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Paulo Briguet

Paulo Briguet

“O Paulo Briguet é o Rubem Braga da presente geração. Não percam nunca as crônicas dele.” (Olavo de Carvalho, filósofo e escritor)

Regime PT-STF

Fiat Fux: a anulação de uma farsa

Fux vota por anular processo contra Bolsonaro e réus do suposto golpe, divergindo de Alexandre de Moraes no recebimento da denúncia. (Foto: Rosinei Coutinho/STF)

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Eis que, na Babilônia dos dias de hoje, onde a lei se dobra como junco ao ditame dos ventos, o juízo sobre o servo do povo, outrora soberano, avançava como um rio de lodo. E aqueles que se sentavam nas cadeiras do alto tribunal, os príncipes do juízo, em sua maioria, já haviam inclinado suas cabeças, concordando com a sentença que fora lavrada antes mesmo de os fatos se revelarem.

No entanto, um dos juízes, de nome Fux, levantou-se em meio à sessão, e a sua voz outrora suave, para surpresa dos arautos, tonitruou. E ele disse: “Não vos é lícito julgar este homem, pois a vossa alçada não alcança os que já não estão em seus postos. E a vossa corte, que não é a plenária, não pode se sobrepor à plenitude do juízo.”

Ele falou então com a força que vem dos livros antigos, citando as leis que, em tempos passados, eram observadas por todos. E disse que os homens que estavam sendo julgados não tinham mais a prerrogativa do foro e, portanto, a jurisdição régia sobre eles havia cessado, tornando os autos do processo em pó. E, ao final, declarou: “Nulos são todos os atos praticados.”

Essa palavra de Fux desnudou a iniquidade que se ocultava sob o manto da justiça. Pois, como vós sabeis, meus amados sete leitores, não é de hoje que esta causa se mostra uma farsa. É a mesma farsa que este escriba já havia denunciado em muitas cartas, comparando-a aos julgamentos de Moscou, onde a sentença vinha antes da prova e a justiça se tornava apenas teatro.

Também este escriba havia desvelado como a delação de Cid, o Cordinha, foi extraída com ameaças, tornando-a nula perante a lei dos homens e, mais ainda, perante a Lei de Deus. E já havia revelado o que lhe dissera um velho advogado: que a prática se inverteu, e primeiro se decide o culpado para depois se caçar a prova, como se a caça fosse a própria prova.

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Um juiz não pode ser investigador, nem a acusação pode ser feita com um roteiro de ficção, em que a fábula se faz alicerce da justiça.

E, se o julgamento de Bolsonaro e dos demais for anulado, conforme a palavra de Fux, será um grande sinal. Porque a verdade, assim como a luz do sol, sempre encontra uma fresta para se manifestar.

Talvez o julgamento não se conclua, e a história dos homens lembre-se disso. E talvez os livros de história, daqui a cem anos, não falem de justiça feita, mas de um verdadeiro golpe — que não foi dos acusados, mas dos próprios juízes contra a lei —, e que poucos homens, em meio a tantos que se curvaram, tentaram dizer a verdade.

Ademais, não deve ter sido por acaso, mas por obra do Altíssimo, que um irmão se achegou a este cronista, que rezava no Santuário alguns dias atrás, soprando-lhe aos ouvidos as palavras do profeta:

Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo e amargo o que é doce!
Ai daqueles que são sábios aos próprios olhos e prudentes em seu próprio juízo!
Ai daqueles que, por uma dádiva, absolvem o culpado e negam justiça àquele que tem o direito a seu lado!

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