e que hoje já nem sei se existe mais. Era para um evento especial (como se todos os eventos daquela confraria não fossem especiais) e uma das entradas foi justamente essa Terrina, misturando três tipos de cogumelos. Não encontrei o caetetuba salmon, teria de ter encomendado antes e decidi fazer em cima da hora. Substituí pelo shimeji, que não deu a mesma cor, claro, e possivelmente também não a mesma consistência. Ainda pretendo fazer com o original, mas, mesmo assim, a terrina ficou muito boa.

Ah, sim, claro que não encontrei a échalote, aquela prima da cebola tão comum na França e em outros países e complicadíssima de vingar por aqui. Substituí por cebolas pequenas, aquelas em formato de peras. Era o que se poderia fazer.

Outro ingrediente que não encontrei disponível foi a uva moscatel para fazer a compota. Fiz com a Thompson rosada e deu tudo certo.

A outra terrina foi para a sobremesa. E foi uma das mais fáceis que já fiz. Não requer prática nem habilidade, está ao alcance de qualquer um, mesmo iniciante na cozinha. A Terrina de frutas leva três tipos de frutas (poderia ser mais, a gosto do freguês, tanto quanto a variação delas) e a gelatina para fazer a base. Recomenda-se gelatina de abacaxi, pela cor, para permitir que as frutas possam ser exibidas lá no interior da terrina.

Peguei na internet e há várias execuções. Portanto, não soube exatamente de onde veio a receita, uma vez que gosto sempre de creditar a origem. Já é de domínio público, podemos dizer.

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Vamos às receitas?

 

Terrina de cogumelos com compota de uva moscatel

 

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Ingredientes

 

Terrina

250g de cogumelos caetetuba salmon

250g de cogumelos shiitake

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250g de champignons de Paris

8 folhas de gelatina sem sabor

3 dentes de alho picados

3 échalotes picadas

3 colheres (sopa) de azeite de oliva

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250 ml de creme de leite fresco

½ maço de salsinha picada

½ maço de estragão picado

Sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto

 

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Compota

1 colher (sopa) de vinagre de vinho branco

1 colher (sopa) de açúcar

500g de uva moscatel

 

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Decoração

Cogumelos pleurotus salmão refogados na manteiga e temperados com sal, pimenta e um pouco de aceto balsâmico

Raminhos de dill (endro)

 

Preparo

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Terrina

Lave todos os cogumelos, seque-os, corte-os em pedaços, descartando os talos e reserve-os, sem misturá-los.

Mergulhe as folhas de gelatina em água, para amolecer, e esprema-as antes de adicioná-las à receita.

Em uma caçarola, doure um dente de alho e uma échalote em uma colher de manteiga. Adicione os champignons, tempere com sal, pimenta e refogue até ficarem macios. Retire, reservando o caldo do cozimento e os champignons separadamente.

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Na mesma caçarola, doure mais um dente de alho e uma échalote em uma colher do azeite de oliva e refogue os shiitakes, temperando com sal e pimenta. Retire e reserve o caldo e os cogumelos separadamente. Repita a operação com os outros cogumelos, usando alho, échalote e o azeite restantes.

Junte o caldo de todos os cogumelos na caçarola, adicione creme de leite, corrija o sal, a pimenta e deixar reduzir por alguns minutos. Acrescente as ervas picadas, deixe por mais alguns minutos no fogo e em seguida junte a gelatina e todos os cogumelos.

Misture delicadamente, passe para uma forma retangular (terrine) e leve à geladeira por 6 a 8 horas até ficar consistente.

 

Compota

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Corte as uvas ao meio, coloque em uma frigideira e deixe macerar no açúcar. Quando o açúcar estiver bem dissolvido, leve a frigideira ao fogo brando, acrescente vinagre e cozinhe até a calda ficar viscosa, na textura do mel. Deixe esfriar.

 

Montagem

Disponha a terrina em fatias nos pratos e, em cima, coloque a compota. Sirva com os cogumelos e os raminhos de dill.

 

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Rendimento: 6 porções.

 

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Terrina de frutas

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Ingredientes

2 embalagens de gelatina sabor abacaxi (60g)

1 xícara de morangos (150g)

½ xícara de mirtilos (85g)

1 xícara de uvas verdes sem sementes (160g)

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Preparo

 

Em uma panela pequena, ferva 250 ml de água. Retire do fogo e junte as gelatinas, mexendo bem até se dissolverem por completo. Então, adicione mais 250 ml de água fria

Umedeça o interior de uma forma de bolo inglês (11 x 21 cm) e forre-a com um saco plástico limpo e seco, de modo que o plástico fique bem rente à forma (o plástico adere melhor à forma quando ela está úmida). Depois, pingue algumas gotas de óleo em uma folha de papel absorvente e unte ligeiramente o plástico.

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Disponha a gelatina na forma e, em seguida, todas as frutas, inteiras e lavadas. Leve à geladeira por 4 horas para endurecer.

Para desenformar, vire a forma delicadamente sobre um refratário. Remova a forma e, começando por uma das pontas, retire o plástico envolto na gelatina, tomando cuidado para não quebrá-la.

Corte fatias com uma faca bem afiada e sirva a seguir.

 

Rendimento: 6 porções.

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