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Apenas uma pequena parte dos 600 funcionários da Pormade, em União da Vitória. (Foto: Divulgação).
Apenas uma pequena parte dos 600 funcionários da Pormade, em União da Vitória. (Foto: Divulgação).| Foto:

Lívia Inácio, especial para a Gazeta do Povo

Foi nos anos 1980 que o empresário Claudio Zini fez uma das viagens mais importantes de sua carreira. Ele visitou companhias no Japão e conferiu de perto os ganhos da chamada administração participativa, implantada na década de 1950 em várias organizações no país. Presenciar experiências de gestão cujas decisões partiam do chão de fábrica transformou sua maneira de guiar a Pormade, empresa na qual ingressou em 1976 e da qual hoje é proprietário. O aprendizado rendeu bons frutos: nesse ano, a companhia especializada na fabricação e venda de portas de madeira e acessórios ocupa o segundo lugar do Great Place to Work na categoria Médias Empresas.

Com 600 funcionários e faturamento anual de R$ 150 milhões, a companhia sediada em União da Vitória é gerida “de baixo para cima”, como Claudio faz questão de frisar. Ali, toda opinião tem seu valor. “A inteligência coletiva é nossa maior riqueza. Muitas vezes se paga uma taxa de ignorância quando decisões autoritárias não levam em conta a sabedoria de todos”, defende.

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Fábrica da Pormade, em União da Vitória, vista de cima. (Foto: Divulgação).

A redução de hierarquias foi o caminho encontrado para estabelecer uma ordem que levasse em conta a opinião e o posicionamento de pessoas em diferentes funções. O organograma é atualmente composto apenas por diretores, coordenadores e colaboradores, o que tornou a gestão mais aberta e livre. Escolhas importantes ocorrem em cada uma das três esferas. “Se alguém cria uma maneira nova e mais eficaz de fazer suas tarefas, não encontra resistência para testá-la e tem total abertura para debater o método entre seus pares mesmo”.

Mas e quanto ao risco de errar? Claudio admite que pode ser que alguma proposta falhe, mas defende que o bônus é sempre maior quando mais gente se sente livre para se lançar em apostas “Quando está todo mundo raciocinando junto, temos mais chances de acertar”, diz.

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A confiança que gera bons resultados

No ambiente corporativo, uma boa relação de confiabilidade é fundamental, sobretudo em um espaço no qual as pessoas têm ampla liberdade e poder de decisão. É por isso que a Pormade busca reforçar o sentimento de pertencimento. E a empresa faz isso com ações bem criativas, como a “cantina da confiança”.

Ela oferece frutas, bebidas e pode até se parecer com uma cantina comum, mas não é. Primeiro, por não ter atendente. Então, como é que faz para pagar a conta? É exatamente essa a questão. O funcionário pega o que quiser e deposita o valor em uma caixa. Vai da consciência de cada um não levar nada fiado.

O bem humorado voto de confiança da empresa é um exemplo da segurança que a Pormade tem em seu time. Cada um se sente um pedacinho de um contexto amplo e está sempre inclinado a oferecer seu melhor, desenvolvendo um senso de propósito e importância. “Em um  mês de casa, a pessoa já está completamente feliz e integrada”, diz Claudio.

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Quando ensinar é também aprender

Por acreditar no potencial de suas pessoas e prezar pelo desenvolvimento delas, a Pormade investe muito em educação. A empresa, que, desde 2003, vem recebendo sucessivos prêmios por suas políticas de gestão,  possui um centro especial de treinamento, o Centro de Desenvolvimento Humano Pormade (Cedehep). Por meio dele, são ofertados cursos em diversas áreas e até educação básica.

O Cedehep também oferece subsídio para  graduação e pós, além de formações abertas aos familiares dos funcionários. Esse tipo de suporte promove o crescimento profissional, a ampliação de horizontes de carreira e o estímulo ao nascimento de propostas para alavancar a organização. Resultado: altos níveis de satisfação e, consequentemente, de produtividade.

Um dos diferenciais da estratégia de educação da Pormade é instigar o interesse pelo conhecimento. Todo mundo sabe alguma coisa que teria orgulho em poder repassar. Todo mundo tem também muito ainda o que aprender. A empresa aproveita essa via de mão dupla para elaborar outro incrível projeto também desenvolvido no Cedehep.

Acontece assim: abrem-se inscrições para quem quer oferecer algum minicurso ou palestra sobre algo de que gosta ou em que tenha interesse. A cada semana, um funcionário se apresenta. A comunidade externa que quiser assistir paga R$ 10 pela aula. Se o aluno for da companhia ou familiar de alguém de lá, recebe R$ 10 reais para ver – ou seja, sai ganhando duas vezes. O dono do curso leva R$ 50.

Pesquisas têm mostrado que, mais do que promover o ensino, uma empresa precisa ouvir suas pessoas e aprender com elas. Na Pormade, essa troca é uma realidade. Não por acaso, ela é tão querida pelos seus funcionários e frequentemente está na mira de quem estuda políticas de Recursos Humanos.

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