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Foto: Priscilla Fiedler
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Inaugurada em 1991, a Rua 24 Horas é um dos principais pontos turísticos de Curitiba. Por vários anos, a rua-galeria atraiu curitibanos e turistas até ser completamente fechada, em 2007, para reformas. Quatro anos depois, no final de 2011, o cartão postal curitibano abriu as portas com uma nova cara, mais dinâmica e, por que não, mais saborosa devido ao perfil mais gastronômico adotado na nova fase.

Um dos responsáveis por essa reinvenção da Rua 24 horas é o empresário curitibano Luiz Breda, sócio do Grupo Bávaro.  Nascido e criado na região, Breda vivenciou o auge da rua nos anos 1990 e diz que sempre acreditou no potencial do local. Breda começou a operação na rua com uma franquia de sucos que não engrenou. Persistiu e criou a Bávaro, choperia e hamburgueria que é o carro-chefe do grupo. Hoje, o grupo comanda seis das 14 operações da Rua 24 horas, cinco delas próprias, e movimenta o local com uma série de eventos gastronômicos como os festivais do Bacon, da Cerveja, do Risoto e do Fish n’ Chips.

Como nasceu o Grupo Bávaro? Foi a sua primeira experiência empreendedora?

A história que minha mãe conta é que desde os sete anos de idade eu levava canetas extras para escola para alugar para os colegas e sempre voltava com moedas para casa. Aos 19 anos, comecei a vender produtos no Mercado Livre, entre eles camisas sociais. Já na faculdade de Engenharia de Produção, tive a sorte de fazer estágios na ONG Aliança Empreendedora, na logística da montadora francesa Renault e na Construtora Thá. Conheci pessoas incríveis e várias formas de organização de trabalho. Paralelo a isso, continuava vendendo produtos pela internet, pois era uma oportunidade de negócio para mim naquele momento.

Com 25 anos, fui promovido de estagiário a gerente de vendas online da Thá. Comecei com uma equipe de três pessoas com vendas online e quando deixei a empresa, três anos depois, já eram 56 pessoas sob minha gerência, com valor de R$ 100 milhões em vendas no período e dois prêmios de melhor conversão de vendas do Brasil dentro do Grupo Lopes, que adquiriu o braço de vendas da Thá.

Mas com as constantes altas do dólar e forte concorrência, vender produtos pela internet se tornava cada vez menos interessante e as margens sempre encolhendo. Na Construção Civil, relatórios de 2009 e 2010 davam conta de que o mercado estava saturado. Foi aí que em 2011 resolvi diversificar e abrir uma franquia na Rua 24 Horas para conhecer melhor o ramo de gastronomia.

Por que a escolha da Rua 24 horas para abrir um negócio?

Sempre morei na região. Nasci e fui criado na Rua Lamenha Lins e acompanhei o auge da Rua 24 Horas, na década de 1990. Era a primeira rua 24 horas da América Latina, recebia turistas do mundo todo. Era fácil encontrar noivos fazendo fotos de casamento lá. O local era escolhido para as mais variadas celebrações na cidade.

Então, eu sempre acreditei no potencial do ponto, pois além de toda essa identidade, ele está entre o Centro e o Batel, cercado por comércios, serviços e vários hotéis. Além disso, eu tinha como exemplo o centro de São Paulo, que se reinventou nos últimos anos, recebendo ótimos bares e restaurantes que foram para região aproveitar a localização privilegiada.

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Você começou com qual operação e como decidiu trazer outras para o mesmo espaço?

Comecei com uma franquia chamada Sucos Wing. Nós ficamos cinco anos com essa marca e foi um aprendizado enorme, pois fomos o primeiro franqueado deles e nos envolvemos em todos os processos. O projeto não veio pronto, foi construído a quatro mãos, o que nos aproximou muito do empresário William Wing. Mas os resultados não foram bons, tivemos cinco anos de faturamento baixo. O bom empreendedor tem que ter resiliência e capacidade de leitura do seu negócio para entender o que não funcionou e porque não funcionou.

Entendendo as limitações de produtos da franquia, ampliamos e criamos o Bávaro, carro-chefe do grupo hoje. Depois veio o Pezzo, que tem buffet por quilo no almoço e pizzas e happy hour à noite. Com o fim do contrato com a Sucos Wing, criamos nossa marca própria chamada Fresh Juice para suco e alimentação natural. Em seguida, adquirimos nosso vizinho, a casa de massas Prinzen com nicho já bem definido. A sinergia entre as duas lojas [Prinzen e Pezzo] nos possibilitou redução de funcionários e potencialização nas vendas e foi um grande salto para o grupo.

Nos últimos 12 meses, criamos mais duas marcas, o James Hill Sanduíche Company focado nos estudantes da região e o Açaí All Inclusive entendendo a demanda crescente pelo açaí em Curitiba e que, ao tirá-lo do Fresh Juice e ter uma loja específica de açaí, as vendas seriam potencializadas, principalmente por meio de aplicativos como ifood e Rappi.

Como foi feita a escolha pelos tipos de lojas e produtos ofertados?

Pela demanda. Estudamos muito o que o público da região busca e o que é oferecido. Em um segundo momento, chegamos ao resultado dessa pesquisa e criamos marcas alinhadas a elas. Hoje, do salmão ao prato feito, do sanduíche de costela à carne de onça, do chopp ao suco detox, temos mais de 400 itens segmentados em seis marcas. Isso nos ajuda muito, pois sempre teremos um consumidor para nossos produtos. Além disso, é extremamente positivo para os clientes, que encontram um grande leque de opções na Rua 24 Horas.

Por que apostar em tantas operações e não somente em uma?

Essa estratégia nos possibilitou segmentar as lojas em diferentes nichos. Atendemos públicos diversos, que dificilmente atingiríamos com uma operação apenas. Nossas lojas conversam com executivos, estudantes, pessoas que querem curtir o happy hour, turistas, amantes do futebol e, até mesmo, quem só estava de passagem pela Rua 24 Horas e resolveu pegar um lanche rápido para comer no caminho de sua próxima parada. Para cada um desses públicos, desenhamos uma marca para atender suas expectativas de forma mais assertiva e flexível.

Qual das operações é o carro-chefe do Grupo?

Hoje, nosso carro-chefe é o Bávaro, que se transformou na choperia oficial da Rua 24 Horas. Nessa operação é possível encontrar cervejas artesanais, chopp gelado e chopp submarino. Servimos, também, o chopp Maracanã, servido em uma caneca de 1 litro, uma tradição presente na Rua 24 Horas há mais de 20 anos e que nós tivemos o carinho de reeditar. Além disso, a operação tem um cardápio ideal para happy hour composto com vários itens da cultura culinária paranaense. No Bávaro, é possível comer, entre outros, carne de onça, linguiça Bisineli e hamburgueres artesanais. Esse DNA local faz do Bávaro nosso carro-chefe.

Como tem sido a operação das lojas na Rua? Quais os aprendizados?

Nós aprendemos todos os dias. Precisamos nos adaptar ao clima. Cada mês em Curitiba tem sua particularidade, principalmente quando pensamos na montagem dos cardápios. Chega uma semana de calor, que você resolve fazer um festival de chopps, daí no dia seguinte chove muito e a temperatura desaba. Ou preparamos um festival de sopas e o sol aparece. Ou seja, Curitiba nos obriga a ter ainda mais atenção com o dia a dia dos empreendimentos.

Além disso, tem toda a complexidade de administrar lojas no segmento da gastronomia. Mas garanto, tudo parte da organização. Neste ano, vamos inaugurar uma central de produção para centralizar as compras e minimizar os desperdícios. Semanalmente me reúno com os meus gerentes para traçar planejamentos e evoluir processos de rotina de bares e restaurantes.

Existem muitos restaurantes que quebram, por exemplo, por comprar ingredientes demais, que estragam e são desperdiçados. É fundamental saber tudo o que entra e sai da cozinha, quais são os ingredientes mais usados e quais não precisam ser comprados com tanta frequência. Acredito que um dos segredos do sucesso de qualquer empreendimento gastronômico está no planejamento da cozinha.

A Rua 24 Horas tem um perfil próprio. Há uma estratégia diferenciada para operar ali?

A rua abre 365 dias por ano e tem um grande mix de lojas. Ou seja, é preciso pensar sempre estrategicamente para ser competitivo. A demanda é muito grande nos feriados nacionais, período em que recebemos turistas de todo país. Qualquer turista coloca a Rua 24 Horas em seu roteiro curitibano. Ou seja, nessas datas estamos com nosso público garantido, então o grande desafio é desenvolver ações para trazer o cliente curitibano para conhecer ou redescobrir a rua e conhecer nosso portfólio.

O Grupo Bávaro contribuiu para a reinvenção da Rua 24 horas, um dos principais pontos turísticos de Curitiba?

Nós temos uma parcela sim, principalmente por desenvolver ações pensando em novos públicos. Realizamos, por exemplo, festivais gastronômicos mensais que chamam a atenção dos curitibanos e são um grande sucesso. Já tivemos festivais da picanha, do bacon, do risoto e, até mesmo, do fish n’ chips. Mas com toda certeza a soma produtiva de lojistas com a concessionária está dando muito certo, contribuindo para essa reinvenção do espaço.

Qual é o porcentual de crescimento do Grupo nos últimos anos? E a projeção para este ano?

Não trabalhamos com valores, mas com a abertura da central de produção esperamos crescer 15% em 2019. Além disso, estamos preparando a abertura de uma nova operação.

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Qual a estratégia para manter-se atual perante o público?

Acredito muito em ações criativas, nos festivais e no uso lúdico da gastronomia. Dessa maneira, conseguimos dar ao público várias formas para ele apreciar sua comida favorita. Um exemplo é o Festival do Bacon, que neste ano terá sua terceira edição. São mais de 15 pratos inusitados com o ingrediente, que atraem milhares de pessoas.

Ao se colocar atento para ampliar o negócio, buscando novas oportunidades, são sempre na área do entretenimento e alimentação?

Nem sempre, pois procuramos estudar os mais variados segmentos econômicos. A veia da venda na internet está presente em mim ainda e podemos voltar a atuar nesse segmento em breve.

Tem mais expansão prevista para o Grupo na Rua 24 horas ou, então, fora dela?

Em 30 dias, abriremos nossa loja com marca própria de açaí. Um espaço bem conceitual dentro da Rua 24 Horas. Além disso, a partir de 2020 começaremos a expansão de nossas lojas para outros pontos de Curitiba, com foco principal em lojas de rua que atendam os conceitos de nossas marcas.

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