Colheita de soja, um dos principais produtos de exportação do Paraná| Foto: Michel Willian/Arquivo/Gazeta do Povo
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Projeções recentes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), órgão similar naquele país, mostram que o Brasil tem grande espaço para avançar na exportação dos produtos agrícolas nos próximos dez anos, sobretudo com grãos e pecuária. E o Paraná, grande exportador de soja, milho, aves e suínos pode ser um dos maiores beneficiados com o cenário positivo.

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De acordo com as estimativas, o Brasil pode aumentar na década suas exportações de milho em 45,8%, de soja em 36,2%, de carne suína em 44,4% e de aves em 43,6%.

Iniciativas paranaenses devem fazer o estado avançar em boa parte desta fatia. Uma das principais vem do cooperativismo estadual. Neste ano, o sistema Ocepar lançou oficialmente um planejamento estratégico e conjunto das cooperativas que concentra investimentos no campo com o objetivo de elevar o faturamento do agronegócio paranaense a R$ 200 bilhões até 2029 – hoje, as cooperativas do estado faturam pouco mais de R$ 115 bilhões por ano.

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Com o Plano Paraná Cooperativo 200 (PRC 200), 217 cooperativas paranaenses devem investir mais de R$ 30 bilhões até 2026 na industrialização da produção, de olho na perspectiva favorável para a exportação. E a maioria dos complexos suíno e aves. “Podemos dizer que quase dois terços dos investimentos serão direcionados à agroindústria, quase um terço à infraestrutura, como armazenagem, e o residual à automação e tecnologia”, disse ao Paraná S.A. o presidente da Ocepar, José Roberto Ricken, em entrevista sobre o planejamento estratégico.

Em 2021, o Paraná tem sido um dos estados que mais investe em seu agronegócio. De acordo com números do sistema cooperativista e do Mapa, o ano deve fechar com um total de R$ 4,2 bilhões aplicados no campo. Boa parte, nas produções que devem levar ao aumento das exportações nesta década: R$ 787 milhões na suinocultura, R$ 731 na avicultura, R$ 518 milhões na indústria da soja e R$ 8 milhões na do milho.

O aumento dos investimentos é fundamental para que os estados aproveitem as oportunidades de negócios que deve surgir, apontam especialistas.

Outro ponto que pesa a favor do Paraná é o novo status de área livre de febre aftosa sem vacinação, reconhecido pela comunidade internacional em maio deste ano. O controle da doença bovina sem necessidade de vacinação dos rebanhos é considerado uma boa prática sanitária e tem seus efeitos em outras culturas. O estado deve ter sua suinocultura beneficiada.

Os efeitos dessa elevação de patamar devem começar a ser sentidos no ano que vem. Hoje, o estado tem suas carnes barradas em diversos países. Com esse reconhecimento, o Paraná passará a ter acesso a mercados que pagam mais, como Japão, Coreia do Sul e União Europeia. A carne suína paranaense é enviada, atualmente, para Singapura, Hong Kong, países africanos e sul-americanos.

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“O impacto comercial maior para o Paraná se dará no setor de suínos, que é onde o Estado é forte e tem volume suficiente para disputar grandes mercados, mas também abre portas para exportação de carne bovina e lácteos”, disse em maio à Gazeta do Povo Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, cooperativa produtora de suínos e interessada em ingressar nos novos mercados.

A entrada dos produtos paranaenses na União Europeia é essencial para que o estado aproveite as oportunidades levantadas pelo Mapa e USDA. De acordo com os órgãos, a demanda nos países europeus deve se elevar nos próximos anos, bem como na China, país que já é uma espécie de “parceiro natural” comercial do Paraná, sobretudo na compra de soja e milho.